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E o inevitável aconteceu… derrota de Rodrigues Gonçalves e do PS

“Era incapaz de me sentar aí sem o voto do povo”

O eleito António Lopes, candidato escolhido nas eleições para presidir à Assembleia Municipal (AM), acusou anteontem Rodrigues Gonçalves, actual líder da AM de não estar à altura do cargo que ocupa e de ser incapaz de dirigir correctamente os trabalhos. Lopes considera que, segundo a lei, o presidente da autarquia tem o mesmo tempo para falar que os restantes eleitos, uma norma que Rodrigues Gonçalves não tem feito cumprir, sublinhando que não pretende impedir o presidente da Câmara de falar, mas quer os mesmos direitos para os restantes eleitos. O homem, que foi demitido da presidência daquele órgão em Abril do ano passado, disse ainda ao seu sucessor que seria incapaz de se sentar na presidência da AM sem ter sido eleito para a função. O presidente da Junta União das freguesias de Oliveira do Hospital e São Paio de Gramaços, Nuno Oliveira também acusou o actual presidente da AM de ter intervenções “provocadoras, para não dizer incendiárias”.

António Lopes fez questão de marcar a sua posição logo na abertura da AM, dizendo a Rodrigues Gonçalves que não estava disposto a tolerar as suas constantes interrupções. “Quero avisar previamente que se me cortar a palavra e a seguir o senhor presidente falar mais de cinco minutos, na primeira vez canto opera, na segunda canto fado e a seguir o Avante Camarada”, disse, explicando ao agora líder da AM que “cumprir a lei não é uma prerrogativa de cada um”, mas “uma obrigação”. “Este regimento apesar de ter sido transformado num dos mais fascizantes do país, ainda lá ficaram as regras do uso da palavra. Portanto, o senhor presidente da Câmara tem cinco minutos, como qualquer um dos nós”, frisou, lembrando que está ali eleito pelo povo, ao mesmo tempo que acusou o sucessor de ter ocupado um lugar que o voto popular lhe negou. “Já que quer ir para o lado da moral, devo dizer-lhe que era incapaz de me sentar aí sem ser eleito. O senhor já o tentou uma vez e não lho deram”, acusou.

“Sou fiel aos valores pelos quais fui eleito”

António LopesExplicando que com a sua intervenção não pretende impedir o presidente do município de responder de forma concludente a todas as dúvidas, António Lopes sublinhou que aquilo que pretende é que a lei seja cumprida. “Sou a favor que o presidente responda e de forma cabal a todas as questões nem que seja preciso a noite inteira. Estou disponível para ficar aqui até dois ou três dias, mas falamos todos”, disse, apresentando a título de exemplo o que acontecia quando ele liderava a AM. “Um dia o Dinis falou 13 minutos, o Julinho falou 17 e o PSD falou o tempo que quis. Era assim que as coisas funcionavam”.

Prometendo que irá responder a Rodrigues Gonçalves, quando sair a sentença (sobre a sua destituição que corre em tribunal), “tenha ela o sentido que tiver”, António Lopes lembrou ao presidente da AM em exercício que já lhe tinha dito iria ficar isolado. “O senhor lembra-se, quando era o meu principal confidente e apoiante, de eu lhe dizer isso. Está a ver que sei o que ando aqui a fazer. Cá estou sozinho. Sabia o que ia acontecer, mas sou fiel aos valores pelos quais fui eleito”, continuou ainda António Lopes, classificando de caricata a atitude de Rodrigues Gonçalves ao pedir dois terços para admitir um ponto à ordem de trabalhos, quando na acção que levou à sua destituição não considerou tal necessário. “Como sabem na política uns estão com nobreza e outros conforme podem estar. Quando foi para demitir o presidente da Assembleia Municipal não foram precisos de dois terços e estive aqui duas horas a dizer que era uma imposição legal. Agora para admitir um ponto são necessários os tais dois terços. Se não fosse tão sério dava para rir”, gracejou António Lopes.

Quem parece também não concordar com a actual postura de Rodrigues Gonçalves na liderança da Assembleia Municipal é ojulinho presidente da Junta União das freguesias de Oliveira do Hospital e São Paio de Gramaços, Nuno Oliveira, que aconselhou o líder daquele órgão a ter intervenções “apaziguadoras e não provocadoras, para não dizer incendiárias”. “É essa a interpretação que tenho. Serão dispensáveis alguns dos seus conselhos para que nos ouçam. Façam-no, sim, mas pessoalmente e discretamente. Isso sim é de um bom conselheiro. O respeito e elevação terão de ser exigidos de forma reciproca”, acusou, sublinhando ainda que “intrigas de ordem pessoal devem ser discutidas noutros locais”. “Estamos aqui para discutir políticas ou politiquices onde se lava muita roupa suja?”, interrogou, antes de deixar um aviso: “Se for para isso não vale a pena a minha pessoa estar aqui”, concluiu.

Perante estas criticas, Rodrigues Gonçalves limitou-se a dizer que não cultiva a inimizade das relações. “O conhecimento ajuda a ganhar a vida e a sabedoria a compreende-la”, começou por dizer, antes de fazer referência à sua experiência “de 20 anos em cargos de chefia na função pública”. “Se analisarem a minha vida verificarão que é essa experiência que coloco aqui”, rematou.

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