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A visita do presidente da Junta de Freguesia de Nogueira do Cravo, Adelino Henriques, à mesa de voto número um para verificar nos cadernos eleitorais, os índices de afluência às urnas, não caiu bem junto do delegado do PS que integrava aquela mesa, que acabou por solicitar ao presidente da mesa, que convidasse o autarca a abandonar o espaço.
A atitude do delegado do PS, que prefere remeter-se ao anonimato, é que não terá agradado o autarca já que, segundo aquele elemento da mesa, Adelino Henriques se dirigiu ao próprio “de forma insultuosa” e com “termos menos próprios”.
“Não é um comportamento digno de um presidente de Junta de Freguesia”, referiu ao correiodabeiraserra.com o delegado, lamentando que o episódio tenha ocorrido numa altura em que se encontravam várias pessoas a votar, quando passavam poucos minutos das 16h30.
Descontente, o elemento da mesa de voto apresentou uma reclamação junto do presidente da mesa sobre o caso ocorrido, e uma outra sobre o facto de Adelino Henriques consultar os cadernos eleitorais para verificar os valores da abstenção.
“Fez isso duas vezes de manhã e à tarde”, referiu o delegado a este diário digital, explicando que foi, nessa altura, que solicitou ao presidente da mesa que convidasse o autarca a sair. “Eu nunca lhe dirigi a palavra”, frisou, lamentando que o autarca tivesse reagido de forma “insultuosa”.
Contactado por este jornal, o presidente da mesa voto recusou tecer qualquer consideração sobre o sucedido, especificando que tudo o que aconteceu está vertido em acta, que foi aprovada por unanimidade. “O que eu tinha que fazer em relação a isso, está feito”, disse Carlos Gouveia.
“Ele é novo nestas andanças, mas eu esclarecia-o”
Versão bem diferente é a apresentada pelo presidente da Junta de Freguesia de Nogueira do Cravo que, em declarações ao correiodabeiraserra.com disse que só cumpriu ordens do Governo Civil de Coimbra.
“Recebi um ofício em que eu era obrigado a comunicar os índices de afluência às urnas às 12h00, às 16h00 e no final das eleições”, explicou Adelino Henriques, referindo que consultou os cadernos eleitorais nas três mesas de voto da freguesia.
Verificando que “as acções ficam com quem as faz”, Adelino Henriques revelou o seu descontentamento, com a atitude assumida pelo referido delegado da mesa número um, pelo facto de não se ter dirigido directamente à sua pessoa, optando por usar o presidente da mesa como interlocutor.
“Ele é novo nestas andanças, mas eu esclarecia-o”, sublinhou Henriques, lamentando que “ainda há 15 dias era uma rica pessoa” e que agora não tinha valor. Embora dando cumprimento a uma ordem do Governo Civil, Adelino Henriques admite que possa ter ficado um pouco mais de tempo do que o necessário, mas justificou a situação com a cordialidade verificada entre si e os elementos das várias mesas de voto.
“Em Galizes estive lá muito mais tempo e não aconteceu nada disto”, sublinhou, notando que em 30 anos nunca viveu nada assim.
Governo Civil confirma pedido de dados
Contactado por este diário digital, o Governo Civil de Coimbra, através do seu gabinete de imprensa, confirma que o autarca de Nogueira do Cravo foi incumbido de avançar, às 12h00, 16h00 e no final, com dados relativos à afluência às urnas naquela freguesia.
“É uma obrigação legal imposta pela Direcção Geral da Administração Interna”, esclareceu o gabinete de imprensa, verificando que Adelino Henriques foi notificado pelo Governo Civil, dia 13 de Maio, para cumprir o solicitado.
De acordo com a mesma fonte, este é o procedimento posto em prática numa freguesia de cada concelho, sendo que o autarca de Nogueira do Cravo cumpriu o emanado pela lei eleitoral.
