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Devassa após devassa do Rio Seia e do Rio Mondego, “a culpa não pode morrer solteira”: Autor: João Dinis

Devassa após devassa do Rio Seia e do Rio Mondego
E falamos “apenas” da área do Concelho de Oliveira do Hospital.

“A culpa não pode morrer solteira !”…

De nossa parte e enquanto cidadão munícipe do concelho de Oliveira do Hospital e eleito na Assembleia de Freguesia (AF) da União de Freguesias de Ervedal e Vila Franca da Beira (UFEVFB), temos denunciado, institucional e publicamente, uma série contínua de atentados às margens, às águas e à fauna piscícola do Rio Mondego e de seu afluente nesta zona, o Rio Seia.

Costumamos dizer que estes Rios “nos correm nas veias” e entraram no nosso DNA tantas são as nossas recordações – em geral muito agradáveis – que nos ligam afectuosamente a eles!   E o que acontece connosco aconteceu a sucessivas gerações que nos antecederam… Ah! Como gostaríamos de deixar, aos nossos vindouros, estes Rios tão puros e atractivos – tão de encanto – como os encontrámos há 60 anos atrás!

Sim, foram muitas e muitas as tardes ou mesmo os dias inteiros que, alheios a todas as “proibições”, designadamente às familiares, passámos dentro de água ou nas suas margens – outrora despoluídas e quase intocadas – entregues à nossa condição de pré-adolescentes  sem “medo de nada” e de adolescentes desafiadores !  Também já como adultos em busca de refrigério e de lazer, no Verão!   Sim, aí vivemos momentos inolvidáveis de profunda comunhão com os contextos lúdicos e relaxantes que nós, e tantos outros destas nossas Aldeias, por lá descobríamos e usufruíamos felizes!  Bons tempos esses!  Aliás, ainda lá havia enguias…e muitos peixitos…  E foi por entre os amieiros e os choupos do Seia que pela primeira vez ouvimos o autêntico cântico, empolgado e irrepetível, de um Rouxinol apaixonado, em plena madrugada de Primavera!   Quanto a nós, esse é um dos mais enternecedores espectáculos da Natureza na sua criatividade muito genuína e que queremos se mantenha inesgotável !

Porém, a partir de uma certa data, a partir dos anos 80 sobretudo, a poluição e a devassa passaram a tomar conta deles e foram-nos “matando” de forma lenta e sem contemplações.

Sim, houve – e há – a poluição de origem pública – sobretudo com os esgotos e houve – e há – as descargas poluentes e criminosas feitas por entidades e indivíduos sem escrúpulos.  E há a pilhagem das areias das suas margens e leitos e há o rebentar progressivo de açudes, paredões e até de pontões.

E talvez porque têm falta de “moral” – não dão os melhores exemplos na matéria – as Autarquias tendem para deixar correr as “crises” a ver se o tempo e o esquecimento mais colectivo as encobrem.

Compete-nos não deixar silenciar também este tipo de crimes, públicos ou privados!

Sim, como já dissemos, de nossa parte, temos feito chegar a todas as Entidades Públicas com responsabilidades directas e indirectas no assunto, más notícias sobre o Mondego com: – a extracção ilegal de areias…a delapidação de troços de margens…a poluição…a mortandade provocada dos peixes, a última das quais no Verão passado, no Mondego.  E temos reclamado providências – urgentes – para travar esses atentados.  Uma ou outra dessas Entidades tem-nos respondido mas a regra é a tentativa de desresponsabilização ou seja, os crimes continuam sem culpados logo, pelos vistos, os crimes compensam a quem os comete…  É lamentável!

Nova descarga poluente no Rio Seia e já vão duas este ano de 2021!

 Esta semana (estamos a 22 de Abril) foi detectada mais uma espessa, enorme e persistente “nódoa esbranquiçada” a boiar no Rio Seia.  Indica que o mais provável é ser formada por efluentes poluentes de queijaria maior, assim tipo queijaria “pró-industrial”.  Há uns dois meses atrás, se tanto, tinha sido feita no Seia uma outra grande descarga do tipo.

Houve e há elucidativas denúncias destes atropelos, com fotos e vídeos e depoimentos vários publicados nas redes sociais.   Ou seja, ninguém pode vir argumentar dizendo que “não soube”…”não fui informado”…

A grande questão é a de sabermos, preto no branco, que têm feito todas essas Entidades, que tem feito o Ministério Público, para se descobrir os culpados  e se levarem a reparar os prejuízos que causam ao nosso Património colectivo, ao nosso Património natural e mesmo cultural ??

Mas, a reincidência nesses crimes também indicia a “tranquilidade” com que os prevaricadores os cometem.  Afinal, não receiam o apuramento de responsabilidades e respectivas consequências, porquê?…

Câmara Municipal e Junta de Freguesia da União de Freguesias de Ervedal e Vila Franca da Beira que nos digam em detalhe o que já fizeram e o que vão fazer para dar combate cerrado à prática destes crimes e aos seus mandantes!

 E que, pelo seu lado, que Câmara Municipal e Junta de Freguesia também cuidem melhor e com mais competência, por exemplo, das ETAR com funcionamento deficiente e que mandam efluentes mal tratados e poluentes para as linhas de água que vão dar ao Rio Seia e ao Mondego !

 Sim, haja mais zelo e mais competência!

Na defesa dos nossos Rios!   Na defesa do Ambiente e dos Recursos Naturais!  

Na defesa da nossa qualidade de vida!

 

 

 

 

Autor: João Dinis, Jano

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