O juiz Carlos Alexandre informou o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) de que José Sócrates se preparava para viajar para o Brasil a 24 de Novembro, poucos dias depois de ter sido detido (22 de Novembro). No interrogatório que culminou com a sua prisão, José Sócrates deu ainda indicações que permitiram apreender equipamento informático e informação nele contido que havia sido retirado de sua casa e levado para outro lado. Os factos foram revelados ontem pelo STJ.
A viagem para o Brasil seria no âmbito da sua actividade por conta da Octapharma”, a multinacional farmacêutica com a qual tinha uma avença. Esta terá sido uma das razões que fundamentaram a aplicação da medida de prisão preventiva, pelo perigo de fuga e foi comunicada ao Supremo Tribunal de Justiça pelo juiz de instrução criminal quando foi ouvido no âmbito do pedido de “habeas corpus” do ex-primeiro-ministro.
Na audiência, o advogado de Sócrates rebateu este argumento, alegando que o seu constituinte se entregou. Ele sabia ao que vinha. Diz mesmo [o juiz] que ele estaria no Brasil se não tivesse sido detido. Isso não é verdade. Ele não está no Brasil porque não foi para lá. E podia ter ido. Estava em Paris e apanhava um avião. Tudo isto são lendas e narrativas”.
O juiz Carlos Alexandre confirmou, ainda, que antes da detenção de Sócrates, “verificou-se a retirada [entre os dias 20 e 21 de Novembro de 2014] de objectos, dispositivos informáticos” da casa do arguido que foram, entretanto, recuperados, “após informações fornecidas pelo mesmo em sede de interrogatório”. Esse facto serviu, porém, de fundamento para justificar o perigo de destruição de provas e de perturbação do inquérito. Segundo o Sol noticiou, em causa terá estado o facto de uma empregada do ex-primeiro-ministro ter retirado da sua casa de Lisboa um computador que, segundo o mesmo jornal, foi levado para a casa de um vizinho, onde também fazia limpezas.
Foto: rr.sapo.pt