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Cabeça, a aldeia do concelho de Seia que o Natal fez renascer

A partir de Outubro, o contabilista Nuno Silva transforma-se em electricista e coordenador da operação que vai transformar a pequena localidade de Cabeça, no concelho de Seia, na Aldeia Natal ecológica. Um evento que desde 2013 tem vindo a atrair cada vez mais visitantes e investimento.

Em Dezembro, graças a este trabalho, que o CBS acompanhou por um dia, as ruas e casas de xisto enchem-se pelo nono ano de luzes e decorações natalícias de materiais recicláveis ou de origem natural (como giestas, vides, folhas de fetos ou lã das ovelhas bordaleiras Serra da Estrela). Tudo feito à mão por boa parte dos 140 habitantes da localidade que foi a primeira aldeia do país (2011) a substituir a iluminação pública pela mais económica e ecológica LED. Está também dotada de fibra e a cobertura de telemóvel é assegurada em exclusivo com 4G pela Vodafone.

“As outras não têm cobertura aqui”, explica Nuno Silva, de 42 anos, que vai carregando um escadote para ajudar nas últimas ligações eléctricas para dar cor à noite da aldeia que já conta com muitos visitantes que vão assistindo ao trabalho de decoração. “Estimamos que passem nestes dias pela Aldeia Natal cerca de 20 a 30 mil pessoas. Houve um ano em que tentámos contabilizar a quantidade de visitantes, mas deixámos de contar a partir das 20 mil”, sublinha o coordenador desta operação, que envolve mais de 40 voluntários da aldeia, que tem dado fama e proveito à terra. “Os visitantes actualmente já chegam durante todo o ano. Cabeça passou a ser um local de visita obrigatória para quem visita a Serra da Estrela”, conta.

Evento atrai investimento em alojamento local

Com o movimento de forasteiros, chega também o investimento. Há já dois estabelecimentos de alojamento local de habitantes locais, mas um investidor de Seia já adquiriu três casas para as transformar em empreendimentos turísticos. “Além disso, muitos daqueles que tinham partido para os grandes centros urbanos ou para o estrangeiro estão a apostar na recuperação das habitações de família. Este evento mudou por completo a aldeia de Cabeça”, frisa Nuno Silva. Uma opinião partilhada por Maria Angelina que, apesar dos seus 75 anos, mostra-se completamente à vontade com as máquinas fotográficas, “drones” e telemóveis que vão recolhendo imagens. “Mudou tudo e nós gostamos de ver cá muita gente, tanto agora como no Verão”, sublinha.

“Este ano está diferente por causa dessa coisa da pandemia. Mas continua muito bonito”, remata Angelina, numa alusão às condicionantes provocada pela COVID-19 que obrigou a reduzir o período do evento e não permite a existência do presépio vivo. Os responsáveis pelo evento avisam que para descer até à aldeia será necessário mostrar o certificado de vacinação ou um teste negativo ao SARSCoV2.

“Mas é muito melhor que no ano passado que foi simplesmente digital. Há o regresso a uma certa normalidade, embora não totalmente”, conta Nuno Silva, chamando Luísa Dias que circula em passo apressado. “É a nossa responsável pela decoração”, explica. Luísa pára e explica que não é só ela a responsável por um visual que é diferente todos os anos. Essa honra, assegura, é partilhada com Zé Marques. “Não nos inspiramos em nada. É segundo a nossa imaginação. O que sabemos é que não se pode repetir a do ano anterior”, explica-nos. “O interior da igreja também é decorado, porque queremos que exista uma comunhão entre o interior e o exterior”, acrescenta.

Cai a noite. As luzinhas de natal começam a brilhar. O frio começa a aumentar. As ruas, por esta altura, ficam desertas. Sente-se o cheiro a fumo proveniente de lareiras acesas. Está na hora de ir embora. No dia seguinte, os populares regressarão ao trabalho, dando os últimos retoques no cenário que pretende continuar a ostentar o título da Aldeia Natal mais ecológica de Portugal. O evento, que abriu portas no sábado, prolonga-se até dia 2 de Janeiro.

 

Foto-reportagem: Nuno Tavares Pereira

 

 

 

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