“DIFFICILIMUM EST OMNIUM PLACERE…”
Que se chama Portugal
E, no centro, como um ninho,
Uma terra: ERVEDAL!
Terra que a natureza,
Em prodígios verdadeira,
Reuniu toda a beleza
Que tem por nome «a Beira»!…”
(Início da Invocação ao Ervedal de Sebastião Ferrão de Mello)
Tendo recebido do meu amigo Rui Marques esta pequena pérola que evoca feitos conseguidos no passado por um Ervedalense, lembrei-me da grande responsabilidade que José Carlos Alexandrino tem para poder ombrear com os níveis de governabilidade, empreendedorismo e progresso com que os seus conterrâneos Ervedalenses habituaram os Oliveirenses sempre que foram chamados a tomar conta dos desígnios do Concelho.
Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, era Presidente da Câmara Sebastião Carlos de Albuquerque 3.º Visconde de Ervedal da Beira, que, entre vários feitos e obras, teve o mérito de construir, em Oliveira do Hospital, o hospital, que é hoje da Fundação Aurélio Amaro Diniz, e garantir os fundos e os meios necessários para que o mesmo funcionasse em condições, no mínimo, iguais às dos melhores hospitais nacionais.
Na sua regência, o desenvolvimento deste município era uma constante, ficando visivelmente marcado pelo desenguiçar de um problema com várias décadas, a construção do troço da estrada do Ervedal ao Seixo, em 1942, sendo, provavelmente, na altura a maior recta macadamizada do País e que denominou a região de Cordinha, abrangendo as povoações de Ervedal, Vila Franca, Aldeia Formosa e Seixo.
Para o aperfeiçoamento e melhoria do concelho, muito contribuiu, antes de Sebastião de Albuquerque, o Dr. Francisco Brandão, que, em 1930, trouxe para o seu consultório, em Ervedal, o Posto de Socorros de Urgência, subsidiado pela Misericórdia de Galizes. Foi este Edil Ervedalense que fez chegar, também, a eletricidade e iluminação pública ao concelho. Em 1931, foi, ainda, ele que, pela primeira vez, acionou o interruptor que acendeu as lâmpadas dos candeeiros que alumiaram os largos e caminhos, inaugurando assim a iluminação pública de Ervedal da Beira. É, porém, com tristeza que dou conta não existir qualquer referência a tal personalidade, nem sequer uma quelha com o seu nome.
A sémita dos melhoramentos concelhios levados a cabo por Presidentes de Câmara Ervedalenses teve que esperar três décadas, sendo já após o 25 de Abril de 1975 que o Dr. António Simões Saraiva chegou ao poder, e com ele o concelho de Oliveira do Hospital obteve, quiçá, o seu apogeu cultural. É com ele que se assistem a grandes avanços nas áreas do teatro, da música, dos grupos corais, etc. A Simões Saraiva se deve o aparecimento de novos museus no município e o próspero funcionamento da atividade deste sector atinge o zénite concelhio em mandatos da sua administração. No entanto, a regência deste presidente fica impetuosamente marcada por dotar o concelho, no final da década de setenta, de redes de água e saneamento público. Situação esta que na maioria dos outros concelhos portugueses levou mais de vinte anos a acontecer.
O Dr. César de Oliveira chega à presidência nos primeiros anos da década de noventa. É nessa altura que começam a chegar de Bruxelas os fundos financeiros e os projetos comunitários, o que lhe permitiu sem complicações fazer o que faziam os restantes presidentes das câmaras deste País, candidatar-se aos projetos de desenvolvimento financiados maioritariamente pelos fundos europeus. É sem dificuldade que leva a cabo a melhoria da estrada Oliveira-Felgueira e a construção das Escolas Básicas Integradas do Ervedal e de Lagares da Beira, que são efectivamente as obras que marcaram a sua presidência. O Dr. César de Oliveira não se voltou a candidatar, talvez por motivos de saúde, pois a morte bateu-lhe precoce e tragicamente à porta, pouco tempo após o final do seu mandato.
Não é fácil pois para o professor José Carlos Alexandrino tentar igualar os feitos dos seus conterrâneos na grandiosidade das anteriores governações. Era bom, porém, que conseguisse manter o que os outros conquistaram, edificaram e/ou ampliaram. É notório que, nunca no passado, se investiu tanto em festas, feiras e futebol, sendo que é duvidoso o retorno que estes eventos proporcionam em qualquer das suas vertentes (financeira, social e política). Como Ervedalense, espero que não fique conhecido como o Presidente dos três F’s, e que dê o mais rapidamente possível uma restruturação na sua governação de modo a poder fazer mais e melhor, pois serão os resultados que constarão nas páginas dos livros de história e que encherão ou não de orgulho os Ervedalenses de amanhã. Deve nesse sentido, intentar de imediato, encontrar solução para as ruinas da obra que iniciou na direcção da desaparecida “Casa do Povo do Ervedal”, que depois de tanto dinheiro e tempo gasto com projectos e orçamentos, suspendeu a sua remodelação e transformação em “Centro de Saúde”.
Porque é olhando para o passado que idealizamos e projectamos o futuro, cabe a actual Edilidade escolher os caminhos que levem o concelho ao sucesso tal como o fizeram os seus conterrâneos no passado. Sucesso não é popularidade, sucesso é êxito. Êxito que os Oliveirenses agradecem, e que os Ervedalenses exigem.
A todos estes Presidentes, e que para o seu trabalho não fique ignorado, agradeço com gratidão e simpatia.
Foto aérea de Ervedal da Beira: site da Junta de Freguesia de Ervedal da Beira