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Ministra da Saúde ‘apareceu’ na terra do candidato do PS

A festa, com febras, sardinha e vinho do Dão, destinava-se a apresentar a lista de candidatos com que o PS concorre à Assembleia de Freguesia de Ervedal da Beira, nas próximas eleições autárquicas do dia 11 de Outubro.

Porém, foi com espanto que, neste sábado, os simpatizantes da candidatura de José Carlos Alexandrino viram a ministra da Saúde subir ao palco montado no centro de Ervedal da Beira.

“Não quis deixar de passar por aqui para vos dar força. Conto convosco para podermos colocar novamente Oliveira do Hospital na senda do desenvolvimento”, afirmou Ana Jorge que, enquanto cabeça-de-lista do PS às eleições legislativas, pelo Círculo de Coimbra, se deslocou à Cordinha, acompanhada pelo presidente da Administração Regional de Saúde do Centro, João Pimentel, após um périplo por alguns concelhos do distrito.

A jogar em casa, o candidato independente dos socialistas agradeceu a visita daquela governante e de outros candidatos a deputados que se deslocaram a Ervedal da Beira, bem como de outras destacadas figuras do PS, e até glosou com a situação, ao afirmar que “isto não é um desfile de estrelas. As estrelas estão todas no céu”.

Num discurso bastante aplaudido, José Carlos começou por tecer grandes elogios ao cabeça-de-lista à Assembleia Municipal, António Lopes, e não deixou de recordar os contributos financeiros que aquele candidato vem dando ao município, sobretudo na área social, como foi o caso dos “100 mil euros” que Lopes atribuiu para a construção do Lar de Ervedal da Beira.

“Tenho um orgulho imenso em ter este homem connosco, porque é um homem bom que ajuda quem mais precisa”, afirmou.

De seguida, o candidato socialista passou a um ataque implícito a ex-camaradas de António Lopes, justificando assim a participação daquele antigo militante comunista na sua candidatura. “O PCP faz uma coisa terrível neste concelho. Em vez de defender os seus projectos políticos, faz alianças com o actual presidente da Câmara, mesmo que ele seja um autoritário ou um ditador. É isto que é o PCP?”, perguntou Alexandrino.

Carlos Maia promete prescindir do vencimento de presidente da Junta de Ervedal da Beira 

Sobre Carlos Artur Maia – o cabeça de cartaz do PS à presidência da Junta de Ervedal da Beira –, Alexandrino foi muito elogioso. “Podia ser hoje o candidato do PS e estar aqui no meu lugar”, referiu. Salientando que “só por muita amizade e amor à terra é que um homem que tem perfil para ser presidente da Câmara” se disponibiliza para se candidatar a uma junta de freguesia, o candidato socialista fez também questão de recordar que todo o dinheiro que Carlos Maia recebeu em senhas de presença, no tempo em que foi vereador, foi entregue “a associações da freguesia de Ervedal da Beira”. É uma postura que Alexandrino considera ser muito diferente da de outras candidaturas, já que conforme afirmou, o que outros candidatos “querem é que as suas reformas sejam aumentadas com o ordenado de presidente da Junta”.

Sublinhe-se que o antigo vereador do PS, e actual deputado municipal, fez aliás questão de deixar ali “uma promessa solene”. Pois, se for eleito, Carlos Maia comprometeu-se a cumprir o mandato durante quatro anos e a entregar o vencimento de presidente da Junta a instituições da freguesia.

Apesar de estar lado a lado com várias figuras do PS nacional, Alexandrino não se coibiu novamente de voltar a frisar que nem sempre concordou com o Governo de José Sócrates, nomeadamente em termos de política educativa. O candidato disse aliás que teve algumas hesitações em aceitar o convite do PS, mas também argumentou ter sido aconselhado por muitos colegas de profissão a avançar. Pois, conforme sublinhou, muitos professores da sua esfera de relações ter-lhe-ão dito para “não misturar as coisas”, uma vez que não ia ser “candidato a ministro da Educação ou da Agricultura”.

Entrando no combate político à candidatura do presidente-candidato do PSD, Alexandrino endureceu o discurso e lamentou que haja políticos “que não exercem o poder para o povo, mas sim para um grupo de amigos e de clientelas”.

