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No início do século, Portugal era a 35.ª economia que gerava mais riqueza no mundo, de acordo com o FMI (em paridade de poder de compra). Portugal estava na cauda da Europa Ocidental, mas claramente à frente das economias de leste e tendo poucos países não europeus à sua frente. Em 21 anos, muito mudou: entrou em circulação o Euro, Portugal passou por uma das mais graves crises financeiras e teve de se socorrer de ajuda internacional pela 3.ª vez, além de uma crise sanitária sem precedentes na história recente que afetou todo o mundo.
Entre 2000 e 2021, Portugal desceu 10 lugares na classificação mundial dos países que geram mais riqueza. Portugal ultrapassou apenas quatro economias (Líbia, Omã, Aruba e Bahamas), enquanto foi ultrapassado por outros 14 países ou regiões autónomas. Vários países do leste europeu, beneficiando da entrada na União Europeia (sobretudo em 2004), terão ultrapassado Portugal neste período (importa relembrar que os valores de 2021 ainda são estimativas do FMI): República Checa, Eslovénia, Lituânia, Estónia, Polónia e Hungria. Além destes, Malta, Israel, Coreia do Sul, Porto Rico, Taiwan e Macau são outros exemplos de países têm agora um PIB per capita mais elevado.
O principal período de degradação da classificação portuguesa ocorreu na primeira década deste século. No entanto, desde aí Portugal também não tem sido capaz de recuperar posições de forma consistente, tendo inclusive caído 3 posições entre 2015 (ocupava o 43.º lugar) e 2021 (46.º classificado). Esta tendência resulta da quase estagnação económica portuguesa nas últimas duas décadas, caracterizada por crescimentos tímidos ou inexistentes (e muito aquém de economias com níveis de riqueza similares), períodos de recessão económica e intervenções externas.
Se 44 países geram mais riqueza do que a economia portuguesa, também é verdade que mais de uma centena de países em todo o mundo são mais pobres (muitos deles são incomparavelmente mais pobres, com problemas económicos e sociais profundos). Poderia servir de consolo, mas as oportunidades de crescimento que Portugal tem tido (entre as quais, a integração na UE), bem como o seu enquadramento histórico, são incomparáveis com a maioria destes países.
André Pinção Lucas
Os factos vistos à lupa
Uma parceria com o Instituto +Liberdade (maisliberdade.pt)
