Home - Opinião - Uma antevisão de 2008
Imagem vazia padrãoDada a previsibilidade da política local, não é difícil – salvo alguns imprevistos – fazer uma antevisão dos principais factos políticos que marcarão o novo ano de 2008. Eles aqui ficam, enumerados por ordem alfabética, de “a” a “z”.

Uma antevisão de 2008

ÁGUA em melhor qualidade e mais quantidade é o que promete a empresa Águas do Zêzere e Côa (ADZC) que, em 2008, deverá ficar responsável pelo abastecimento de água ao concelho de Oliveira do Hospital, através do subsistema da Nª Senhora do Desterro, em S. Romão, que servirá ainda os municípios de Seia e Gouveia.

A ADZC, prepara-se ainda para responder “às necessidades da região” no que respeita “às carências sentidas no saneamento, aumentando os níveis de tratamento de águas residuais, em especial no que toca aos efluentes industriais”. Pacífico, não deverá ser no entanto o processo que esta nova realidade comportará em termos dos elevados aumentos de preço previsíveis nos consumos de água e nas taxas de saneamento.

Imagem vazia padrãoBAIRRISMO – Depois de o próprio presidente da Câmara de Oliveira do Hospital ter admitido que a questão sobre a localização das futuras instalações da ESTGOH é “uma discussão bacoca”, o bairrismo pode exacerbar-se se o Instituto Politécnico de Coimbra avançar com o projecto de criação de um campus universitário da ESTGOH nas antigas instalações da Acibeira, em Lagares da Beira. Por enquanto ainda no segredo dos deuses, o dossiê é polémico e promete gerar acesas discussões, com a CDU a elevar o tom de voz, já que tem sido o partido que mais se vem opondo àquela solução.

CORDINHA – Na Cordinha, uma zona do concelho onde está localizada uma das freguesias mais importantes ao nível do desfecho de eleições autárquicas – Seixo da Beira –, vai ser interessante de acompanhar a movimentação política do autarca do PSD, António Inácio, que actualmente integra a comissão política concelhia do PSD. Da Cordinha para Oliveira do Hospital – por enquanto o cenário ainda só é de mera especulação –, poderá também vir o próximo candidato do PS às Autárquicas de 2009.

DESPORTO – Em termos de campeonatos nacionais, as expectativas centrar-se-ão este ano, essencialmente, na prestação do Futebol Clube de Oliveira do Hospital, que pelo rumo que leva poderá subir de divisão, no Sampaense, já que é sempre uma equipa candidata a um lugar honroso no campeonato nacional de basquetebol da PROLIGA, ou ainda, na equipa de iniciados de hóquei em patins do FCOH, uma vez que é um dos clubes candidatos ao título de campeão nacional.

ELEIÇÕES – Depois das conturbadas eleições de 2006, em Março de 2008 os holofotes voltam a acender-se sobre a sede do PSD de Oliveira do Hospital. É lá que vai acontecer aquele que deverá ser um dos factos políticos mais relevantes de 2008 com implicações ao nível da vida política concelhia nos anos seguintes.

O candidato vencedor – é muito provável que José Carlos Mendes volte a defrontar-se novamente com o vice-presidente de Mário Alves, Paulo Rocha – fica com a chave do PSD para entrar nas autárquicas de 2009 e é esta eleição que deverá definir o futuro político do actual presidente da Câmara e do seu elenco no executivo camarário, mas também das principais figuras de topo da actual concelhia social-democrata.

FREGUESIAS – Com as autárquicas de 2009 a entrarem em contagem decrescente, muitos dos autarcas que governam as 21 freguesias do concelho de Oliveira do Hospital vão entrar em “stress” político porque receiam que – conforme referiu recentemente na Assembleia Municipal um deputado do PS, – o presidente da Câmara exerça o seu condão de “transformar um bom presidente de junta em mau presidente e um mau presidente em bom presidente. Por isso, 2008 será certamente mais um ano em que os presidentes de Junta andarão de chapéu na mão a mendigar junto do poder local.

GUERRILHA – Independentemente do desfecho das eleições do PSD na Primavera de 2008, é muito provável que o clima de guerrilha que se instalou entre as duas facções conheça algum tipo de trégua. As lutas entre a ala de Mário Alves e José Carlos Mendes deverão acentuar-se, mas com armas diferentes: uns, com a arma do poder e, outros, com a arma da palavra.

HABILIDADE – Com 5 milhões de euros em “carteira”, por via de um empréstimo que a Câmara Municipal contraiu, a habilidade de Mário Alves vai estar à prova, sobretudo numa altura em que os autarcas lutam contra o tempo imposto pelo relógio das eleições autárquicas.

IMPREVISÍVEL é o futuro político de António Lopes, o deputado sensação da CDU, que na última assembleia municipal de 2008 suspendeu o mandato pelo período de um ano e, ainda, renunciou ao cargo de presidente da Assembleia de Freguesia de Vila Franca da Beira.

Lopes deverá “andar por aí” – como comentou, publicamente, João Dinis, a propósito da inesperada decisão do seu camarada de partido –, mas ninguém ousa prever qual vai ser o seu posicionamento no tabuleiro do xadrez político local.

JUSTIÇA – Depois do inesperado acordo alcançado em tribunal entre Mário Alves e os seus antigos “compagnons-de-route”, José Carlos Mendes e António Duarte, o presidente da Câmara vai, inevitavelmente, voltar a perder muito tempo com questões processuais que decorrem de vários processos que se encontram a correr contra si no Tribunal Judicial de Oliveira do Hospital. A dúvida reside no facto de se saber se o arguido Mário Alves vai ou não sentar-se no banco dos “réus”.

