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“Pensamos ter condições e queremos ser uma voz activa dentro do concelho…”

Médico dentista, 43 anos, e actual membro da Assembleia de Freguesia de Oliveira do Hospital, Nuno Alves aceitou encabeçar a coligação liderada pelo CDS/PP que no dia 1 de Outubro vai disputar as autárquicas no concelho de Oliveira do Hospital. Garante que entra nesta corrida por devoção, com o objectivo de ajudar a melhorar o concelho para as gerações futuras. Defende uma autarquia que tenha planos de atracção de investimento e considera que actualmente existem muitas iniciativas que criam economia no momento, mas que não fica a longo prazo. “É preciso atrair investimento. Tem de ser criado um plano com directrizes para que o concelho possa ser mais próspero, com mais dinheiro e uma economia de longo prazo”, explica ao CBS, criticando ainda o excessivo número de vereadores a tempo inteiro na autarquia, defendendo que o presidente e dois elementos é suficiente. “… o que temos assistido da parte do actual executivo é uma acção concertada para ter vereadores em todo o lado ao mesmo tempo. Isso é uma forma de fazer constantemente campanha eleitoral indirecta”, referiu, mostrando-se preocupado com a falta de apoio aos empresários, aos agricultores e a falta de aproveitamento dos recursos florestais.

O que é que o levou a aceitar liderar esta coligação, numa corrida onde teoricamente as possibilidades de vitória são reduzidas?

Não podíamos defraudar quem votou em nós há quatro anos e devemos-lhe o direito de poderem escolher quem possa continuar o trabalho que foi desenvolvido neste último mandato. Oferecer-lhes a possibilidade de optarem por uma candidatura construtiva e positivo. Uma coligação com pessoas da sociedade civil que não precisa da política para nada. Estamos aqui por devoção, porque queremos que os nossos filhos tenham um futuro melhor Para ajudar a construir um concelho mais virado para o futuro.

Em termos de resultados quais são os seus objectivos?

O nosso objectivo é ganhar a Câmara. Não sendo possível queremos melhorar os resultados anteriores e ter, pelo menos, um vereador, bem como aumentar o número de deputados na Assembleia Municipal. Pensamos que temos condições e queremos ter uma voz activa dentro do concelho para darmos o nosso contributo. Os eleitores vão decidir.

Quais as principais medidas que a sua candidatura tem para o concelho?

Há algumas áreas que nós identificámos que não estão ser bem aproveitadas ou que não têm a devida atenção por parte da Câmara Municipal. Posso citar alguns exemplos. Olhe, achamos que os empresários não estão a ter a devida atenção da Câmara e que não têm o apoio que deveriam ter quando precisam de exportar ou de expandir as suas empresas. A Câmara não tem tido um papel primordial nesse apoio que deveria ter. São as empresas que dão emprego às pessoas. A área da floresta tem sido esquecida e consideramos que, existindo um plano e a autarquia conversando com as entidades que existem e regulam esta área, pode haver forma de potenciar e tirar lucro desta actividade. Os agricultores também não têm o apoio que necessitam. E aqui estamos a falar de quem é fundamental para que a produção dos produtos endógenos aconteça e a produção local se dissemine cada vez mais. A Câmara não tem feito nada por isso. O mais importante, porém, é a atracção de investimento. Também aqui, o município não tem um plano que faça com que empresas novas se instalem no concelho. Se uma empresa vier bater à porta da Câmara, se calhar, não lhe fecham a porta. Só que tem de ser feito muito mais do que isso. Tem de ser criado um plano com directrizes para que o concelho possa ser mais próspero, com mais dinheiro e uma economia de longo prazo.

Há muitas criticas a este executivo sobre o excesso de festas. Esse seria um dos pontos a rever se o CDS/PP viesse a exercer ou a ter a possibilidade de condicionar os destinos da autarquia?

Não dizemos que as festas não podem ser importantes. Achamos que a divulgação para lá das fronteiras do concelho é importante porque isso também pode trazer alguém ao concelho. Mas isso não chega. A festa do queijo, por exemplo, assenta hoje nuns moldes melhores que há 15 anos. Tem uma visibilidade melhor? Sim. Se é feito tudo da forma correcta? Se calhar não. Havia coisas que podiam ser feitas de maneira diferente. Uma coisa é certa, esta metodologia não permite que a economia se sustente a longo prazo. São focos esporádicos que fazem com que se gere uma economia de momento que não se prolonga no tempo. Quando falamos de festas, provavelmente há festas a mais. Se calhar, a Câmara está numa constante campanha eleitoral. E esta é uma forma fácil de a fazer. Connosco não aconteceria.

Como interpreta este silêncio do actual presidente da Câmara, José Carlos Alexandrino, depois de ter condicionado a sua recandidatura à conclusão do IC6 e prometido que anunciaria a sua decisão a 1 de Abril, além de divulgar uma visita do Primeiro-ministro que também ainda não se realizou ….

