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Uma OHphicina com paredes de vidro no ensino da música, com reconhecimento além das fronteiras de Oliveira do Hospital

Rui Marques é um apaixonado por música. Começou a dar os primeiros passos na arte na secção de música do Clube de Caça e Pesca de Oliveira do Hospital. O gosto por esta arte levou-o a prosseguir estudos superiores nesta área (encontrando-se actualmente a frequentar o doutoramento). Com os conhecimentos que foi adquirindo chegou à conclusão que Oliveira do Hospital merecia um ensino da música que não fosse limitado às associações e direccionado para a formação de elementos para integrarem os seus próprios grupos. Queria algo mais pedagógico. Avançou com a ideia e, em 2009, fundou a OHphicina das Artes, uma academia que se dedica, sobretudo, ao ensino de instrumentos musicais, como Piano, Violino, Violoncelo, Guitarra Clássica, Bandolim, Guitarra eléctrica, Viola Baixo, Flauta Transversal, Canto e Bateria. Apetrechada com professores experientes (alguns deles provenientes do estrangeiro). Todos dotados de cursos superiores na área.

“Pareceu-me que havia muito a fazer. A OHphicina das Artes nunca pretendeu sobrepor-se à dinâmica do associativismo – pelo contrário, temos procurado complementar essa dinâmica, que considero fundamental. O propósito foi diversificar o ensino da música, promovendo uma articulação com outras áreas do conhecimento, e procurando construir um plano estruturado que, ao mesmo tempo que permite uma aprendizagem sólida aos nossos alunos, contribui para a dinamização cultural da cidade e do concelho”, explica Rui Marques que, entre outras actividades, é também director pedagógico da OHphicina das Artes, que hoje conta com cerca de 120 alunos.

Centro de ensino reconhecido para além de Oliveira do Hospital

_DCS0164 (Small) A academia ultrapassa as fronteiras de Oliveira do Hospital. Como é o único centro de exames da ABRSM e da Rockschool nesta região, recebe todos os anos alunos de outros concelhos. Recentemente, deu início a um acordo com a Escola Profissional da Serra da Estrela, de Seia, ao abrigo do qual recebe para estágios os alunos dos cursos profissionais de instrumentista daquele estabelecimento de ensino. A nível internacional mantém protocolos com instituições conceituadas, como a ABRSM (The Associated Board of the Royal Schools of Music) e a Rock School.

Esta escola pretende, de resto, ser um 1235529_313439122133178_979530083_nexemplo e uma referência. As aulas são individuais, tendo em vista um ensino o mais personalizado possível. “É preciso acompanhar o ritmo de cada um, beneficiar da empatia que a música permite estabelecer entre professor e aluno”, conta o fundador da escola, acrescentando que esta dinâmica é complementada por aulas de grupo, como a Formação Musical e o Treino Auditivo. “Para além disso, temos em funcionamento uma orquestra de cordas e um ensemble de guitarras, e promovemos a associação dos alunos para tocarem em pequenos grupos. Mais recentemente, iniciámos sessões de música para bebés e expressão musical, nas quais os pais acompanham os filhos durante as aulas” resume.

Alunos reconhecidos com menções de mérito e distinção

Os protocolos com as instituições internacionais, ABRSM e a Rockschool, conferem ainda outras valências a este _DCS0163 (Small)estabelecimento. “Têm um efeito positivo que se manifesta de diversas formas. Em primeiro lugar, quer um quer outro oferecem um plano de estudos progressivo e bem estruturado, que contribui para que a aprendizagem dos alunos seja mais consequente. Depois, o facto de os alunos terem o objectivo de realizar uma prova no final de cada ano lectivo leva a que estes se apliquem mais, e a que a família acompanhe de forma mais atenta a sua evolução”, explica Rui Marques, adiantando que estes acordos também permitem a certificação dos alunos em linha com aquilo que se pratica a nível internacional. O que é considerada uma mais-valia.

“Noutros países, esta certificação é bastante valorizada, inclusive no acesso ao ensino superior e em concursos para postos de trabalho em áreas diversas, não necessariamente relacionadas com música”, conta, confessando com uma ponta de orgulho que o mérito dos alunos de Oliveira do Hospital tem sido reconhecido. “Temos obtido bons resultados com estes sistemas – muitos dos nossos alunos têm realizado os seus exames com menções de ‘mérito’ e ‘distinção’”.

