De acordo com a acusação, por volta das 02h0, o jovem ter-se-á deslocado no seu carro, um Honda Civic preto, até à Rua Pedro Olaio, junto à Loja do Cidadão, em Coimbra, onde se encontrou com uma amiga. Uma hora depois, chegou ao local uma equipa da PSP, altura em que o arguido terá consumido cocaína dentro do carro. Quando os elementos policiais “já se preparavam para abandonar o local, o arguido trancou as portas do carro e ligou o mesmo”, com a sua amiga a perguntar-lhe o que estaria a fazer. “Eu fiquei em estado de choque, com o facto de ter fechado as portas e ele arrancar”, disse a amiga do jovem, em Tribunal.
De acordo com a acusação, o arguido arrancou imediatamente com o veículo, contra a vontade da sua amiga, que lhe pedia para sair da viatura. “Fui sempre a pedir [para sair do carro]”, afirmou no julgamento. Os agentes da PSP foram em direcção ao carro, com ordem de paragem, mas o homem terá ignorado e acabou por iniciar uma fuga em direcção à avenida Fernão de Magalhães, em Coimbra. Outros dois agentes encetaram uma perseguição automóvel ao arguido, que conduzia já em direcção à Casa do Sal, sempre em grande velocidade e ignorando os gritos “em pânico” da sua amiga, que continuava a pedir-lhe para a deixar sair do carro.
O jovem, hoje em tribunal, confirmou que a sua amiga lhe “pediu para parar”, no entanto ignorou o seu pedido. O arguido admitiu que estava sob efeito de álcool, que tinha bebido ao jantar, e sob efeito de droga, concretamente, cocaína, que havia consumido no automóvel.
Logo após a rotunda de cruzamento da avenida Fernão de Magalhães com a rua Padre Estêvão Cabral, estava a passar a pé um homem, que atravessava a via de um lado para o outro, tendo o jovem embatido na parte dianteira direita do carro contra o peão, que foi projectado para a frente e que morreu no local, com várias lesões traumáticas.
A amiga do jovem, que estava no carro contra a sua vontade, ouvida hoje em Tribunal, disse que alertou da presença de um peão, antes da rotunda, no entanto, não se recorda se houve travagem ou alguma manobra de desvio. Segundo o Ministério Público, após o embate, o arguido prosseguiu a marcha até à estação de Coimbra-B, com intenção de deixar o carro naquela zona e dá-lo como roubado. O arguido decidiu depois prosseguir a fuga e acabou interceptado por agentes da PSP junto à estrada de acesso ao Loreto, quando estes ordenaram, através de altifalante, para desligar o carro e imobilizá-lo junto à berma. O jovem acabou por acatar as ordens, mas apenas por alguns segundos, encetando novamente a fuga. Junto ao campo de futebol da Adémia, o arguido voltou a fazer o mesmo, quando outro agente lhe pediu para parar a viatura. Depois de deixar a sua amiga em casa, acabou interceptado pela PSP por volta das 04h:00, à saída da sua residência.