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Compra de habitação regista maior quebra dos últimos 8 anos

… casais e na cidade são sobretudo os estudantes da ESTGOH que asseguram o mercado.

À semelhança do que está a acontecer a nível nacional, a compra de casa registou quedas acentuadas no concelho de Oliveira do Hospital. A procura de habitação mantém-se, mas a subida dos juros e o aperto na concessão de crédito tem vindo a dificultar a concretização dos negócios.

As placas de venda de imóveis multiplicam-se por todo o concelho, mas o até agora habitual recurso ao empréstimo bancário já viu melhores dias. A subida constante das taxas de juro e os critérios rigorosos subjacentes à concessão do crédito têm limitado a compra de habitações. Paralelamente, assiste-se também a quebras na construção de imóveis. Maria Luísa Ferrão, empresária do sector imobiliário, fala de um equilíbrio entre a procura e a oferta das habitações em Oliveira do Hospital. “Os construtores souberam-se ajustar”, referiu a empresária ao Correio da Beira Serra, constatando a não existência de uma oferta excessiva.

Sem deixar de desaprovar o alarmismo feito pela Comunicação Social em torno da subida de uma décima da taxa de juro, Maria Luísa Ferrão, considera que agora mais do que nunca, as famílias se retraem a comprar habitação e por conseguinte a recorrer à banca. Com oito anos de actividade no sector, a empresária confessa que “este ano será dos piores”, superando até o primeiro ano – há oito anos atrás – em que se estreou no ramo da imobiliária. “As pessoas compravam e não tinham medo do amanhã, mas agora retraem-se porque a conjuntura económica não lhes dá segurança para investirem”, sublinhou, garantindo contudo que “os melhores investimentos em épocas de crise são nas obras de arte e imobiliário, como forma de garantir o dinheiro”.

Habituada a acompanhar todo o processo de aquisição de habitação, incluindo o contacto com a banca, Maria Luísa Ferrão constata que, na maioria das vezes, as dificuldades no acesso ao crédito derivam do facto de cada vez mais famílias estarem dependentes do chamado crédito fácil que “está à distância de um telefonema”. Por outro lado, aponta também o dedo ao facto de muitas famílias quererem adquirir um imóvel que não está ao alcance das suas possibilidades e que cujo crédito, é à partida recusado. Por esse motivo, sublinha a importância de os potenciais compradores se socorrerem do apoio de uma imobiliária para a procura de casa e consequente aquisição. Para além disso, Maria Luísa Ferrão destaca o papel da imobiliária na mediação entre quem vende e quem compra. “Comprando numa imobiliária, a pessoa corre menos riscos do que comprando directamente ao proprietário”, sublinhou, realçando que da mesma forma também não sentem tanta rejeição por parte do banco, porque está em causa “um preço justo”.

Preços das casas não sobem há três anos

Apartamentos desde os 60 mil e vivendas desde os 130 mil Euros. “Os preços não sobem há três anos”, referiu Maria Luísa Ferrão, sublinhando que há bastantes moradias à venda por todo o concelho, algumas delas muito degradadas, mas recuperáveis. É sobretudo na cidade que aumenta a procura de casa, em especial de apartamentos, embora haja uma tendência por parte da imobiliária em investir nas zonas históricas, como forma de revitalização dos espaços. Pesem embora as dificuldades na contracção de empréstimos bancários, Maria Luísa Ferrão dá conta de uma cada vez maior exigência por parte dos futuros compradores.

Arrendamento supera compra de casa

O fenómeno não é novo e a empresária garante que não é uma consequência das dificuldades adjacentes à compra de habitação. Mas, a realidade é que neste momento a imobiliária de Maria Luísa Ferrão não tem uma única casa disponível para arrendamento.

São sobretudo os jovens, casais ou não, que optam por esta modalidade, dada a possibilidade que têm de poder vir a beneficiar do apoio concedido pelo programa Porta 65. Mas, na cidade, uma boa fatia do arrendamento é assegurada pelos jovens estudantes que ingressam na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital (ESTGOH), afecta ao Instituto Politécnico de Coimbra. “Eles asseguram o arrendamento e o desenvolvimento desta cidade”, notou Maria Luísa Ferrão, sublinhando que os estudantes dão vida a Oliveira do Hospital quer ao nível das suas actividades, quer do próprio consumo.

Apesar da forte procura pelo arrendamento, a empresária não deixa de aconselhar a compra de habitação própria, desde que seja feita de forma consciente. “As pessoas devem comprar uma casa que lhes permita manter um estilo de vida saudável e sem que seja necessário o endividamento total das famílias”, considerou, realçando que – como referiu o presidente da direcção nacional da Associação de Profissionais e Empresas da Mediação Imobiliária de Portugal – “o imobiliário ainda é um dos raros motores da economia que gera riqueza e proporciona retorno a quem nele investe com seriedade de transparência”.

Sublinhe-se que o Orçamento de Estado para o próximo ano vai apostar numa série de medidas que levem os portugueses a investirem no mercado do arrendamento de habitação, como forma de ultrapassar as dificuldades de acesso ao crédito para habitação. Senhorios e inquilinos vão ter incentivos fiscais, com benefícios no IRS e os particulares passam a estar isentos do pagamento de Imposto Municipal Imobiliário (IMI) se fizerem obras de beneficiação nas casas quando estas se destinem a arrendamento. Por outro lado a tributação vai ser agravada para casas que estiverem em risco de ruir, ou seja, os proprietários de imóveis nesta situação serão obrigados a pagar três vezes mais de IMI.

Liliana Lopes

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