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António Lopes

Entrada de Leão, saída de gatinho. Autor: António Lopes

Entrada de Leão

Quando em 2009, acompanhando José Carlos Alexandrino, nos candidatámos para conquistar a autarquia Oliveirense a construção do IC6, o emprego e o “flagelo” dos esgotos a céu aberto foram o mote da campanha e o objectivo de fundo do mandato.

Durante anos, o nosso conterrâneo, Paulo Campos, desdobrou-se por toda a Região Centro anunciando e prometendo os Itinerários Principais da Beira Serra, nomeadamente o IC6, IC7 e IC37.

Em 22-11-2007, em Seia, Paulo Campos anuncia a construção Poço do Gato-Limite do Concelho, onde hoje se encontra, no meio do Pinhal.

Em 20 de Outubro de 2008, Paulo Campos anuncia em Castelo Branco que a fase é de executar e pensa ter tudo pronto IC6, IC7 e IC37 em 2013.

Na inauguração do último troço, onde estive presente, em 20-3-2010, Paulo Campos afirma que o IC6 não vai parar até chegar à Covilhã.

Na pré-campanha de 2011, não houve concelho onde não fossem feitas idênticas promessas.

Por cá, fiel ao compromisso assumido, dizia o nosso presidente na Assembleia Municipal, em Dezembro de 2009: “Ninguém pense que vou dar isto de barato”. A afirmação de José Carlos Alexandrino foi sobre a passagem do IC6 no concelho de Oliveira do Hospital.

Adiantando já ter tido conversações com o secretário de Estado Adjunto do Ministério das Obras Públicas Transportes e Comunicações, Paulo Campos, o autarca disse que vai reivindicar um conjunto de acessos complementares àquele itinerário complementar, nomeadamente ao nível da construção dos nós de ligação ao IC6 no concelho de Oliveira do Hospital.

Na freguesia de Travanca de Lagos, por exemplo, está prevista a construção de um nó, mas Alexandrino quer também uma variante à cidade. Para isso – frisou o autarca – há já a garantia de que essas obras complementares “podem ser metidas no Orçamento” da empreitada do IC6, “pelo que a Câmara Municipal não deverá ter qualquer encargo financeiro com essas vias”.

De então em diante, honra lhe seja feita, falou, barafustou, ameaçou. Quanto mais falou, mais perdeu. O MAIS (Movimento de Apoio à Construção dos Itinerários da Serra da Estrela) e os presidentes de Gouveia, Seia Nelas Carregal, Tábua e Fornos de Algodres, Covilhã Manteigas, etc, todos se empenharam na construção destas vias de desenvolvimento. Criou-se uma comissão com os Presidentes de Oliveira, Seia e Gouveia, mas o de Oliveira do Hospital tinha que estar sempre a ser o “porta-voz” tal a sede de protagonismo, declarando o que não devia, criando dificuldades ao bom andamento das negociações.

No dia da Feira do Queijo, o Secretário de Estado da Administração Local, António Leitão Amaro, dizia no Salão Nobre, respondendo ao desafio do Senhor Presidente, que “talvez houvesse condições para se avançar até Oliveira do Hospital. Para mais não havia dinheiro”.

Só que, tempos depois, em Seia, numa Conferência Debate Investimentos em Infraestruturas e o Desenvolvimento da Serra da Estrela, avisava o nosso presidente, na sua habitual sede de protagonismo, tentado dar nas vistas, que ia fazer abanar a sala. Entre muitos outros dislates, teve uma saída maravilhosa “maravilhosa”. “Se o governo insistir em querer manter a Estrada da Beira EN17, que vem do tempo da monarquia, como principal rodovia da Região”, José Carlos Alexandrino defende “uma luta de guerrilha que faça dor e para fazer dor temos que ir a uma luta com coragem”. Para isso, apoiado por todos os dirigentes políticos do seu concelho, propôs que não se vote nas eleições Europeias de 25 de Maio, “mostrando o seu protesto a quem governa”. “Estou cansado, estou farto, estou farto de falar sem ninguém me ouvir. É preciso fazermos qualquer coisa, para que o País repare em nós, porque nós também somos gente. Também temos vida e temos filhos que queremos que fiquem nas nossas terras” afirmou, para adiantar também que nesse dia “não era um político, mas um guerrilheiro”.

