Tomando o exemplo da Islândia, o município de Oliveira do Hospital decidiu aplicar nas escolas do concelho um estudo pioneiro em Portugal, que consiste na prevenção de episódios de depressão entre os adolescentes.
A motivar a vinda do estudo para o concelho está a identificação a nível local de um conjunto de problemáticas, que surge com o encerramento de empresas e consequente aumento do desemprego à cabeça.
“Origina vulnerabilidades várias nas famílias do concelho e tem repercussão na vida escolar dos alunos”, informou ontem o vice-presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital na sessão de apresentação do projeto que decorreu no Agrupamento de Escolas de Lagares da Beira.
José Francisco Rolo explicou que o interesse do projeto que é desenvolvido sob coordenação de Ana Paula Matos da Faculdade de Psicologia e das Ciências da Educação da Universidade de Coimbra resultou da deteção de “sintomas” visíveis em espaço escolar e que carecem de “resposta imediata” por parte dos parceiros envolvidos na iniciativa “ação social: próxima das pessoas”.
Num trabalho em que estiveram envolvidos os quatro agrupamentos escolares do concelho, Escola Secundária, Eptoliva e ESTGOH o estado de alerta recai sobre as baixas condições económicas das famílias, logo seguidas pelas baixas expectativas dos alunos/famílias face à escola e o consumo de estupefacientes.
O projeto que já tem aplicação em três escolas do país vai, este ano, decorrer em todos estabelecimentos de ensino do concelho, mas o vice-presidente da autarquia garante que o objetivo não é o de “lançar o alarmismo público”. Pelo contrário, assegura, visa auxiliar as escolas, dotando-as de profissionais. Deu o exemplo dos psicólogos que começam a escassear em algumas escolas, como é o caso do Agrupamento de Escolas de Lagares da Beira.
Responsável pela coordenação do estudo pioneiro e que tem o exemplo da Islândia como inspiração, Ana Paula Matos alerta para os malefícios decorrentes da depressão. “É grave e tende a ser crónica e recorrente” referiu aos jornalistas, notando que a própria Organização Mundial de Saúde tem recomendado a intervenção nesta área. As condições adversas de vida, aspetos genéticos e até psicopatologias dos progenitores são, no entender da especialista, “um conjunto de variáveis que, em interação, potenciam o risco”.