“Nos momentos de crise, a imaginação é mais importante que o saber.”
(Albert Einstein)
Perdido na selva, um pequeno cão rói um grande osso que encontrou quando vê um grande tigre vir em sua direcção. Com necessidade de solucionar rapidamente o problema, o cão finge que não se apercebeu do iminente ataque e diz bem alto “que leão delicioso acabo de caçar”. O tigre, ao ouvir isto, pára de imediato a sua investida e fica a pensar: aquele cão é uma fera tive muita sorte em não o ter atacado. Ao presenciar a cena, um abutre dirige-se ao tigre e conta-lhe que ele foi enganado. Acompanhado do abutre e furioso pelo sucedido, o tigre corre em direcção ao cachorro. Apercebendo-se do novo ataque, o pequeno cão nada mais pode fazer senão recorrer de novo à sua criatividade. Assim, continuando a fingir que não se está a aperceber de nada, o cachorro diz bem alto “mas que abutre mais preguiçoso arranjei eu para trabalhar comigo. Estou eu aqui ainda cheio de fome e já há mais de 15 minutos que lhe pedi para me ir buscar um tigre …”.
A história espelha bem o potencial da criatividade na resolução de problemas. No entanto, a ideia de que a criatividade é uma característica inata a alguns seres predestinados que, por alguma razão misteriosa, tiveram a sorte de ser bafejados com essa capacidade é ainda uma crença empresarial. Contudo, todos nós temos potencial criativo, apesar de nem todos termos desenvolvido esse atributo da mesma forma. Em grande parte, a nossa criatividade inata foi-nos retirada pela educação escolar e familiar com as suas regras e preocupação única com o raciocínio lógico dedutivo. Os estudos revelam-nos que 98% das crianças pensam de forma criativa e que essa mesma capacidade só é preservada por 2% da população adulta. Curiosamente, essa capacidade que nos foi retirada pela educação é hoje o que o mercado empresarial mais precisa, pois, como Gilbert Hubbard diz, uma máquina pode substituir cem pessoas comuns, mas máquina alguma pode substituir uma pessoa criativa.
Porém, nem tudo são más notícias. A boa notícia é que todos nós podemos recuperar parte do nosso potencial criativo. Para Arthur Koestler, existem três domínios para o treino e desenvolvimento da criatividade: a arte, a descoberta e o humor. No que diz respeito à arte, é fácil perceber como uma actividade artística regular nos desenvolverá novas formas de ver e pensar. Quanto à descoberta, o seu treino resulta da regular resolução de problemas pouco convencionais. Por último, o humor (que, na sua essência, mais não é do que a associação de ideias e ligações menos convencionais) liberta-nos da nossa rigidez mental e pensamentos habituais, tornando-se, desta forma, o mais rápido potenciador do pensamento criativo. Ou seja, ainda todos estamos a tempo de aprender… a desaprender.
Pelo menos, o mundo empresarial já começou a perceber que a criatividade faz a diferença e se torna o motor da inovação. E se foram a imaginação e a criatividade que fizeram avançar o mundo, talvez seja só uma questão de tempo para serem essas mesmas imaginação e criatividade a governá-lo. O problema é que o desenvolvimento da criatividade necessita de treino e que essa responsabilidade, de treinar equipas, é frequentemente negligenciada pelos líderes. Lew Platt, da HP, disse um dia que não era a pessoa certa para gerar uma boa ideia, mas que se rodeava sempre de criativos e que apenas precisava de escolher as melhores ideias. Por isso, se não quiser você próprio desenvolver as suas capacidades criativas, ao menos ajude a desenvolver a criatividade dos que o rodeiam, já que a criatividade multiplica-se sempre que se divide… por todos.
*sugestão.fordoc@gmail.com
Associação Nacional de Jovens Formadores e Docentes
(FORDOC)