Home - Opinião - Entre o “eu-eu” e o “nós”, perde-se a essência “da coisa”… Autor: João Dinis, Jano

Entre o “eu-eu” e o “nós”, perde-se a essência “da coisa”… Autor: João Dinis, Jano

A fulanização da política – seja a que nível for – ou seja, o falar-se, sobretudo na primeira pessoa e no nome próprio de cada um de nós, em última análise, isso contribui para se desviar a atenção das Pessoas do essencial. Serve para desculpabilizar as reais responsabilidades do “nós” ou seja, dos partidos políticos que fazem eleger (ou nomear) os seus representantes nas instituições públicas. Em termos políticos, a fulanização é uma prática redutora e desviante. Chega a ser cortina de fumo…

Sim, os partidos do “arco da tróika” — PS – PSD – CDS/PP – e os interesses inconfessos que eles servem e de que se servem, escondem-se sempre atrás dos seus principais eleitos e “líderes” de turno. Mas, quando é preciso “mudar de cara”, descartam-nos e atiram-nos para a prateleira (pelo menos durante uns tempos…). Põem o conta-quilómetros a zero, lavam-se por cima e por baixo, e aí vão eles, com novas caras, à caça ao voto para, logo a seguir às eleições, virem dar o dito por não dito e aplicar as suas velhas e desastrosas políticas. Assim tem sido e com muito poucas excepções, com manifesto prejuízo para os Portugueses, para Portugal e para a Democracia.

O embuste atinge a perversão de pretenderem enganar os Portugueses no mais elementar como, por exemplo, o fazerem crer que as eleições legislativas de 4 de Outubro são para “eleger” o Primeiro-Ministro. Escondem dessa forma que essas eleições são apenas, embora também já não seja pouco, para eleger Deputados à Assembleia da República. No seguimento, a fazerem uma espécie de campanha eleitoral própria, paralela mas complementar à campanha partidária do PSD e do PS, aí vêm as pseudo-sondagens com o “empate técnico” do costume entre os dois partidos para manipular a decisão dos Portugueses – para entalarem a consciência dos Portugueses na desastrosa alternância sem alternativa e no voto ”útil” que afinal só tem servido para nos tramarem a vida a seguir. Assim têm vigarizado os Portugueses e subvertido a essência democrática de sucessivos actos eleitorais.

Os três partidos do “arco da tróika”, nesta e noutras matérias, têm já aquilo que se pode classificar como “deformação profissional” e ainda por cima crónica…

Da nossa parte, temos a pretensão legítima de, ainda um dia, os ajudarmos a terem outra dignidade democrática e outra prática política, e nem que isso lhes custe, a pelo menos um ou outro desses partidos e respectivos “líderes”!

Claro que também há responsabilidades individuais que têm o seu peso a considerar caso a caso. Mas é um peso mais passageiro, mais redutor, social e economicamente mais “light”. As Pessoas (os “protagonistas”) passam mas as Instituições ficam embora também se transformem e para o bem ou para o mal.

E em Oliveira do Hospital como é?

O nosso Concelho não é nenhum “oásis” no árido panorama nacional. As políticas de desastre impostas pelas “tróikas” – pela nacional (PS – PSD – CDS/PP) e pela internacional – fazem-nos pagar a sufocante factura das suas más opções, como a outros pagar faz. E que cada um pense na vida e nas dificuldades de todo o tipo que se têm acumulado sobre nós, anos e anos a fio…

A nível da política municipal e autárquica, assistimos de novo a uma violenta querela – “fulanizada” – entre “protagonistas” em que os nomes próprios de cada um deles são muito referidos sempre que há confrontos (verbais). E há uns anos atrás a outras querelas do tipo já nós assistimos.

É certo que essa querela assenta em situações da política autárquica – da vida – e não é meramente retórica. E cada um dos “protagonistas” apresenta as suas próprias razões que, para cada qual, são “a verdade”. É natural.

Porém, para quem – sem exacerbadas paixões partidárias – assiste aos debates sem hipótese de conferir (o tal “ver para crer”) os elementos aduzidos por um ou pelo outro dos lados, a situação está a reduzir-se a uma “luta de galos”.  Começa a faltar credibilidade a essa luta – ao debate – o que também não quer dizer que daí resulte automaticamente a falta de credibilidade pública dos “protagonistas”. Mas com o tempo…

E, sobretudo, corre-se o risco de descredibilizar o debate, as Instituições e a própria Democracia.  Os objectivos da luta só ganham maior visibilidade – legitimidade – quando assentam no concreto, na proposta ou na recusa (democráticas). Quando desses debates, muito ou pouco intensos, não acaba por resultar uma melhoria sentida na vida dos Munícipes, “a coisa” complica-se para os contendores, para os “protagonistas”.  Até porque a própria razão (abstracta) se desgasta com o passar do tempo – vai perdendo força o seu impacto subjectivo e objectivo. Este é, aliás, um vector essencial a ter em conta, a cada momento, na condução das lutas e quer pelo “eu-eu” quer pelo “nós”.

Bom, pode parecer mera retórica esta conversa. Até pode ter alguma mas de certeza que não é só retórica. Que cada um avalie. Da nossa parte raríssimas vezes utilizamos o “eu-eu” e ainda menos vezes nos servimos do nome próprio de cada um como arma de arremesso. Temos causas e temos princípios, sim senhor.

janoentrev2Autor: João Dinis, Jano

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