O autarca promete outras formas de luta “se for preciso”. José Carlos Alexandrino desafiou ainda as restantes câmaras municipais para que “com todas as suas máquinas, desde Gouveia a Oliveira do Hospital, interrompam o trânsito [na Estrada Nacional 17] e não se deixe passar ninguém durante um dia, mesmo que o presidente do município seja preso por desobediência”. “Não se preocupem porque a prisão fez-se para os homens”, disse o autarca, que entende ser hora de “nos unirmos numa grande luta”, lembrando que “as lutas e as conquistas fazem-se quando elas são importantes para o povo, fazem-se com dor e não se fazem só com cravos”.

Naturalmente, num País democrático declarações destas num responsável por um concelho não podiam deixar de ter consequências. Alguém de dentro do processo confessou-me que estas declarações deitaram tudo a perder. Não foi por acaso que, dias depois, se reuniram na  EN17, na Chamusca, os dois Presidentes das CIM, que englobam os ICS, para tentar “deitar água na fervura”. Daí para cá é pregar no deserto. Depois, sempre que o PS tem precisado dele diz que é independente e que representa o “meu povo”. Sócrates mandou-lhe dizer que “com amigos assim, não precisava de inimigos”.

Foi assim há quatro anos quando disse que não negociava as listas com o PS. Perante o alvoroço disse que já não era candidato, que tinha que avançar eu. Fui eu quem lhe disse que naquela altura do campeonato, foi por estes dias e já tinha-mos sido anunciados, já não era tempo para esses amuos. Depois, foi contra o PS na questão da água. Há dias, dizendo que esperava só até ao dia um de Abril, voltou com o mesmo discurso. Toda agente lhe anda a dizer, há dois anos, que não há dinheiro. Alexandrino tem a situação que ele próprio criou. Sabe pouco destas andanças. Os resultados estão à vista.

Nas diatribes do discurso de Seia, o povo votou nas europeias, a guerrilha nunca apareceu, a EN17 nunca foi cortada. Só fogachos. E o nosso Presidente diz que está farto de falar sem ninguém o ouvir. Não é verdade. Nós também estamos fartos de o ouvir e nada resolver.

E como se não bastasse, depois de tanto proclamar: “o meu futuro político está nas mãos de António Costa. É uma questão de palavra”… No último Sábado, para minha ilusão, perante as declarações de quem “lhe tirou o futuro político”, sim, porque não garantiu o IC6, ficou impávido e sereno. Não se lhe ouviu, ali e no momento, a habitual revolta, nem o toque a reunir da “guerrilha”! Como se prova, nem o PS, que tanto prometeu, nem o Senhor presidente que tanto exigiu e condicionou, resolveram o problema dos IC’s. Ou, pelo menos, do que falta. Uma saída de gatinho.

António LopesAutor: António Lopes

 

 

 

 

Sites com notícias ligadas ao IC6

 

http://www.portadaestrela.com/index.asp?idedicao=228&idseccao=2005&id=10062&action=noticia

http://www.portadaestrela.com/index.asp?idEdicao=258&id=11299&idSeccao=2349&Action=noticia

http://www.jn.pt/local/noticias/coimbra/coimbra/interior/governo-reforca-compromisso-de-levar-o-ic6-ate-a-covilha-1523566.html

http://miradourodevilacova.blogs.sapo.pt/127985.html

http://www.portadaestrela.com/index.asp?idEdicao=305&id=13340&idSeccao=2828&Action=noticia

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