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Como se criam empresários…

… estão localizadas em Coimbra por falta da prometida incubadora de empresas.O Correio da Beira Serra dá-lhe dois exemplos de como é que em dois concelhos da região se promove o empreendedorismo.

As duas empresas que em Outubro do ano passado venceram o concurso “Empreender +” – a “Logic Pulse” e a “Fauna Polis” – e que foram, respectivamente, contempladas com prémios monetários de 15 e 10 mil euros, estão sedeadas em Coimbra porque a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital (CMOH) – a entidade promotora daquele concurso municipal de ideias de negócio –, ainda continua às voltas com a criação de uma incubadora de empresas.

Segundo o regulamento do “Empreender +”, um dos objectivos do programa consistia em “incentivar o empreendedorismo e a inovação, tendo em vista a renovação e diversificação do tecido económico concelhio, a fixação de quadros e a consequente criação e distribuição de riqueza”. Porém, o programa está moribundo, uma vez que não só não voltaram a aparecer candidaturas com novas ideias de negócio, como também ainda não foi criada a incubadora.

Numa recente reunião do executivo camarário, o vereador do PS, José Francisco Rolo, questionou o chefe do executivo sobre esta questão, afirmando que “o Empreender +” redundou num fracasso”. Culpabilizando a autarquia oliveirense pela “reduzida divulgação dos projectos”, Rolo insurgiu-se também contra o facto de as empresas premiadas o ano passado estarem agora localizadas em Coimbra.

O presidente da Câmara continua no entanto a defender a tese de que “a autarquia não faz empresários… criamos iniciativas para despertar este sentido empresarial e empreendedor. As sementes estão lançadas e as pessoas têm que tomar decisões de poder ou não apresentar projectos”, sustenta Mário Alves.

Empresas premiadas manifestam vontade de se instalarem em Oliveira do Hospital

Contactado por este jornal, um dos administradores da “Logic Pulse”, Carlos Fernandes, sublinha que aquela empresa, que se dedica essencialmente ao desenvolvimento de soluções tecnológicas nas áreas do RFID e da biometria, “sempre mostrou a sua vontade de trabalhar no concelho”, até porque – conforme frisa – “o prémio atribuído tinha também a componente de instalação física da empresa na incubadora a criar pela câmara”.

Sublinhando que a “Logic Pulse” tem vindo no entanto a trabalhar no concelho de Oliveira do Hospital, Carlos Fernandes aponta a relação que a empresa vem mantendo com a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital (ESTGOH), nomeadamente através de “um protocolo estabelecido para o desenvolvimento conjunto de produtos na área do RFID; “estágios curriculares” e “contratação de alunos formados na ESTGOH para os quadros da “Logic Pulse”.

Segundo aquele empresário, existe inclusivamente “um projecto inovador na área da gestão de resíduos urbanos”, que está a ser desenvolvido “em colaboração com a Câmara Municipal”.

O administrador daquela empresa de serviços, refere também que a sede da “Logic Pulse” “está efectivamente em Oliveira do Hospital em morada temporária até ao alojamento na incubadora”. Contudo, basta aceder ao site da empresa em www.logicpulse.pt, para se perceber que a sua actividade empresarial está concentrada no Centro de Empresas de Taveiro, em Coimbra.

Carlos Fernandes, explicou ainda ao CBS que tem “indicação da câmara de que a instalação na incubadora poderá acontecer em breve”. “De acordo com o que nos foi dito apenas se estão a finalizar alguns processos burocráticos. O arrastar desta situação não é do nosso agrado, no entanto, sabemos que estes processos demoram o seu tempo e reconhecemos o esforço da câmara (nomeadamente do dr. Paulo Rocha) na rápida resolução desta situação”, salientou.

