A Rádio Boa Nova, de Oliveira do Hospital, comemorou no sábado os 30 anos de emissão ininterrupta com uma gala que juntou cerca de quatro centenas de convidados e serviu para distinguir 30 marcas e 30 personalidades. O momento ficou ainda marcado pelos apelos do convidado de honra, António Sala, e do padre António Borges de Carvalho, um dos fundadores daquela emissora, para que não se deixe acabar um projecto que já leva três décadas de existência.
“Uma rádio para existir também tem de estar bem financeiramente. Estão aqui quadros de empresas e espero que criem condições e não deixem que a Boa Nova se apague. É a voz da cidade e do concelho”, referiu o locutor e cantor António Sala que se considerou “um filho adoptivo de Oliveira do Hospital” e para quem a Rádio Boa Nova “tem de continuar a ser o amplificador da cultura e do tecido empresarial do concelho”.
Um apelo que o padre António Borges de Carvalho, um dos responsáveis pelo arranque do projecto, também deixou no ar, depois de lembrar que a ideia de uma rádio surgiu quando começaram a aparecer várias emissoras piratas pelo país. “Um grupo de amigos achou que, se calhar, também devíamos ter uma. Escrevi uma carta a António Sala a pedir a sua opinião. A resposta que veio na volta do correio animou-nos, mas também afrouxou a nossa euforia”, explicou o padre Borges, garantindo que a mensagem de António Sala era clara: “não deixem morrer o projecto”. Recordou ainda que de seguida colocaram um emissor no alto do prédio Areias e foram para o rádio do carro para perceberem se “a coisa” funcionava. “Realmente começou-se a ouvir algo. Chamámos um velhote que passava para ouvir e ele disse ‘olha estão a falar de Oliveira do Hospital na rádio’. Foi assim que este projecto deu os primeiros passos”, recordou. “Não deixem morrer a Rádio Boa Nova”, concluiu.
Um dos actuais responsáveis por aquela estação, Albino José, por seu lado, confirmou que é complicado manter um projecto destes no interior do país. “Não tem sido fácil, felizmente com a ajuda de todos, hoje, estamos aqui a celebrar os 30 anos”, lembrou. Um feito que apenas foi possível graças “à paixão, determinação e loucura”, como sublinhou o colaborador e fundador Vítor Neves.
A Rádio Boa Nova cresceu, sobreviveu e como lembrou o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital transformou-se em algo significativo para a região, até pela longevidade que o projecto já atingiu. “30 anos não são 30 dias. É uma data de referência. O nosso concelho seria na mesma concelho sem a Rádio Boa Nova, mas não seria o mesmo concelho”, salientou José Carlos Alexandrino,
uma das 30 personagens distinguidas na noite de gala juntamente com, entre outros, o jornalista Luís Baila, o futebolista Carlos Martins, a ex-ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território, Dulce Pássaro, o empresário António Lopes, o ex-autarca Mário Alves (que não esteve presente) ou o presidente Fundação D. Maria Emília Vasconcelos Cabral, António Simões Saraiva..
Aquela estação local de rádio aproveitou também para distinguir 30 marcas de empresas e instituições locais. Um mosaico que representa uma mostra do tecido económico e social das últimas três décadas da região. Foram reconhecidas empresas da área têxtil, construção, da floresta, madeira e do mobiliário, do queijo, bem como instituições da inovação e ciência ou da solidariedade social.