Correio da Beira Serra Jornal de Referência de Oliveira do Hospital e da região. Correio da Beira Serra – notícias da Região Centro – Oliveira do Hospital, Arganil, Tábua, Seia, etc
Relacionados
Mário Patrão fez “um balanço positivo” da participação na 45.ª edição da prova disputada na Arábia Saudita
Mário Patrão conseguiu nesta edição do Rally Dakar o terceiro lugar na categoria ‘Original by Motul’ e uma vitória na classe de veteranos. O piloto de Seia diz que agora ambiciona lutar pela vitória nesta classe em que os pilotos correm sem assistência exterior. Patrão aguarda também a decisão dos responsáveis da prova incorporarem uma categoria competitiva para motas eléctricas, modelos de que Patrão é pioneiro em Portugal.
Mário Patrão, que falava numa conferência de imprensa na sede do principal patrocinador do motociclista, a Caixa de Crédito Agrícola, Mário Patrão fez “um balanço positivo” da participação na 45.ª edição da prova, que terminou no dia 15 de Janeiro, na Arábia Saudita. O piloto de Seia, de 46 anos, concluiu as duas semanas de corrida na 34.ª posição da geral das motas, terceiro entre os que correram sem assistência externa.
“No ano passado tinha sido sexto. Este ano fui terceiro e, agora, gostava de poder lutar pela vitória”, admitiu Mário Patrão que já foi sete vezes campeão nacional de todo-o-terreno. Para isso, sabe que terá de praticamente “duplicar” os cerca de 40 mil euros que custou o projecto deste ano, pois será necessário “adquirir uma mota nova, uma vez que a actual já fez dois ‘Dakares’”, o que implica, só por si, um custo acima dos 35 mil euros.
“Ser um piloto do interior é uma dificuldade acrescida” para chegar aos patrocinadores
O facto de residir no interior do território nacional é uma dificuldade acrescida, num país em que o mercado de motas não é dos mais expressivos. “É mais difícil chegar às grandes empresas e às televisões. As reuniões têm de ser em Lisboa ou no Porto”, admitiu. Patrão sabe que “voltar ao Dakar” não depende apenas da sua vontade. “Mas o objectivo é ir na mesma categoria e tentar melhorar o resultado deste ano. Para isso, tenho de fazer uma boa época, fazer alguns ralis, ter a sorte e fazer um bom Dakar”, frisou o piloto que, em 2022, foi campeão mundial de veteranos.
Esta foi a oitava participação do piloto natural de Seia na mais mediática prova de todo-o-terreno, que pelo quarto ano consecutivo se realizou na Arábia Saudita, contando o 13.º lugar de 2016 como o melhor resultado individual.
Desde 2022, no entanto, Mário Patrão decidiu apostar na categoria ‘Original by Motul’, a antiga Malle Moto, em que os pilotos não recebem assistência exterior e só podem usar as ferramentas que viajam numa mala da organização. “Esta categoria é mais dura, porque não temos os mecânicos. Temos menos tempo de descanso, menos tempo para nos alimentarmos. E o dia não estica. Quando estava nas equipas tinha sempre uma hora ou duas em que podia relaxar depois de terminar a etapa. Agora não, é comer qualquer coisa e tratar da mota para o dia seguinte”, descreveu.
A manutenção diária da mota após as etapas demorava-lhe “quatro a cinco horas”, o que deixava outro tanto para dormir. “Nem é bem dormir, pois nós temos de ficar em tendas e há sempre geradores a trabalhar, mecânicos a testarem motas, carros, gente a soldar, rebarbadoras a trabalhar… mesmo com tampões nos ouvidos, ouve-se sempre barulho”, explicou.
“Em 2024 já deve haver classe de motas eléctricas”
Este ano, a chuva que se abateu a meio da prova obrigou os pilotos desta categoria a dormir num dos escritórios da organização, “pois as tendas ficaram cheias de lama”. Outro dos problemas provocados pela chuva foi a água que entrou para a gasolina fornecida pela organização e quase deixava Mário Patrão apeado. “Tive duas vezes água no combustível e tive de trocar a bomba de gasolina. Houve um dia em que tive de desmanchar a mota duas vezes para mudar a gasolina dos depósitos de trás para os da frente. Foi o maior problema que enfrentei nesta edição, para além de algumas quedas”, frisou Mário Patrão.
O piloto aguarda também pela eventual possibilidade de o Dakar incorporar uma categoria específica para motas eléctricas, modelos de que é pioneiro a utilizar em competição em Portugal. “O objectivo para este ano é fazer oito a dez corridas com motas eléctricas, para as pessoas perceberem que é possível competir com essas motas amigas do ambiente”, sublinhou. Quando à possibilidade de fazer um Dakar com uma mota sem motor de combustão, deixa a porta aberta. “Há projectos em cima da mesa para começar com alguma mota eléctrica, contudo é preciso ajustar, primeiro, os regulamentos. Em 2024 já deve haver classe de motas eléctricas. Mas é preciso perceber primeiro como será o regulamento. Se surgir essa oportunidade, vou estudá-la”, concluiu.
