O presidente da Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, envolve-se nos debates e nem se dá ao trabalho de sair da Mesa para ir falar de onde falam os outros Eleitos Municipais. Pretende ser politicamente o “dono disto tudo” – comenta-se. A última Assembleia Municipal mostrou que o agora presidente daquele órgão ainda não percebeu que as suas funções não são as de líder de executivo. Exorbitou funções e mostrou ignorância. Insólito, diga-se.
No início da reunião, o munícipe José Carlos Marques (de Lagares da Beira), enquanto “público” e porta-voz do “Movimento Cívico Independente em Defesa do Açude da Ribeira”, apresentou uma elaborada posição crítica sobre a obra municipal do “Passadiço do Açude da Ribeira” no Rio Seia, próximo a Ervedal e a Lagares. “Passadiço” que classificou como um “monstro” e um atentado paisagístico ao local pelo que deverá ser retirado de lá. O Presidente da Câmara respondeu a seguir, apresentando as suas justificações e argumentos.
O Presidente da Assembleia Municipal, porém, achou que também tinha direito a pegar no assunto para se insurgir, aliás durante largos minutos, contra quem se opõe a essa obra que ele promoveu em candidatura apresentada pelo executivo da Câmara de que era Presidente ao “Programa Operacional do Centro – Portugal 2020”. E entre outros “mimos”, logo acusou José Carlos Marques de dizer “uma série de asneiras” que prometeu desmontar, sem, todavia, o ter feito. Mas a parte mais insólita foi quando “berrou” ao referir que ser “mentira e demagogia” dizer-se que estão lá gastos “500 mil euros (custo actual da obra) do nosso dinheiro, do dinheiro dos nossos impostos!”. E prosseguiu, afirmando sem corar que ali na obra do “Açude da Ribeira” não foi gasto dinheiro nem do orçamento nacional nem do orçamento municipal pois esse dinheiro (os 500 mil euros) “veio todo de Bruxelas” e que, portanto, não foi lá gasto “dinheiro dos nossos impostos”.
A respeito e para ajudar a esclarecer esta situação dos financiamentos, diga-se que, em primeiro lugar, Portugal comparticipa com bastante dinheiro “dos nossos impostos”, designadamente do IVA, para o Orçamento de Bruxelas ou seja da União Europeia. Depois, no investimento total aprovado para a obra, há uma comparticipação nacional de 15 por cento, daí Bruxelas pagar “apenas” 85 por cento, sendo que com as alterações posteriores de preços, a Câmara suporta também esses custos adicionais. Portanto, não é nada abonatória da parte de quem a exibe, tanta falta de conhecimentos, tendo até em conta que foi Presidente da Câmara e promotor directo do projecto em causa, que é Presidente da Assembleia Municipal e que, ainda por cima, é deputado na Assembleia da República onde, ainda recentemente, deve ter ouvido falar horas seguidas sobre Orçamento do Estado. «Como é possível?…» – também houve quem perguntasse perplexo. “Como permite isto o actual presidente da Câmara Municipal, claramente empurrado para um papel secundário nos debates onde deveria ser a principal figura a responder aos eleitos?”, interrogaram-se outros.
A terminar deixou ainda uma proposta ao presidente da autarquia para se instalar um sistema de bombagem da água do “poço de captação” que fica uns 150 metros a jusante do Açude e que abasteceu Ervedal com água pública. Bombagem de retorno ao Açude para repor a queda de água no Verão e Outono quando o Rio Seia fica sem caudal. Ora, isso é puro delírio. Nem centenas de poços desses a bombear água – e teria de se esperar que, sucessivamente, depois de despejados se enchessem de novo…- dariam para repor o caudal necessário. Uma ideia “alucinante”.
Autor: Manuel Mendes