A outra empresa premiada – a “Fauna Polis”, um gabinete de projectos geológicos e ambientais – também se encontra sedeada em Coimbra porque, conforme referiu a este jornal uma sócia da empresa, já foram feitas várias reuniões com a câmara municipal, mas o problema é o mesmo: “a informação que temos é que a incubadora não está pronta”, afirmou ao CBS Susana Cortez, dando no entanto conta de que a “Fauna Polis” já detém vários clientes na região e no concelho de Oliveira do Hospital, bem como mantém relações estreitas de cooperação com a ESTGOH.

O empreendedorismo na região: o exemplo de Mortágua

O Correio da Beira Serra foi tentar perceber como é que funciona um dos mais recentes projectos com vista a incentivar o empreendedorismo. Trata-se do “Ninho de Empresas de Mortágua” (NEM). Inaugurado dia 1 de Maio de 2008 – no dia do município –, a criação daquela infra-estrutura, que entrou em funcionamento no passado mês de Julho, traduziu-se num investimento da Câmara Municipal na ordem dos 670 mil euros e foi comparticipado em cerca de 432 mil euros pelo Programa Operacional Região Centro.

Instalado num moderno edifício construído para o efeito, o NEM assume-se como “um espaço ao dispor dos empreendedores” que tem como principal missão “estimular a inovação, o espírito de iniciativa e o empreendedorismo, nomeadamente o empreendedorismo jovem”.

Com um total de 14 espaços equipados com mobiliário de escritório, telefone e internet, as empresas que aqui se queiram instalar pagam mensalmente apenas 2 euros por metro quadrado de área útil. Significa isto que – face às dimensões dos espaços –, a instalação de uma empresa, nos escritórios mais pequenos, pode ter um custo de sensivelmente 80 euros. A renda incluiu um vasto conjunto de serviços, tais como luz, água, Internet, fax, limpeza e segurança.

O Gabinete de Desenvolvimento do Empreendedorismo do Município de Mortágua assegura ainda aos empresários que ali se queiram instalar o acompanhamento técnico na fase de constituição/arranque da empresa, informação relativa a fontes de financiamento e, ainda, ligações e contactos com centros de investigação e instituições bancárias. No NEM, que já conseguiu atrair três empresas de serviços e tem vários processos em análise – uma dessas empresas actua na área da valorização dos resíduos florestais e biomassa –, os candidatos podem permanecer naquele ninho de empresas durante um período que pode chegar aos cinco anos. No final, se os negócios se concretizarem fisicamente na vila de Mortágua, a autarquia devolve, na íntegra, o montante de rendas pago ao longo dos anos pelas empresas incubadas.

No vizinho concelho de Arganil – e também sob o lema do empreendedorismo – a Câmara Municipal lançou recentemente o Centro Empresarial e Tecnológico de Arganil (CETA), que permite a criação de 15 empresas no sector dos serviços e uma unidade tecnológica na área das energias renováveis.

“Promover a fixação dos jovens, fomentando o empreendedorismo e a criação de iniciativas empresariais no sector dos serviços”, é um dos principais objectivos do CETA.

O empresário que queira instalar ali – ou transferir – o seu negócio, paga 5 euros por metro quadrado pela ocupação de espaços cuja área varia entre os 18,30 m2 e os 47,61.

Embora tenha sido inaugurado muito recentemente, o CETA – de acordo com uma informação prestada pelo gabinete do presidente da câmara local – “tem já seis interessados em fixarem-se, estando em fase de elaboração os respectivos contratos de arrendamento”.

Uma das mais valias deste equipamento, prende-se ainda com a existência de uma laboratório “desenvolvido no âmbito de um projecto co-financiado pelo iCentro – Programa Regional de Acções Inovadoras da região Centro”, e que é resultante de uma parceria entre a Câmara de Arganil, o Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra e uma empresa arganilense. O objectivo é apoiar o desenvolvimento tecnológico e a inovação das empresas do concelho e da região que desenvolvem a sua actividade no domínio das energias renováveis. 

Henrique Barreto
Com Liliana Lopes

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