Numa reunião que manteve hoje com o Sindicato do Sector Têxtil e das Confecções do Centro (SSTCC), e também com o administrador de insolvência da empresa de confecções HBC, António Lopes manifestou-se interessado em retomar a laboração daquela unidade industrial.
A informação foi obtida por este diário digital junto do próprio empresário, que disse estar disposto a comprar a empresa – e a assegurar a manutenção dos 160 postos de trabalho –, desde que “a adquira pelo valor líquido do seu património, livre de ónus e encargos”.
Salientando que “como é óbvio, ninguém compra dívidas”, Lopes frisou também que participou hoje naquela reunião acompanhado por um dos administradores da Davion, Mário Brito, por entender que aquele empresário poderá vir a fazer “parte da solução”. “É uma pessoa com reconhecidas capacidades técnicas no sector e com muito ‘know-how’ ”, afirmou.
Adiantando que “desde há algum tempo que vinha analisando esta possibilidade” de adquirir a HBC, aquele empresário – Lopes é detentor de uma das mais importantes fábricas laneiras do país, a Fiper, na Covilhã –, também sublinhou que , agora, “o importante é que o Estado, que é o principal credor, esteja disponível para encontrar uma solução”. “É uma questão de inteligência”, disse.
Sublinhe-se que no plenário de trabalhadores – também realizado hoje –, o SSTCC e o administrador de insolvência deram conta de que os prazos concedidos pelo tribunal para que pudesse vir a ser encontrada uma solução estavam no limite, e decidiram solicitar mais um mês ao Juiz do Tribunal Judicial de Oliveira do Hospital para que possam ser tomadas decisões concretas.
Empresário adquiriu Aldeia do Vieiro
O também candidato do PS à Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital, nas eleições autárquicas de domingo, ressalvou entretanto que esta decisão “não tem nada a ver com períodos eleitorais e é preciso respeitar os trabalhadores”. “Não tenho culpa que a reunião se tivesse realizado hoje”, sublinhou aquele empresário que, na passada sexta-feira, também realizou um importante investimento, ao adquirir a abandonada aldeia do Vieiro, na localidade de Póvoa de S. Cosme, freguesia de Ervedal da Beira, com o fito de ali desenvolver um projecto turístico.
Paralisada desde o passado mês de Abril, o encerramento da HBC colocou 160 trabalhadores no desemprego.
Em causa está um passivo na ordem dos 3, 5 milhões de euros. Os maiores credores da empresa são o Estado, com 2,1 milhões de euros, e os trabalhadores, com direitos adquiridos de cerca de 1,2 milhões de euros.
O património desta empresa está avaliado em aproximadamente 300 mil euros.
Dirigente do Sindicato já comunicou intenção de compra
ao Governador Civil de Coimbra
Contactada pelo correiodabeiraserra.com, a dirigente sindical do SSTCC, Fátima Carvalho, afirmou a este diário digital – sem especificar nomes – que “seria muito bom para o concelho e para as trabalhadoras” que a proposta que hoje foi avançada se concretizasse. Fátima Carvalho disse já ter comunicado esta intenção de compra ao Governador Civil de Coimbra, e explicou que vai também “transmitir esta posição ao poder central, para que ajude a encontrar um solução”.
Preocupada com o número de empresas de confecção que nos últimos tempos tem vindo a encerrar, no concelho de Oliveira do Hospital, aquela sindicalista defendeu que “é preciso inverter a tendência, porque senão hoje cai uma, depois cai outra e assim sucessivamente”.
A responsável do SSTCC diz ainda que, em tempo de eleições, faz “um apelo aos candidatos às autárquicas” no sentido de os sensibilizar para o facto de que “a primeira prioridade que têm pela frente é unir esforços para viabilizar as empresas que existem e para se criarem novos postos de trabalho”. “Acho que em Oliveira do Hospital, isso tem sido descurado e não pode voltar a acontecer”, referiu