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Freguesias e município mobilizam-se para a manifestação nacional de sábado

… “Manifestação Nacional Em Defesa das Freguesias” que se realiza sábado, em Lisboa.

“Presente” é a resposta que parte de Oliveira do Hospital ao repto lançado pela Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) para a participação na “Manifestação Nacional em Defesa das Freguesias”, que a partir das 14h30 de sábado, vai decorrer em Lisboa, entre o Marquês de Pombal e o Rossio, ao longo da Avenida da Liberdade.

A mobilização para a manifestação, onde o município oliveirense também tem presença assegurada, está a ser feita pelos próprio autarcas que, em cada uma das freguesias se têm vindo a socorrer de avisos e outras formas de comunicação, no sentido de assegurarem um número considerável de pessoas na manifestação.

Em Vila Franca da Beira, por exemplo, até ao momento já está inscrito um número de populares equivalente a um autocarro e meio, prevendo-se que possa atingir as oito dezenas.

“As pessoas em Vila Franca sabem o que está em causa”, referiu o presidente da Junta de Freguesia ao correiodabeiraserra.com, notando que as inscrições estão a ser feitas com toda a naturalidade, não havendo qualquer tipo de pressão junto da população para uma maior mobilização.

João Dinis lembra que a freguesia se encontra em estado de alerta tendo já participado no “Movimento Freguesias Sempre” do distrito de Coimbra com cerca de 80 pessoas.

Pese embora as recentes alterações ao que estava inicialmente previsto no Livro Verde da Reorganização Administrativa, o autarca de Vila Franca da Beira entende que o “obetivo do governo, de um modo ou de outro, é o de abater freguesias”. Uma medida política para a qual João Dinis não encontra “motivo válido” e que, no seu entender, é reflexo de “cegueira política pura e dura”.

A oposição à intenção do governo de extinção de freguesias tem feito eco um pouco por todo o lado, com os próprios presidentes de câmara do PSD a não verem com bons olhos o corte no número de freguesias. “O governo calçou uma bota e não sabe como é que a vai descalçar”, chega a verificar João Dinis, lembrando também que este processo ganhou contornos ainda mais graves, a partir do momento em que o governo remete para os municípios a responsabilidade de decidir quais as freguesias a extinguir e de, ao mesmo tempo, aliciar os presidentes de junta com benefícios nas transferências do Estado, para que eles façam o “trabalho sujo”.

“É uma ofensa à nossa dignidade”, regista o autarca vilafranquense, certo de que, apesar “de o governo procurar deitar água na fervura, no próximo sábado vai ter lugar “uma grande manifestação”.

“Não quero ser o coveiro, nem o último presidente de junta da minha freguesia”

Inicialmente afastada do grupo de potenciais freguesias a extinguir, Nogueira do Cravo, é a freguesia do concelho oliveirense que na proposta de lei surge em situação de perigo.

Considerada freguesia urbana, a par da freguesia sede de concelho, Nogueira do Cravo corre o risco de ser absorvida por Oliveira do Hospital. “Não tem cabimento algum”, reage o autarca local que no próximo sábado também vai marcar presença na manifestação.

Ainda que resignado à necessária reorganização administrativa – “alguma coisa irá acontecer”, frisou – Adelino Henriques entende que Nogueira do Cravo tem toda uma dinâmica que justifica a sua continuidade como freguesia.

A extinguir, o autarca entende que deveria antes ser extinta a freguesia sede do concelho, porque a sua população já está bem servida com os serviços municipais. Adelino Henriques confessa-se preocupado – “não quero ser o coveiro, nem o último presidente de junta da minha freguesia”, disse – mas tem a lamentar a reduzida mobilização dos nogueirenses para esta causa. “Todos falam disto, mas até agora não tenho uma única inscrição para a manifestação de sábado”, desabafou o autarca, prevendo que as vozes de protesto só comecem a fazer eco “quando as pessoas começarem a sentir na pele”.

“Continuarei a lutar contra a extinção. Sem dúvida nenhuma!”

Determinado em defender a identidade das 21 freguesias do concelho oliveirense continua o presidente da Câmara Municipal que, sábado, também vai estar entre os manifestantes que vão percorrer a Avenida da Liberdade.

“Sem dúvida nenhuma”, garantiu José Carlos Alexandrino ao correiodabeiraserra.com, decidido em levar por diante o seu “compromisso de defesa das populações”. O autarca oliveirense diz não encontrar “nenhum tipo de ganho com a extinção de freguesias” e, por isso, mantém aquela que tem sido a sua postura em todo este processo e que – segundo disse – já fez questão de transmitir aos governantes.

“Continuarei a lutar contra a extinção”, assegura Alexandrino baseando também a sua postura naquilo que foi decidido em Assembleia Municipal, onde foi aprovada uma moção contra a extinção de freguesias.

Para o autarca oliveirense, manifestações como a ocorrida em Coimbra e aquela que vai acontecer sábado em Lisboa, onde presidentes de Câmara do PSD se opõem à medida do governo, têm um peso determinante. “Depois do Livro Verde, já surgiu uma proposta de lei e, neste momento o governo está a tentar suavizar o documento”, refere o presidente oliveirense, que está em crer que o governo de coligação se está a preparar para fazer novos recuos no que a esta matéria diz respeito.

Ainda que contra a extinção de qualquer uma das 21 freguesias, José Carlos Alexandrino chega a referir, em concreto, os prejuízos que a extinção de freguesias como Alvôco de Várzeas e São Gião traria para as suas populações. Do mesmo modo, também se opõe à possibilidade de extinção da freguesia de Nogueira do Cravo que “tem uma economia vital”. “É um disparate completo”, chega a considerar o autarca que, na análise que faz a todo o processo, só encontra “prejuízos e nenhuns ganhos”.

Fotos: Sérgio Correia

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