É a primeira vez que na história da vida política local aparece uma lista de independentes a tentar conquistar a presidência da Câmara de Oliveira do Hospital. As insólitas circunstâncias em que essa candidatura aparece, são sobejamente conhecidas, e resumem-se em duas ou três linhas: contra a vontade do PSD local, Mário Alves e Paulo Rocha entenderam que se deviam manter no poder autárquico durante mais quatro anos e, como tal, trataram de desimpedir o caminho.
Transformado pelos seus antigos parceiros sociais-democratas numa espécie de chiclete – usa e deita fora… –, José Carlos Mendes mostrou, no entanto, que não é descartável, e pode inclusivamente vir a ser o protagonista na abertura de um novo ciclo político.
No terreno, e para retirar o PSD do poder – Mário Alves entrou para os Paços do Concelho, na altura como vereador, em 1993 – temos agora dois José Carlos. Para além do nome, são duas figuras com percursos algo semelhantes, já que ambos são professores, e tanto um como o outro presidiram à Escola Básica Integrada da Cordinha.
No campo das hipóteses, se um deles vencer as próximas eleições, e sem maioria absoluta, está quase que obrigado a exercer o poder através de uma relação umbilical. É um cenário onde existem algumas semelhanças com as eleições de 1989, e em que César Oliveira convidou Adelaide Freixinho para o seu executivo, na perspectiva de assegurar uma maioria.
Dentro de 80 dias, caberá aos eleitores decidir se este cenário é bom para o concelho de Oliveira do Hospital, na entrada de uma nova década.
O que é preciso é que os eleitores decidam livremente e em consonância com o espírito democrático conquistado em Abril de 1974.
O voto é secreto e, no recato da urna, não há “mirones”. É nesse espaço que se espera que os cidadãos inteligentes exerçam o seu acto de cidadania. Sem medo ou qualquer tipo de constrangimento.
Todos sabemos que Portugal ainda não se conseguiu libertar da pesada herança do Estado Novo, e há hoje comportamentos políticos que pouco ou nada diferem daqueles que se observavam na ditadura.
A perseguição, a chantagem, o pagamento de favores políticos , a represália, ainda norteiam actualmente a actividade de muitos políticos que, com os impostos do erário público, são pagos para gerir o seu território numa perspectiva global.
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