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O período é de férias escolares, mas no Centro de Estudo Lápis de Cor, os alunos continuam a dedicar duas horas diárias ao estudo.

Crianças e jovens mantêm hábitos de estudo nas férias escolares

O objectivo é o de manter os hábitos e preparar o novo ano lectivo e os mais novos não se queixam. Pelo contrário, não querem arredar pé do Lápis de Cor, nem estar longe da “Tia Lúcia”.

Terminaram as aulas, mas em pleno período de férias ainda é possível encontrar jovens a dedicar duas horas do dia ao estudo. Tal acontece no Centro de Estudo Lápis de Cor, em Oliveira do Hospital, onde os mais novos continuam a manter, embora de forma mais reduzida, os hábitos de estudo. Brincadeiras também não faltam, não fossem as férias convidativas à diversão.

Realizar trabalhos de casa e preparar o ano seguinte justificam as horas matinais que os frequentadores do Lápis de Cor dedicam às obrigações escolares. E é sob o olhar atento da “Tia Lúcia” ou “Tiazinha” que tudo se passa, entre as 09h00 e as 19h00, sendo que a tarde fica reservada para a diversão com jogos, brincadeiras ao ar livre e saídas lúdicas até ao Parque do Mandanelho. A excepção é o mês de Agosto, altura em que o espaço encerra para férias.

Com o fim das aulas, aumentou o tempo livre e os jovens não pensam duas vezes em ocupar os seus dias no Lápis de Cor. Embora, o facto de não poderem ficar em casa sozinhos, a isso obrigue, a constatação é de que todos querem continuar a frequentar a “família” do Centro de Estudo. Miúdos e graúdos são unânimes nos elogios dirigidos ao espaço e muito mais a Lúcia Madeira, a antiga professora primária da escola da Chamusca e Póvoa das Quartas, por quem têm grande admiração, ao ponto de terem espalhado, por toda a parte, pequenas mensagens de admiração.

Numa simples visita pelo espaço ressaltam os afectos e a cumplicidade entre cada um e a “Tia Lúcia”. Aparecem, de hora em quando, os mais crescidos que este ano receberam “carta branca” para ocupar as férias de outra forma. Não falta o abraço efusivo e a palavra de carinho. Uns vão ficando, outros passam de relance. A porta está aberta para toda a família do Lápis do Cor.

São sobretudo os mais pequenos que, nas férias, permanecem no Centro. A continuação justifica-se com os empregos dos pais que tardam em lhes dar descanso. Mas, nem por isso se mostram insatisfeitos. Pelo contrário, a maioria chega a dizer que “nunca mais quer sair do centro”. Com apenas seis anos, João Silva é um dos recém-admitidos no Lápis de Cor e ao quarto dia de permanência já não quer arredar pé. O mesmo acontece com João Pedro Figueiredo e Magda Saraiva que já pedem aos pais para não mais os tirarem do Centro de Estudo. O Hugo Silva, de 11 anos de Santo António do Alva, vai mais longe ao considerar estar perante “um milagre”. “A Tia parece que caiu do Céu”, referiu, enquanto Rita Moreira de 14 anos não hesita em dizer que Lúcia Madeira “mais parece uma mãe”. A admiração pela antiga professora está estampada na cara de cada um, mas o pequeno David Figueiredo chega a confessar que “se não fosse a ajuda da Tiazinha eram negativas atrás de negativas”. “Ando cá há três anos e as minhas notas melhoraram muito. Quando entrei para o segundo ano quase não sabia ler, nem escrever e agora tiro quatros e cincos”, contou o jovem de 11 anos.

Formar jovens responsáveis

“Para além do estudo, o meu objectivo é também dar formação de valores a estas crianças. Conversamos muito”, afirmou Lúcia Madeira, dando conta da sua preocupação “em formar jovens responsáveis”. Numa retrospectiva aos cinco anos de actividade já passados, Lúcia Madeira garante estar a conseguir cumprir os seus objectivos. “Eles gostam de estar no espaço e comigo. Incuto-lhes que isto é uma família, onde reina o espírito de entreajuda e respeito e noto uma grande evolução a nível escolar”, realçou, sem esconder a sua vocação para lidar com crianças. “Faço isto por paixão. Sou como as árvores que morrem de pé”, referiu.

Foi, de facto, esta forte ligação com as crianças que justificou a abertura do Centro de Estudo. A aposentação impediu-a de continuar a fazer o que mais gostava – dar aulas – mas a vocação levou-a a enveredar pelo caminho de ajudar os mais novos a estudar. Receia que a sua dedicação e paixão pelo mundo dos mais novos possam ser interpretadas como “pura lamechice”, mas confessa que esta é a sua vida e não se imagina a fazer qualquer outra coisa. Agora com 56 anos de idade, a “Tia Lúcia” recorda que desde criança sempre sonhou ser professora. “Nas brincadeiras com as minhas amigas, eu era sempre a professora”, contou, lembrando que o pai não queria que ela seguisse esta profissão. Para além da vocação, Lúcia Madeira responsabiliza a sua professora primária por lhe ter incutido o gosto pelo ensino. “A professora Maria Luísa de Vasconcelos marcou-me pela positiva. Ela incutiu-me muitos valores e as suas técnicas de ensino serviram-me de exemplo”, contou, explicando que o apoio da família também foi determinante para abraçar o novo projecto.

“Os pais não se podem abster de colaborar”

 

No mesmo espaço, o Centro de Estudo para além de manter crianças e jovens ocupados e motivados com o estudo, disponibiliza todo o tipo de equipamentos para fins pedagógicos, como a Internet, biblioteca e material didáctico. Lúcia Madeira destaca ainda o ensino de técnicas de relaxamento e auto-controlo, que têm o objectivo de diminuir os níveis de stress e ansiedade. Na prossecução de todas as actividades, a antiga professora conta ainda com o auxílio das duas filhas, quer na área de psicologia, quer no acompanhamento ao estudo. No período de férias escolares, o Centro põe também em marcha um conjunto de actividades do domínio das artes decorativas.

Porque a vida profissional assim o exige, começam a surgir um pouco por todo lado, espaços – cada um com as suas características – para ocupação das crianças e realização das tarefas escolares. Lúcia Madeira alerta, contudo, para a necessidade dos pais continuarem a acompanhar os filhos no percurso escolar e familiar. “Não se podem abster de colaborar”, referiu, sublinhando que em período de aulas, o tempo que passam no centro é “muito curto e não é suficiente para dar toda a ajuda”.

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