LARGO Ribeiro do Amaral. É o coração de Oliveira do Hospital e, em 2008, deverá transformar-se numa espécie de estaleiro, em virtude de a Câmara Municipal ter já anunciado a requalificação e beneficiação daquele espaço, para onde se prevê também a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, com capacidade para cerca de 60 lugares, por debaixo da Praça dos Combatentes da Grande Guerra. As intervenções no coração das cidades são sempre problemáticas e, por isso, são muitas as expectativas quanto ao desfecho de uma obra que deverá estar concluída em véspera de eleições autárquicas.

MÁRIO Américo Franco Alves, de seu nome, já disse que “há mais vida para além da Câmara”. Contudo, em 2008, é obrigado a ir a jogo com as cartas que tem na mão: o número de militantes inscritos nos últimos meses no PSD, apenas com fins eleitorais, vai ser decisivo. É um jogo em que Alves sabe que não há desforra e ou ganha ou perde. Se perder, mesmo apesar de não ser candidato, esta deverá ser uma das suas últimas cartadas na sede do PSD.

NOJO – Os primeiros três meses de 2008 vão ser um verdadeiro período de nojo político para os partidos da oposição, já que estarão suspensos do desfecho eleitoral que em Março venha a ocorrer na sede do PSD. Do lado do PS, a estratégia parece ser a de não “abortar” candidatos antes do tempo, enquanto que a CDU deverá estar com “um olho no burro e outro no cigano”. Já o CDS/PP, poderá aproveitar a Primavera para sair de hibernação.

OBRAS – Em 2008, as obras de maior grandiosidade e mais onerosas do Município de Oliveira do Hospital, serão sobretudo a conclusão do novo recinto destinado à feira mensal, a entrada em obra da requalificação/beneficiação do largo Ribeiro do Amaral, a beneficiação/rectificação das estradas municipais entre Oliveira do Hospital e Felgueira Velha e, também, entre Lagares da Beira e Meruge, no limite do concelho.

Face à fase muito embrionária em que ainda se encontram os processos, não é de crer que o executivo camarário consiga pôr em marcha, em 2008, dois antigos projectos que parecem adiados “sine-die”, como a biblioteca municipal e a central de camionagem.

PS – O Partido Socialista sabe que tem nas mãos uma oportunidade única para voltar a conquistar o cadeirão da presidência da autarquia de Oliveira do Hospital, onde já não se senta desde 1993, data em que César Oliveira decidiu regressar à capital.

Com as divisões no PSD, o PS sabe também que em 2009 o seu principal adversário político poderá aparecer “partido em dois”, mas os socialistas só deverão começar a afinar a máquina depois das eleições internas do PSD.

QREN – O Quadro de Referência Estratégico Nacional, em vigor até 2013, é mais uma oportunidade que a União Europeia dá para que os municípios possam dar um salto em frente. A construção das novas instalações da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital, que está actualmente a “rebentar pelas costuras”, deverá ser um dos projectos mais importantes da região que vai ser candidatado ao QREN pelo Instituto Politécnico de Coimbra.

RIOS – É quase certo – assim é há muitos anos! – que os rios que atravessam o concelho de Oliveira do Hospital continuem abandonados à sua sorte, por falta de uma política com consciência ambiental. Perante a passividade das entidades responsáveis, as descargas de efluentes deverão continuar a ser notícia, assim como não se vislumbrará qualquer medida que vise potenciar turisticamente aqueles importantes recursos naturais.

Imagem vazia padrãoSAÚDE – No período nocturno e ao fim-de-semana, o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) do Centro de Saúde de Oliveira do Hospital não deverá certamente escapar à onda de encerramentos que o ministro da Saúde pôs em marcha por todo o país, e tudo leva a crer que a má notícia seja comunicada muito em breve. Restará a esperança de que a Administração Regional de Saúde do Centro e a Fundação Aurélio Amaro Diniz (FAAD) se entendam numa negociação que poderá vir a ser encetada com vista a que o hospital da FAAD venha a garantir, noutros moldes, um serviço de urgência.

TECIDO empresarial. Nas últimas décadas o tecido empresarial do concelho de Oliveira do Hospital tem registado pouca diversificação e vem repousando sobre a indústria de confecções. A Câmara municipal, que não tem mostrado capacidade em atrair novos investimentos, prometeu avançar com a ampliação da zona industrial e dinamizar a economia local com o programa “Oliveira do Hospital – Finicia”. Porém, pelo andar da carruagem, não é muito plausível que o concelho consiga atrair grandes investimentos empresariais em 2008 – um ano em que também é suposto arrancar o projecto da incubadora de empresas. Na área empresarial, vai também ser interessante acompanhar o processo de “resistência” da indústria de confecções, já que é o sector que mais mão-de-obra emprega no concelho de Oliveira do Hospital.

URBANISMO – Em matéria de urbanismo, o destaque vai para a conclusão do processo de revisão do Plano Director Municipal – um documento que está a ser coordenado por um antigo candidato do PS, Lusitano dos Santos –, e que se espera seja, finalmente, publicado em Diário da República durante 2008.

XADREZ – O tabuleiro do xadrez político onde se disputarão as eleições autárquicas de 2009, deverá começar a ser montado em 2008. Para os partidos, o trabalho não se adivinha fácil, já que as principais peças não deverão ser fáceis de movimentar.

ZONA – Se a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital não tiver arte e engenho para, finalmente, encontrar uma solução para a zona industrial da Cordinha, é bastante provável que esse facto seja transformado em anedota política.

Henrique Barreto

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