Noite de guitarradas e apontamentos num guardanapo

As primeiras reflexões do programa, conta Rui Marques, surgiram numa noite de discussão de ideias e guitarradas e as primeiras notas foram anotadas num guardanapo. No início de 2009, o mentor da iniciativa apresentou um projecto, já mais estruturado, a Fátima Antunes (na altura, vereadora da Cultura da CMOH). Trocaram ideias, discutiram várias hipóteses, mas concluíram que o município não tinha condições logísticas para o acolher. “Foi-me sugerido que apresentasse o projecto da Academia de Música no âmbito do Empreender+ – Concurso Municipal de Ideias de Negócio. A partir daqui, abordei várias pessoas ligadas ao ensino de música no concelho que, por falta de disponibilidade ou de vontade para assumir esta responsabilidade, não me quiseram acompanhar. Avancei sozinho para a elaboração do programa de negócios, com o apoio do Dr. Nuno Fortes, na altura presidente da ESTGOH. Consegui o 2º prémio, que permitiu fazer face às primeiras despesas com equipamentos”, conta Rui Marques que se recusou a instalar a escola na BLC3. “Abdiquei dessa possibilidade, que não se coadunava com o objectivo de ser um espaço absolutamente independente, acessível e perfeitamente integrado na vida da cidade”, frisa.

Adesão superou expectativas do mentor do projecto

A OHphicina das Artes abriu as portas pela primeira vez a 5 de Setembro de 2009. O promotor chegou a temer que _DCS0162 (Small)não houvesse a adesão necessária. Puro engano. No primeiro dia, às 9 da manhã, tinha uma fila de pessoas à porta. “Começámos a trabalhar com cerca de 60 alunos e três professores, nesse primeiro ano. Nos anos seguintes, a escola foi crescendo em espaço e em número de alunos (chegámos a atingir 140 alunos), e houve necessidade de contratar mais professores”. O pico da crise económica não deixou de afectar o projecto. Para superar as dificuldades, a equipa liderada por Rui Marques avançou com mais investimento. “Sofremos uma redução significativa do número de alunos. Investimos numa pequena loja de música que serve sobretudo os alunos da própria escola”, diz.

Academia ajuda em causas sociais

10881860_567219976755090_8975747260920508062_nO número estabilizou pelos cerca de 120 aspirantes a músicos. Mas a procura tem continuado. Principalmente por crianças e jovens. “Começamos a notar o contacto de adultos e de algumas pessoas reformadas, que pretendem ocupar o seu tempo livre de forma activa” sublinha Rui Marques, que procura com a OHphicina das Artes fomentar uma série de iniciativas para que o trabalho realizado ‘entre muros’ por professores e alunos tenha um reflexo na vida cultural e social do concelho. “Promovemos, no final de cada período, uma série de audições em que os alunos, individualmente ou em grupo, se apresentam em público. Estas situações contribuem para envolver o núcleo familiar na aprendizagem dos alunos. Muitas vezes essas audições são associadas à divulgação de instituições de apoio social e à angariação de fundos ou bens alimentares. Por vezes surgem convites de outras instituições que, por falta de condições logísticas (transportes, por exemplo), ainda não podemos corresponder”, explica.

Um concerto com em Oliveira do Hospital com músicos do Conservatório Nacional de Lisboa

Para os próximos tempos estão previstas várias iniciativas. No final do mês de Março haverá a apresentação dos alunos de piano, cordas e canto, ao mesmo tempo que a Academia está a preparar um concerto de professores para o mês de Maio, dedicado ao repertório do jazz. “Eventualmente, se conseguirmos ultrapassar o problema do transporte dos alunos, poderemos vir em concertos promovidos pela ABRSM em Lisboa ou no Porto”, remata, numa altura se prepara também para co-organizar a apresentação de um concerto de um grupo de pessoas ligadas à Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa em Oliveira do Hospital, bem como está confirmada a participação de alunos em masterclasses, em colaboração com o Conservatório Regional de Coimbra. “Estamos constantemente em diálogo com outras instituições”, confessa, para concluir, em tom de desabafo, que por paradoxal que possa parecer “tem sido mais fácil e mais proveitoso trabalhar com instituições de fora, do que com as instituições locais [Oliveira do Hospital]”.

 

 

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