O cabeça-de-lista do PS, que advertiu que “há 12 anos que não se instala uma empresa em Oliveira do Hospital”, voltou mais uma vez a centrar o seu discurso na área do desenvolvimento empresarial e na criação de emprego. “A minha prioridade é criar emprego e trazer riqueza para que os nossos jovens não saiam daqui”, prometeu Alexandrino, classificando o que actualmente se passa com o Pólo Industrial da Cordinha como “um desleixo total”.

O candidato até brincou com a situação, quando disse que Mário Alves, que tem um outdoor de campanha mesmo virado para aquela zona industrial, “deve estar a olhar para a maior obra que fez no concelho: o vazio”.

Candidato do PS promete transformar Polo Industrial da Cordinha num parque tecnológico experimental 

Foi aliás sobre aquele espaço onde no início dos anos 90 se pretendia criar um pólo industrial, que o candidato do PS avançou com uma inesperada promessa política. “Se eu for eleito presidente da Câmara, aquela zona industrial tornar-se-á num parque tecnológico experimental. Podem ter a certeza”, afiançou.

Enumerando algumas linhas mestras daquele que será o seu programa eleitoral, Alexandrino também se referiu ao caso do “problema” que é o “monstro” que a Acibeira deixou em Lagares da Beira. “Temos ideias e havemos de resolver aquele problema”, disse o candidato, avançando que a solução poderá passar por uma parceria com a ESTGOH para a criação de um ninho de empresas em Lagares da Beira.

Garantindo que será “o presidente de todos os oliveirenses”, Alexandrino sustentou ainda que, na área do turismo, a sua candidatura está também muito empenhada em encontrar soluções de desenvolvimento tanto para os vales do Mondego e do Seia como para os vales do Alva e Alvôco.

A terminar, o candidato socialista mostrou-se convicto de que “o PS vai ganhar a Câmara e será capaz de a governar bem”. Numa referência ao actual poder autárquico, insurgiu-se ainda contra aqueles que “pensam que o concelho é uma quinta e os outros são todos seus assalariados”.

“Mais pelo Concelho? Mas mais o quê? Mais 16 anos para fazer a central de camionagem” 

Com poucas palavras, mas incisivo, António Lopes também questionou as razões que levam a candidatura de Mário Alves a aparecer com o slogan “Mais pelo Concelho”. “Mas quer mais o quê? Quer mais 16 anos para fazer a central de camionagem, que já está no programa eleitoral do PSD de 1993?”, perguntou o candidato à Assembleia Municipal, alegando que “não precisamos de mais guerrilhas institucionais, nem mais desrespeito pelas regras democráticas”.

Fazendo um retrato muito pouco abonatório sobre o processo de desenvolvimento que o concelho tem atravessado nos últimos anos – “era bom que se acabasse com esta coisa dos esgotos a céu aberto em todas as freguesias, lembrou –, Lopes, que apareceu em palco vestido com uma camisola da candidatura, deixou um recado aos que lhe chamam “vira-casacos”. “Não sou nem nunca o serei. Estou aqui de camisola vestida num projecto que é o nosso”, afirmou o candidato independente à assembleia, frisando que é preciso “suar a camisola” porque nesta luta política “sabemos com quem estamos a lutar, e quais são os métodos”.

 O mandatário de José Carlos Alexandrino – a ministra da Saúde não deixou de reconhecer que “é um homem a quem o PS muito deve” –, obteve entretanto uma grande salva de palmas ao recordar que “a primeira vez que o PS ganhou as eleições” foi com um candidato oriundo da freguesia de Ervedal da Beira, César Oliveira. E, na opinião de António Campos, “a segunda vez que o PS vai ganhar a Câmara é outra vez com um homem” da freguesia: José Carlos Alexandrino.

Alegando que o actual presidente da Câmara “não tem a noção do que é trabalhar em equipa”, Campos disse ainda que Alves “é um presidente de gabinete. É um fiscal, não é um motor de desenvolvimento… e o que o concelho precisa é de um motor de desenvolvimento”.

 

N.R: Em virtude de um problema registado com um cartão de memória que continha as imagens desta iniciativa política do PS em Ervedal da Beira, só agora nos foi possível editar as imagens recolhidas no local pelo fotógrafo João Sargo. 

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