Cinquenta anos passados, muitas das obras que foram erguidas com perseverança mereceram lembrança de outros tempos.
A actual direcção da Comissão de Melhoramentos de Vilela, da freguesia de Nogueira do Cravo prima pela juventude. José Ferrão, presidente, Ricardo Henriques, secretário e Marco Santos, tesoureiro, ainda não completaram trinta anos. Mais ano menos ano contam o vice-presidente Mário Cardoso e o vogal César Henriques.
A esta equipa juntaram-se outros dirigentes e muitos amigos que, em conjunto, proporcionaram a cerca de três centenas de convivas uma bonita festa de aniversário.
Longe vai o tempo dos encontros de vária ordem, em Lisboa, nas décadas de sessenta e setenta, onde se angariavam fundos com a finalidade de levar por diante algumas das obras mais importantes da povoação, da iluminação ao calcetamento das ruas.
A capital do país era a “sede” de inúmeras comissões do estilo, e a elas se deve, sem dúvida, algum do progresso que se registou por toda esta região. Vilela não fugiu à regra.
Recorda-se a reconstrução da “Escola Velha”, em 1975, “…onde muitos dos fundadores aprenderam a ler e a escrever…” e os benefícios que daí advieram com a instalação da própria Comissão. Mais tarde, em tempo recente (200/01), voltaram as obras de restauro, e hoje o edifício apresenta-se airoso e funcional, satisfazendo em absoluto as necessidades primárias da instituição.
Espalhados um pouco por toda a parte, a Comissão conta com cerca de quatrocentos associados, número significativo, que lhe garante algum bem-estar económico, depois de contabilizado o apoio da Câmara Municipal, no montante de quinhentos euros por ano.
Agora que o poder autárquico zela pelas freguesias com algum empenho, o papel das Comissões de Melhoramentos passou a ser outro. Em Vilela há projectos para algumas intervenções sociais, mas o que se destaca nas festas e convívios, organizados pela instituição, é a liberdade de cada um contribuir conforme as suas disponibilidades económicas.
Meio século a contribuir para o progresso
Além do edifício sede, há terrenos que fazem parte do património da Associação. Algumas infra-estruturas, como os fornos, onde foi cozido o pão servido no almoço de aniversário, permitem alguma utilização; no futuro, outras benfeitorias hão-de surgir.
Em tempos, o Grupo Académico de Vilela e a Associação de Melhoramentos da localidade disputaram entre si a liderança associativa; hoje nada disso acontece, as duas instituições têm o seu papel bem definido na vida comunitária: o Clube pela prática desportiva e a Associação através dos convívios, contribuem para o desenvolvimento, progresso e divulgação de Vilela.
O facto da direcção pertencer a uma faixa etária baixa, é “…o reflexo de alguma rivalidade saudável com o Clube”, adianta Ricardo Marques, que refere ainda a curiosidade de alguns vilelenses pertencerem a ambas as colectividades.
O aniversário foi o pretexto para a inauguração de outros melhoramentos na sede:
-“Entre pinturas, mosaicos e outros arranjos exteriores gastámos cerca de seis mil euros. Instalámos aquecimento central, chão novo, enfim…alindámos a nossa casa e criámos condições para que todos se sintam bem…”.
Vilela tem alguns motivos de interesse, com destaque para a capela de Nossa Senhora da Conceição, reconstruída em 1758, após a destruição da anterior pelo terramoto de 1755.O símbolo da Associação de Melhoramentos presta-lhe homenagem.
Mesmo em frente à antiga Escola, transformada na sede da colectividade, como se disse, existe uma antiga fonte em bom estado de conservação; por cima um miradouro, de onde se espraia o olhar até ao horizonte que a serra recorta no céu.
O jovem presidente José Ferrão, e os restantes companheiros, orgulham-se da festa do meio século de existência da instituição que representam, “… esperando que outros como ele continuem a assegurar o futuro da Comissão, para que possa comemorar o centésimo aniversário”.
Carlos Alberto