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O sentido interactivo da comunicação. O poder da palavra nas relações humanas.

No Caminho da Literatura: as palavras “tocam-nos”

O fenómeno da comunicação sempre apaixonou os estudiosos da matéria, pelo carácter abrangente que assume. Reflectir e analisar o processo da comunicação linguística, enquanto acto de exteriorização das mensagens nas sociedades humanas, constitui uma árdua tarefa, dado o conjunto de factores que a tornam demasiado variável e complexa.

A concepção da comunicação como “produto” do homem e da história social favorece uma das mais importantes matérias da nossa época, pois não se concebe uma sociedade sem comunicação, dado o seu carácter activo e interactivo, funcional e pragmático. Esta observação responde por si só à amplitude, dimensão e natureza da comunicação e levanta cada vez mais, o véu do interesse e curiosidade que o fenómeno parece revestir no seu estudo. Trata-se de um exercício diário e constante, útil e necessário no domínio físico e psíquico que preenche cada segundo da nossa vida, quer numa ambiência estritamente pessoal, quer numa manifestação social com diversas funções e em variadíssimos campos, permitindo realizações distintas, consoante a intencionalidade a que se destina.

Nesta acepção, torna-se importante e muito pertinente registar algumas considerações de docentes do Ensino Básico e Secundário de Oliveira do Hospital, em áreas disciplinares diferentes, e que documentam o fenómeno comunicativo. Assim, para o Professor da disciplina de História, Luís Torgal, comunicar é “transmitir conhecimentos difusos com um determinado vocabulário que não implica, necessariamente, preconceitos operatórios de História. Comunicar também inculca valores nas pessoas. Dificilmente encontramos na História, uma comunicação asséptica: por isso, é que os movimentos privilegiam a comunicação como forma de triagem da informação como problema de totalitarismo, como única faceta da realidade, pensamento único, informação “doutrinária”.

Para o Professor da disciplina de Educação Física, Carlos Cruz, comunicar é “o acto que , nas suas diversas manifestações – oral, gestual, motora – proporciona ao aluno na aula, a realização dos correctos gestos técnicos que pertencem às diferentes modalidades individuais e colectivas, em suma, a correcta utilização do acto motor. A comunicação tem, sobretudo, um carácter prático, cujo objectivo é o desenvolvimento do raciocínio táctico e a adaptabilidade motora a cada situação, problema, exercício, um carácter didáctico que conjuga a instrução oral com o campo prático da exemplificação visual”. Para a Professora da disciplina de Matemática, Lurdes Freitas, comunicar é “transmitir conhecimentos objectivos numa linguagem técnica, matemática, que permitam desenvolver raciocínios lógicos de operacionalização e apoiados em raciocínios empíricos, concretos e abstractos, tendo sempre em conta o nível etário dos alunos”.

Na minha opinião, enquanto Professora de Língua e Literatura Portuguesa, comunicar é um acto multiforme e pragmático que permite explorar o papel interno e externo da linguagem como sistema, com leis próprias de funcionamento, enquanto realidade material constituída pela cadeia de sons pronunciados e um quadro de marcas escritas que exteriorizam mensagens informativas e estados emocionais.

Trata-se de uma competência e faculdade que possibilita uma reciprocidade e comparticipação humanas num campo de reflexão, correcção e dissolução de ideias. Nesta perspectiva, a comunicação encarada como actividade verbal e social, acto (in)formativo dinâmico acciona mecanismos próprios de discurso com variações ao nível do conteúdo e da forma, diversificando o enunciado informativo e expositivo-argumentativo do expressivo, criativo, literário. Comunicação é pois, interacção de saber partilhado, imediato ou pensado, ao serviço da vontade ou necessidade humanas, num contexto multifacetado de intenções e realidades, revelações ou ambiguidades.

 

Isaura Maria de Oliveira
Professora de Língua Portuguesa

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