O silêncio tem sido ensurdecedor. Isso tem sido um facto. Não sabemos se está a fazer isso como forma de pressão para que realmente as coisas aconteçam ou se realmente ele não se vai recandidatar. Mas poucos acreditaram que ele não se apresente a eleições. É um problema dele.

Se não se concretizar o IC6 acha que José Carlos Alexandrino tem condições para se recandidatar?

Não sei, isso tem de lhe perguntar a ele [risos].

Se fosse o Nuno Alves que tivesse condicionado a sua recandidatura à realização do IC6 e tal não se verificasse. Nesse cenário avançava para eleições?

Eu teria de cumprir a minha palavra e não havendo IC6 não me candidataria. Por mais pressão política que houvesse, a minha palavra é só uma. Não se realizando a obra não haveria condições para avançar. Não seria candidato.

Acredita que o IC6 vai ser uma realidade nos próximos tempos?

Acho que já devia ter sido feito. Foi sempre uma guerra entre a Câmara e o Governo. Quando a Câmara era de direita, o Governo era de esquerda, quando a Câmara era de esquerda o Governo era de direita. Neste momento não há desculpa. São ambos da mesma cor política.

Mas faltam verbas…

O Governo anterior alegou isso, mas as circunstâncias eram diferentes. Estávamos numa situação de bancarrota. As prioridades do Governo era pagarem ordenados e reformas. É compreensível. A situação actual é diferente. Compreendo que o actual presidente da Câmara faça essa pressão e que as coisas aconteçam, porque se não acontecerem vamos estar mais quatro anos parados.

Uma das suas propostas é reduzir o executivo a tempo inteiro para três pessoas, o presidente e dois vereadores. Esse número seria suficiente para gerir os destinos do concelho?

Estamos absolutamente convencidos que sim. O que mais nos importa não é estar permanentemente em campanha eleitoral. O que queremos é que o concelho ande para a frente, que todos tenham melhores condições. Uma das razões, em nossa opinião, para a existência de tantos vereadores a tempo inteiro é constituir uma rede tentacular que permite uma acção concertada para ter vereadores em todo o lado ao mesmo tempo. Isso é uma forma de fazer constantemente campanha eleitoral indirecta. Não podemos concordar com isso. O dinheiro dos contribuintes é demasiado importante para ser gasto assim. E andamos há oito anos nestas condições. Três elementos e quadros técnicos competentes são suficientes para que as coisas funcionem de forma linear. O dinheiro dos contribuintes é demasiado importante, não pode ser gasto de qualquer maneira. Não é por acaso que propomos a redução do IMI para os mínimos permitidos por lei e a devolução à população da parte do IRS que cabe à autarquia. Defendemos o financiamento das pessoas e não das instituições.

Uma das preocupações dos municípios do interior é a desertificação que se verifica…

A mim já me preocupa imenso a desertificação das aldeias do concelho em detrimento até da cidade. Daqui a uns tempos temos a cidade com cinco ou seis mil habitantes e as aldeias desertas. Cada vez mais vemos apenas por lá pessoas de idade e os mais jovens a sair. E não vejo a Câmara a tomar medida nenhuma para inverter essa tendência. Ainda não percebeu o problema. Esta semana vi uma reportagem sobre Itália, onde apresentavam um caso como o que está a acontecer aqui. Uma forma de resolverem o problema foi com a chegada de emigrantes e refugiados. Conseguiram voltar a dar dinâmica às aldeias. Regressou a agricultura e toda uma dinâmica. É uma ideia, à qual se podem juntar outras medidas promovidas pelo município.

O seu grande adversário é José Carlos Alexandrino ou o PSD?

José Carlos Alexandrino a recandidatar-se é sempre o grande adversário. Se pensarmos em colher votos, vamos colher mais votos à direita que à esquerda. Esperamos ir buscar as pessoas da direita descontentes e que nas últimas eleições votaram Alexandrino.

Qual a razão de não ter resultado uma aliança com o PSD?

Quem está por aqui sabe que houve problemas pessoais entre o candidato do PSD e o presidente da Câmara. Sabíamos que se calhar isso vinha à baila e que, se calhar, esta candidatura era uma vingança contra José Carlos Alexandrino e nós quisemos fugir um bocado a isso. É uma candidatura demasiado abrangente do que aquilo que devia ser, com apoios muito alargados a vários sectores que confluem no combate a José Carlos Alexandrino. Sentimos que faria muito mais sentido irmos sozinhos do que entrarmos nessa candidatura que classificamos de negativa. Não teríamos proveito nenhum. Nós durante as negociações com o PSD tivemos sempre um plano B e sentimos que eles tiveram muitas dificuldades em arranjar um candidato. Para nós foi simples, o plano B passou para plano A. E cá estamos para  fazer o nosso caminho.

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