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A cor esverdeada que assombrava o Rio Alva deu o sinal de ALERTA a um grupo de estrangeiros. Locais associaram-se à causa com aquele nome e todos juntos preparam-se ...

Associação “ALERTA” para ameaças ambientais

…para nos dias 12 e 13 de Julho efectuarem uma limpeza no rio onde Arlette Graven não se atreve a entrar quando tem espuma. A Associação apela à participação de voluntários.

Imagem vazia padrão“Este planeta não nos foi dado pelos nossos pais, mas antes foi-nos emprestado pelos nossos netos”. Este é o lema adoptado pela associação ambiental ALERTA que nos dias 12 e 13 de Julho vai passar da teoria à prática e dinamizar uma limpeza – recolha de resíduos não orgânicos – no Rio Alva.

 Foi, essencialmente, a poluição que afecta o Rio Alva que levou, em 2007, à constituição da ALERTA por um pequeno grupo de holandeses e uma alemã a que se associou uma dezena de habitantes da região da Beira Serra. “Percebemos que havia um problema com o rio. Falámos com outras pessoas e todas concordaram de que a situação não estava bem e mostraram-se preocupadas”, referiu ao Correio da Beira Serra, Arlette Graven, uma das fundadoras da associação, sublinhando que “a voz de um grupo de 300 pessoas faz mais eco do que a de uma só pessoa”.

Não é, contudo, com o apoio de 300 pessoas que conta a ALERTA. “Os órgãos são constituídos por 15 pessoas e temos até agora 30 associados”, lamentou a também directora da associação, na expectativa de que aquele número aumente e a estrutura alcance “uma maior credibilidade”. É que o objectivo é poder mostrar trabalho feito para que a ALERTA possa vir a beneficiar de alguns apoios. “Até agora trabalhamos unicamente na base do voluntariado”, contou Arlette Graven, sublinhando como positiva a postura das câmaras municipais de Arganil e Oliveira do Hospital que se mostraram disponíveis para apoiar a iniciativa de limpeza do rio, ao contrário das congéneres de Seia e Tábua.

Radicada em Portugal há já 21 anos – primeiro em Vila Cova de Alva e agora em Digueifel – Arlette Graven fala de um aumento significativo da poluição. “Há 20 anos não havia poluição. A população não aumentou, mas há mais fezes nos rios porque os químicos domésticos matam os micróbios responsáveis pela limpeza da água”, referiu, ao mesmo tempo que alertou para os cuidados a ter nas práticas domésticas, aconselhando a um cuidado especial no uso de determinados detergentes. “É ridículo algumas pessoas usarem lixívia para limpeza, porque não se trata de um detergente, mas de um desinfectante”, frisou, sem deixar de realçar a importância de separação dos lixos domésticos.

Com um passado ligado ao mar, a directora da ALERTA revela-se apaixonada pela água embora agora se cinja à que corre no leito do rio. Mas, o que fazia há 20 anos atrás,não se atreve a fazer agora. “Antes, no Verão, entrava na água todas as manhãs. Hoje não faço isso, porque quando há espuma no rio não é bom sinal”, contou, lamentando que o rio se esteja a degradar. Imputa sobre as empresas, autarquias e autoridades a responsabilidade pelo estado em que se encontra o rio, quer pela descarga de águas residuais e outros detritos, quer pela inércia na aplicação de coimas.

A poucas semanas da tão desejada limpeza do Rio Alva, as inscrições de participação continuam a ser reduzias. Até ao momento estão inscritas apenas 15 pessoas, embora a associação espere poder vir a contar com mais voluntários. A associação Transerrano também já deu como certa a sua colaboração na acção que conta ainda com o apoio da embaixada holandesa. De lamentar que a fraca participação também possa limitar a iniciativa. “Com pouca gente só podemos limpar algumas zonas”, referiu, contando que a limpeza vai privilegiar as zonas envolventes às praias fluviais, ao longo dos concelhos de Arganil e Oliveira do Hospital.

“Toda a gente diz: não fui eu”

Imagem vazia padrãoA acção de limpeza marcada para 12 e 13 de Julho dá inicio a um conjunto de actividades que a ALERTA pretende accionar no terreno. O reduzido número de sócios é limitador da actuação da associação. Mas a convicção é de não cruzar os braços, mas antes de “abrir os olhos às pessoas”. “É incrível que ninguém perceba que estamos a destruir o que o planeta nos dá. Usamos tudo e deixamos os nossos netos sem nada” sustentou Arlette Graven criticando a prática generalizada de todos se tentarem desculpabilizar. “Toda a gente diz: não fui eu”, acrescentou, imputando culpas ao governo pelos problemas ambientais. “Para o governo e para os ricos só importa a economia e não a natureza”, criticou.

A directora da ALERTA posiciona-se também em desacordo com a verba que vai ser gasta com o traçado do IC6, por considerar que seria mais viável a aposta numa rede de transportes públicos. “Eu ando de carro porque não há um autocarro”, confessou, ao mesmo tempo que criticou a compra excessiva de automóveis e o número cada vez maior de pessoas com carta de condução. É com base nesta teoria que a ALERTA está a estudar uma outra iniciativa que assenta num sistema de “boleia”. “Para além de reduzir a poluição e o gasto de combustível, contribui para o convívio entre as pessoas que são cada vez menos flexíveis”, explicou.

No âmbito das palestras que a associação ambiental tem vindo a dinamizar, brevemente terá lugar uma outra sobre construções mais ecológicas e reutilização do entulho. Para o efeito, a associação vai contar com a prestação de uma engenheira oliveirense. Sublinhe-se que nas anteriores palestras foi importante o contributo de uma farmacêutica de Coja.

Aos 49 anos de idade, Graven confessa-se determinada em proteger o ambiente e – segundo a própria – na sua casa é a primeira a pôr em acção as boas práticas ambientais. A habitação foi projectada a pensar no ambiente, com o objectivo de reduzir o impacto na natureza, com uso de colectores de energia solar e de grandes vidraças para a entrada da luz natural. Para além disso, garante só comprar produtos amigos do ambiente. “São mais caros e difíceis de encontrar no mercado”, disse, sublinhando que “se algumas pessoas têm dinheiro para comprar grandes carros, também têm possibilidades de comprar produtos e detergentes ecológicos”.

Liliana Lopes

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