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À Boleia Autor: André Duarte Feiteira

WAKE UP! Autor: André Feiteira

O que faz da juventude um período infeliz é a sua incessante busca pela felicidade. Por vezes, o sentimento de infelicidade é-lhes injectado por aqueles pseudo-frustrados que, não tendo vivido a juventude ao sabor da brisa, tentam agora colocar um pára-vento àqueles que, não tendo asas, parecem ter a capacidade de conseguir voar.

Passados 40 anos das comemorações de Abril, são ainda bem visíveis os resquícios do anterior regime. Se foi a partir do dia 25 de Abril de 1974 que adquirimos as verdadeiras matrizes da liberdade individual, também é verdade que estas, parecem ser, hoje em dia, um instrumento, que poucos jovens usufruem ou são forçados a não utilizar. É, para mim, frustrante reparar que a massa critica, a pró-actividade e a capacidade de iniciativa parecem ter-se esfumado dos hábitos da juventude. Qual o motivo desta apatia? Por um lado, quer-me parecer que, os que ajudaram a construir a democracia em que vivemos, são os mesmos que agora a tentam camuflar. São os que a controlam. Que não deixam que a juventude possa, com esta nova forma de pensamento e de organização mundial, contribuir para o desenvolvimento das diferentes esferas em que se encontram inseridos.

É mais fácil para estes senhores dizer: “são novos”, “só querem boémia”, “não têm experiência”… Mas dá-me vontade de lhes perguntar: “Então e vocês, já nasceram na meia-idade? Pularam a vida boémia? Nasceram ensinados? Na realidade, parece-me (apesar de nos fazerem pensar o contrário) que tal não se verificou. É nesse sentido que deixo aos mais velhos o seguinte desabafo: transmitam conhecimentos, vivências e experiências aos mais novos, mas nunca se esqueçam, que só atribuindo-lhes liberdade para errar e para inovar estarão a contribuir, de facto, para o enriquecimento individual de cada um. Caso contrário, tentando transformá-los numa réplica vossa, para além de não os prepararem para pensar em prol da sociedade, estarão a formatar e incapacitar uma juventude que se pretende reivindicativa e inovadora.

O que me revolta é assistir ao conformismo e a um, já normal, cruzar de braços por parte da juventude. Se olhamos para o passado e nos identificamos com indivíduos, actos ou acontecimentos que mudaram o mundo, não podemos ignorar que antes de isso acontecer algo fez mover o homem. É essa ânsia de mudança, esse espírito ardente de inconformidade e a busca de novos métodos, que fez, do mundo dos nossos dias, um local bem mais aprazível. Não sendo para vós as minhas palavras elucidativas do estado real da nossa sociedade, convido-vos a ler a seguinte citação de Zeca Afonso: “Mas o que é preciso é criar desassossego. Quando começamos a procurar álibis para justificar o nosso conformismo, então está tudo lixado! (…) Acho que, acima de tudo, é preciso agitar, não ficar parado, ter coragem, quer se trate de música ou de política. E nós, neste país, somos tão pouco corajosos que, qualquer dia, estamos reduzidos à condição de ‘homenzinhos’ e ‘mulherzinhas’. Temos é que ser gente, pá!”. Caso também não vos seja perceptível através destas palavras descodificar o que tento transmitir, vou simplificar: WAKE UP!

Autor: André Feiteira

 

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