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O último homem do povo indígena brasileiro Juma, Aruká, não resitiu à COVID-19

O último homem do povo indígena Juma, Aruká não resistiu à Covid-19. Na quarta-feira, morreu devido a complicações associadas com a doença num hospital de Porto Velho, no estado federal da Rondônia, dá conta o grupo de comunicação social Globo. Aruká tinha entre 86 e 90 anos. Entidades indígenas acusam governo federal de nada fazer para o proteger da pandemia, afirmando que ele foi “assassinado” pelo poder de Brasília.

Da sua etnia só sobram as filhas Borehá, Maitá, Mandeí, mas a continuidade dos Juma ficou garantida com os casamentos das três com elementos do povo indígena Uru-Eu-Wau-Wau, com a qual partilham a mesma língua.E a linhagem também já contempla 14 netos e bisnetos.

Na família de Aruká, durante o mês passado, doze parentes ficaram infetados com Covid-19. O patriarca começou com sintomas a partir de dia 17 de Janeiro. Sentiu-se mal, tendo de ser internado no hospital regional de Humaita. Conseguiu ter alta dias depois, mas o seu estado de saúde voltou a deteriorar-se e teve mesmo de ser internado numa unidade de cuidados intensivos, no hospital de campanha Regina Pacis, em Porto Velho.

Não resistiu à doença e foi enterrado na aldeia onde cresceu, em Canutama. Outros povos indígenas decidiram homenagear Aruká, tendo-se realizado um cortejo de enterro. Várias entidades índigenas publicaram uma nota de pesar a lamentar a morte de Aruká, na qual afirmam que ele foi “assassinado” pelo governo federal, devido à falta de proteção que era concedida aos Juma. “Novamente, o governo brasileiro se mostrou criminosamente omisso e incompetente.O governo assassinou Aruká. Assim como assassinou seus antepassados, é uma perda indígena devastadora e irreparável”, acusam.

O povo Juma, que no início do século XX era composto por mais de 15 mil indígenas, foi vítima de vários massacres. O último ocorreu em 1964, quando um grupo de homens estava interessado em comercializar sorva e castanha que estava no território dos Juma. Perante a recusa de ceder o espaço, os comerciantes alvejaram vários indígenas — sendo que mais de 60 foram assassinados. Sete conseguiram sobreviver, um deles Aruká.

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