Caríssimas Leitoras e Caríssimos Leitores:
Começo por Vos agradecer o interesse na leitura das minhas «crónicas» no CBS.
E continuando eu nessa tarefa, quero dizer-Vos hoje que, por vezes, aparecem protagonistas que fazem por se destacar na vida pública. Para isso, insinuam-se de tal forma, dão tanto nas vistas, que as Pessoas os consagram como «intocáveis» e por mais que eles errem como todos nós erramos. No frenesim em que se enrolam, e nos enrolam, constroem de si próprios uma imagem «virtual» pois de facto têm pés de barro apesar de também juntarem alguns méritos.
Em matéria de pensamento e escrita, como eu uso fazer, considero um direito e um dever democráticos e de cidadania «martelar» no ferro frio destes tempos crus para ver se dá (boa) faísca, quero dizer, para ver se coloco em apreço pontos de vista diferentes capazes de provocar o pensamento crítico e proporcionar uma maior e mais lúcida imparcialidade nas avaliações a fazer.
Vamos lá tentar então…
Pode ser uma virtude do Presidente da Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital
reconhecer que afinal não é imprescindível na vida das Autarquias do Concelho.
Recorde-se que numa entrevista publicada logo a seguir à sua eleição para a Assembleia Municipal, disse ele que pensava ter chegado ao fim da sua vida política mais ativa e que em primeiro lugar nas suas preocupações estaria a família, etc. Porém pouco depois, apareceu nas listas a candidatos a Deputado pelo PS no círculo eleitoral de Coimbra. Enfim, o costume em matéria da sua coerência incoerente, diga-se… Mas foi eleito Deputado da Nação e faz até parte de três Comissões Parlamentares embora só seja «membro efetivo» numa delas (a «13ª Comissão – Administração Pública, Ordenamento do Território e Poder Local») e «membro suplente» em outras duas. Pois que aí seja útil.
Entretanto, mantém-se por cá como Presidente da Assembleia Municipal, o que é possível embora também possa vir a ser desaconselhável por causa das disponibilidades que se exigem para exercer os cargos, no caso públicos, com eficiência e em presença.
O Presidente da Assembleia Municipal falta à sessão de 29 de Abril, 2022
para poder votar o Orçamento do Estado, na Assembleia da República.
Entretanto, há tempos que estava marcada para 29 de Abril, na Assembleia da República, a primeira votação «na generalidade» da proposta do Governo para Orçamento do Estado, 2022. Claro que o Deputado da Nação de que falamos sabia disso. Mas, ainda assim, no seu papel de Presidente da Assembleia Municipal veio convocar a sessão ordinária para o mesmo dia 29 de Abril (início às 16 h.) em que um dos pontos em Ordem do Dia, é sabido, seria a apreciação e votação do «relatório de actividades e das contas (2021) da Câmara», período de tempo (2021) em que também fora ele o Presidente do Executivo Municipal.
Claro que veio a faltar a esta sessão da Assembleia Municipal que a votação do Orçamento do Estado na Assembleia da República aconteceu cerca das 19 horas de dia 29 e ele, também por «disciplina partidária», teve de ficar para o voto…
Faltou à Assembleia Municipal e assim está a provar ser dispensável enquanto autarca…
Esta sessão da Assembleia Municipal decorreu sem sobressaltos sob presidência de substituto como mandam Lei e «Regimento». Portanto, é dispensável a presença tutelar do Presidente que, como provou já, tem coisas mais importantes a fazer na Assembleia da República. Enfim, terá feito alguma falta caso quisesse participar no esclarecimento público do imbróglio, mal explicado na sessão pelo atual Presidente da Câmara, em torno do atraso escandaloso (pelo menos cinco anos!) que acontece nas obras de modernização da «Casa da Cultura César de Oliveira».
Hoje podemos ainda dizer que, tal como ele próprio está a fazer prova, o atual Presidente da Assembleia Municipal é em geral dispensável como autarca em Oliveira do Hospital. Pois então, e como ele optou, que aproveite melhor tempo e função na Assembleia da República!
Pois se o «Prof. Martelo» se sente assim tão «ucraniano» pois que vá para a Ucrânia. Mas cuidado com o presidente de lá que ainda o «ilegaliza» e até poderá prender…
Lembro-me da designação alegórica – «Professor Martelo» – que um programa televisivo dava ao atual Presidente da República Portuguesa. Afirmo que não me rala a apropriação, para o efeito, do «Martelo» do meu nome pessoal embora recomende que cada um de nós fique com o seu próprio «Martelo» para martelar à sua maneira…
Uma vez, um Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) resolveu imiscuir-se nos assuntos de outros países, aliás como habitual e abusivamente gostam de fazer os Presidentes dos EUA. Então, em 1963, em Berlim das duas Alemanhas da «guerra fria» da época, proclamou em alemão:- «Ich bin ein Berliner» («Eu sou um Berlinense !»), num discurso que por isso mesmo ficou famoso.
Talvez para também ficar com discurso famoso, o atual Presidente da República Portuguesa, a 25 de Abril deste ano, na Assembleia da República de Portugal, resolveu falar por todos nós e sem perguntar opinião proclamou, retoricamente embora, que «somos todos ucranianos…» embora não tenha dito isto em ucraniano… Talvez que por isso mesmo este seu discurso não venha a ficar «famoso»…
Nestas coisas controversas, convém que cada um fale por si. Eu cá, seguramente, não sou ucraniano que se o fosse provavelmente o meu nome teria «молоток» em vez de Martelo… E como sou patriota, eu cá prefiro «martelar» em Português…e também não embarco nesta histeria montada em torno da guerra. O que não quer dizer que não me aflija com o que se passa e com a escalada desta guerra que não devia ter começado e ainda não acabou na Ucrânia, e que ameaça desenvolver-se a pontos do insuportável !
A Democracia Portuguesa defende-se melhor em Portugal através da resolução dos nossos problemas e ainda que nos preocupemos muito com os problemas dos outros!
O 25 de Abril é em primeiro lugar do Povo Português!
A Constituição da República Portuguesa saída do nosso 25 de Abril consagra uma alínea de um dos seus principais Artigos (o 7º) em que se proclama: «…bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos».
Bonitas e oportunas proclamações que, cabe lembrar, o Presidente da República Portuguesa e outros Governantes juraram respeitar mas que, afirmo, não têm respeitado!
Denuncio até aquelas patacoadas oficiais e oficiosas segundo as quais temos de aumentar os Orçamentos da Defesa Nacional – como enfatizou o Presidente da República Portuguesa a 25 de Abril – porque aquilo que os «inflamáveis» pretendem é ter cada vez mais dinheiro público para pagar ainda mais armamentos e guerras ainda que a milhares de quilómetros do nosso País! Não, não se trata de «defesa nacional» mas de ataques militares em terras dos outros, o que «eles» preconizam e querem financiar…
Defender Portugal e a Democracia Portuguesa é, em primeiro lugar, proporcionar melhores condições de vida e de trabalho à População, incluindo, claro, os milhares de Ucranianos que temos acolhido no nosso País.
Também para isso, e como já por aí li, venham mais verbas públicas no Orçamento do Estado mas para…melhor Saúde…melhor Educação…melhores salários, pensões e reformas…melhor e mais acessível Habitação…menos carestia de Vida! Também por isso, «zero» em dinheiro dos nossos impostos para mais armamentos e mais guerras! Sim, «só» a PAZ vale a pena!
Autor: Carlos Martelo