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Presidentes de Junta “solidários” com Nogueira do Cravo recusam-se a entregar o “ouro ao bandido”

… elevaram a voz contra a extinção da freguesia de Nogueira do Cravo e “de todas as outras”. “Não à extinção da freguesia de Nogueira do Cravo”.

Esta é a conclusão que resulta da última Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital onde a discussão em torno da ameaça de extinção que paira sobre freguesia de Nogueira do Cravo chegou a inflamar os ânimos com a maioria dos deputados a dizerem “não” à extinção e a também não querem ceder à pressão que está a ser feita junto daquele órgão,para que se se pronuncie em defesa daquela freguesia, obrigando a que também indique quais as restantes freguesias abater.

Nuno Oliveira, presidente da Junta de Freguesia de Oliveira do Hospital foi o primeiro a voltar a dar eco àquilo que já tinha tornado público, assegurando que a autarquia a que preside não tem “ambição, nem interesse em absorver Nogueira do Cravo”. O autarca socialista que levou àquela Assembleia uma moção subscrita por 19 presidente de Junta, incluindo o de Nogueira do Cravo, onde reiteravam a sua posição de rejeição da lei e repudiavam qualquer tentativa de extinção e aglomeração, deixou bem claro que a sua posição em todo este processo é “em defesa de Nogueira do Cravo e de qualquer outra Junta de Freguesia do concelho”.

Dos primeiros a alertar para os prejuízos decorrentes de uma possível extinção da sua freguesia, Agostinho Marques, eleito pelo PS, recordou também ele ser contra a extinção e anexação não só da sua , mas de qualquer freguesia. “Penso que todas têm o mesmo peso para as suas populações”, afirmou o autarca de Alvôco de Várzeas, recomendando à Assembleia Municipal para “não ceder a recomendações de alguns que se sentem poderosos”.

“Esta lei é má”, referiu entretanto o presidente da Junta de Freguesia de Ervedal da Beira que, afirmando-se “solidário” para com qualquer junta “à qual queiram impor a extinção”, também notou que a Assembleia Municipal não se deve pronunciar acerca do processo e “entregar o ouro ao bandido”. “Ninguém nos obriga a isso”, referiu o autarca socialista, que também não gostou do modo como o advogado, que representa a autarquia de Nogueira do Cravo neste processo, efetuou a sua intervenção naquele órgão, acusando-o até de omitir um ponto da lei.

O autarca que, desde o início, disse não estar disponível para ser “coveiro e matador” da sua freguesia, mas que até já chega a olhar para a extinção de Vila Franca da Beira como um dado adquirido – “a Junta de Vila Franca da Beira será uma a encerrar”, observou – apelou na última Assembleia a que todos os presidentes de Junta digam “não” à extinção. Ainda que em defesa de Nogueira do Cravo, João Dinis opôs-se à pronúncia por parte da Assembleia Municipal.

“Não compreendo que para se salvar uma, se tenham que matar quatro”, observou ao autarca da CDU que, neste processo, se regozija pela “lição” que tem vindo a ser dada por autarcas dos partidos do governo ao darem a cara contra a lei da extinção. “Eles não mereciam ter que passar por isto”, disse João Dinis que naquele Assembleia deixou o seu abraço de reconhecimento àqueles autarcas.

Peremptório na intervenção, o presidente da Junta de Freguesia de Lagares da Beira avisou que no caso de a Assembleia Municipal avançar com uma pronúncia e indicar quais as freguesias a abater a sua atitude será de se ausentar da sala ou de votar contra. “A lei está criada, quem a criou que a aplique”, disse o socialista Raul Dinis.

“Não vamos abater duas ou três freguesias para salvar Nogueira do Cravo”, disse também o presidente da Junta de Meruge que, desde logo, discordou daquela que é a posição do povo de Nogueira do Cravo no sentido de a Assembleia Municipal sair em defesa de Nogueira do Cravo e com isso também identificar as freguesias e extinguir. “Vamos lutar para que Nogueira do Cravo não seja extinta, nem nenhuma outra freguesia”, defendeu Aníbal Correia, eleito pela CDU, que disse não acreditar que seja aquela “mancha de território” que vá ditar a extinção de Nogueira e anexação a Oliveira do Hospital. O autarca não escondeu ainda o seu desagrado por afirmações que têm sido proferidas no âmbito deste processo e com o qual se tem revelado solidário. “Estive em Nogueira e houve lá coisas que não gostei de ouvir, quando disseram que se a Assembleia Municipal não se pronunciasse em defesa da freguesia, se abriria uma guerra contra Nogueira”.

Autarca numa freguesia que “também saiu na rifa”, Manuel Garcia confessou-se revoltado com o seu partido, o PSD, que “anda a discutir a eliminação de juntas, quando há tantos problemas por resolver”.

Neste processo que não é de agora, o presidente da Junta de Freguesia de S.Gião elogiou a “solidariedade” que tem existido entre todos os presidentes de junta e, nesta hora em particular, apelou àquilo que chamou de “solidariedade séria”.

Subscritor da moção contra a extinção de qualquer freguesia – “não ficaria de bem com a minha consciência se não o fizesse”, frisou – também o presidente da Junta de Freguesia de Nogueira do Cravo, eleito pelo PSD, foi àquela Assembleia defender a sua autarquia invocando o seu peso enquanto segunda maior freguesia do concelho. “Não nos vamos calar”, referiu, Adelino Henriques.

Independentes e PSD querem que Assembleia Municipal se pronuncie

A ideia de que a Assembleia Municipal deve levar por diante o seu compromisso de defesa de todas as freguesias e não indicar quais as freguesias a abater não é agora comungada por sociais-democratas e independentes. Ainda que tenha salvaguardado que a sua posição é de oposição à extinção, José Vasco Campos disse na noite da última sexta-feira que com a entrada em vigor da nova lei a posição da Assembleia Municipal terá que ser “reavaliada”.

“Esta questão é técnica e a extinção de Nogueira do Cravo não faz sentido nenhum, não desconsiderando as restantes freguesias”, afirmou o eleito pelo movimento independente “Oliveira do Hospital Sempre”, considerando que a questão de Nogueira do Cravo é “aberrante” e “ninguém pode compactuar com ela”. “Há alturas na vida em que temos que tomar decisões e nós vamos ponderar isso mesmo”, assegurou.

Líder da bancada do PSD, João Esteves também defendeu que a Assembleia Municipal se pronuncie sobre esta matéria, sugerindo até a calendarização de uma Assembleia Extraordinária. “Acho que devemos ser nós a discutir e não deixar que outros venham decidir”, referiu o social-democrata que alertou para a indefinição em torno desta questão, porque a lei ainda não entrou em vigor. Ainda assim, João Esteves avisou a Assembleia Municipal de que deve efetuar um “debate sério” porque em, caso de entrar em vigor, aquele órgão não pode deixar de cumprir a lei.

“O pior cego é o que não quer ver”, reagiu entretanto o deputado socialista, Carlos Inácio, numa clara oposição ao deputado João Esteves.

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