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Aposentação de médica de família dificulta acesso a consultas em Lagares da Beira

 

… e as consultas deixaram de ser diárias, obrigando muitos utentes a pernoitar à porta da extensão de saúde para marcação de uma consulta.

O sinal de alerta foi dado sexta-feira pelo presidente da Junta de Freguesia de Lagares da Beira que, em reunião de Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital, deu conta da sua preocupação relativamente à aposentação da médica de família e consequente redução do número de consultas agora ao dispor dos cerca de dois mil utentes – das freguesias de Lagares da Beira, Lajeosa, Travanca de Lagos e Meruge –  que acorrem à extensão de saúde da freguesia.

“É uma situação que nos aflige, porque Lagares da Beira sempre teve médico de família”, afirmou Raul Costa, alertando para o facto de ser cada vez mais difícil à população – “algumas pessoas já têm muita idade”, notou – conseguir uma consulta médica. De acordo com o autarca, o problema está por agora a ser minimizado com a presença de três médicos que asseguram um conjunto de oito consultas, três dias por semana ( segunda, terça e sexta-feira).

Uma cobertura considerada insuficiente já que para além de não assegurar as consultas a grávidas e crianças, não é diária, obrigando a que os utentes acorram de madrugada para a porta da extensão de saúde – a Junta de Freguesia criou um espaço resguardado para o efeito – para conseguirem uma das oito consultas disponíveis.

Sem deixar de registar a total abertura e disponibilidade manifestada até ao momento pela responsável pelo centro de saúde de Oliveira do Hospital e os três médicos que “têm assegurado a situação provisoriamente”, o presidente da Junta de Freguesia garante não abdicar de devolver um médico de família aos utentes da extensão de saúde de Lagares da Beira. “Queremos voltar ao sistema que tínhamos antes”, referiu o autarca ao correiodabeiraserra.com, contando que é sua intenção reunir com a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro com vista à resolução deste problema.

Ainda que em defesa dos utentes da sua freguesia, Raul Costa não deixa de notar que o problema que afeta Lagares da Beira é transversal a todo o concelho de Oliveira do Hospital em face da redução do pessoal clínico. “No concelho tínhamos 18 médicos, agora temos apenas 11”, referiu.

Quem partilhou da preocupação de Raul Costa foi o autarca de Meruge que, há dois anos, assistiu ao encerramento do posto médico da freguesia que obrigou a população local a acorrer à extensão de saúde de Lagares da Beira. “Qualquer dia as pessoas vão à noite e com dois dias de antecedência para conseguirem uma consulta em Lagares da Beira”, referiu, reforçando a necessidade de o concelho ser provido de novos médicos.

Autarca numa freguesia (Vila Franca da Beira) que também tem que acorrer à extensão de saúde vizinha (Ervedal da Beira), João Dinis chamou a atenção para “o processo de sangria de instituições no concelho”.

Unidade móvel vai prestar apoio a freguesias sem médicos

Sem condições para inverter um cenário de falta de médicos que “é geral”, o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital disse estar para breve a nova resposta de saúde concelhia. “Vamos implementar uma unidade móvel de saúde para prestar apoio às freguesias sem serviços médicos”, afirmou José Carlos Alexandrino, contando que a nova resposta resultou de uma parceria estabelecida entre a autarquia oliveirense e a Fundação Aurélio Amaro Diniz.

Segundo contou, a viatura já foi adquirida com financiamento do PRODER, estando por esta altura a ser trabalhada e apetrechada. Numa primeira fase, a unidade móvel vai atuar de modo experimental em apenas algumas freguesias sem cuidados de saúde, sendo depois o seu serviço alargado às restantes freguesias.

“Em Oliveira do Hospital fazemos o nosso trabalho”, regista o presidente que neste projeto tem ainda a sublinhar a mais valia de se “amenizar o problema da falta de médicos recorrendo ao número excessivo de enfermeiros”.

Com a Unidade Móvel de Saúde, Alexandrino acredita que a população concelhia ficará mais protegida no que a cuidados de saúde diz respeito. “Vamo-nos substituir a quem tem reais responsabilidades”, considerou, percebendo também que “enquanto alguns destroem, nós construímos para servir a população”.

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