Depois do caso do Hospital Francisco Xavier em Lisboa, a bactéria da legionela foi agora detectada no Centro de Saúde de Mangualde (distrito de Viseu). Esta é a segunda vez que acontece este caso nesta unidade de saúde, uma vez que em 2016 também tinha sido encontrada naquelas instalações. Na altura, o caso foi arquivado pela Entidade Reguladora da Saúde, depois de implementadas algumas medidas. Percebeu-se agora que aquelas acções, nomeadamente a desinfecção da água da rede, não resolveram de vez a presença da bactéria.
A confirmação foi avançada à TSF pela Administração Regional de Saúde do Centro, a qual adianta que foi no âmbito da vigilância implementada depois do primeiro caso de 2016 que “foi novamente detectada legionela ambiental na colheita efectuada a 19 de Outubro”, sublinhando, porém, que o caso não representa qualquer “risco iminente para a saúde pública”. O delegado de saúde da zona explicou à TSF que depois deste novo surgimento da legionela foram fechadas as torneiras de água quente e alguns sectores do centro de saúde.
O delegado de saúde explica que agora, uma vez que as primeiras intervenções não resolveram de vez o problema, a solução ideal será fazer obras no centro de saúde. João Pedro Pimentel sublinhou que este centro de saúde de Mangualde tem características que levam a que apareça facilmente legionela, nomeadamente torneiras que poucas vezes são abertas, pelo que as obras numa canalização antiga serão a única solução definitiva para o problema.
A legionela está na ordem do dia depois de ter sido detectado um surto no Hospital São Francisco Xavier que já levou a cinco mortes, e 46 infectados.
O que é a doença dos legionários?
É uma forma de pneumonia grave causada por uma bactéria chamada ‘legionella pneumophila’. A doença inicia-se habitualmente com tosse seca, febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia. A doença desenvolve-se cerca de cinco a seis dias depois da infeção, podendo ir até 10 dias. A doença pode ser contraída através da inalação da bactéria ‘legionella’ presente em aerossóis. Não se transmite por ingestão de água, mas sim pela inalação de aerossóis contaminados com a bactéria. Os aerossóis são constituídos por gotículas de água que contêm as bactérias, geradas pela água corrente de torneiras ou chuveiros, autoclismos ou piscinas/SPA.
A doença é diagnosticada pela identificação de sintomas e através de exames laboratoriais. A doença, apesar de poder ser grave, tem tratamento efetivo. A bactéria pode estar presente em circuitos de água, como chuveiros e torneiras, jacuzzis, banhos turcos, saunas, torres de arrefecimento, fontes ornamentais e equipamentos de humidificação. Também pode ser encontrada em baixas concentrações em ambientes naturais, tais como rios, lagos e solos húmidos. A bactéria pode sobreviver e multiplicar-se a temperaturas entre 25 e 42 graus. O risco pode ser evitado com um programa de vigilância e manutenção das instalações e equipamentos que utilizem água e que são suscetíveis de poder conter a bactéria ‘legionella’.