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À Boleia Autor: André Duarte Feiteira

Estranha Doutrina. Autor: André Duarte Feiteira

Se, em matéria de estudo religioso, muitos o classificaram como sendo a “religião o ópio do povo”, podemos, ainda que de forma menos rigorosa, fazer uma analogia com o estudo da política concelhia que se tem vindo a observar.

Que estranha doutrina! Fazem-nos acreditar que o desenvolvimento concelhio passa pelos actos pontuais de colocar um acordeão e uma concertina, o João e a Joaquina, e, se possível, tudo em directo dentro da caixinha… Vivemos há cerca de sete anos regidos por esta doutrina e parece que já dá os seus frutos. Dizem que Oliveira do Hospital está na moda! Dizem os locutores e apresentadores, os propagandistas e os mestres da doutrina, curiosamente, só não diz o povo que já só vê e o que ainda por cá caminha.

Estamos oficialmente na moda. No Natal, na Páscoa, na Feira/Festa do Queijo e na EXPOH… Não seria preferível estar na moda o ano inteiro? Pensar nos indivíduos que cá residem e não no que o exterior pode vir a pensar sobre nós?

Não seria preferível investir em obras físicas que pudessem potencializar o bem-estar dos oliveirenses? Dou como exemplo a requalificação das Piscinas Municipais, a criação de um Skate Park, a requalificação e construção de parques infantis, aquecimento nas salas de aula…

Não seria preferível desenvolver um projecto de desenvolvimento económico local? É necessário ou mesmo crucial que haja um enorme incentivo à criação e fixação de empresas no nosso Concelho, tanto de mão-de-obra qualificada como não qualificada. O sector público não pode nem deve ser o principal empregador de uma região. É necessário e urgente que sejam implementadas políticas de incentivo e apoio ao empreendedorismo. Caso contrário o envelhecimento populacional e o êxodo rural que já se sentem irão agudizar-se cada vez mais.

No sector da educação, apesar de ver com bons olhos a inquietação para com a causa da remoção do amianto, estranho que não haja a mesma inquietação para com as limitações que têm no campo pedagógico. Ser estudante em Oliveira do Hospital implica seguir Letras ou Ciências. Não seria natural que os alunos pudessem optar também pelas Artes ou pela Economia? Haverá maior incentivo à aprendizagem que não passe pelo estudo da área que nos desperta maior interesse?

Na pasta do desporto, será melhor continuar a apostar na capitalização de recursos para infindáveis Associações Desportivas ou não seria mais produtivo centralizar as diferentes modalidades seniores para que houvesse uma redução da enorme fatia que estes absorvem e que consequentemente se pudesse distribuir esta fatia pelas camadas de formação jovem das diferentes modalidades?

Ao nível social, apesar de por cá andarem e do enorme reconhecimento que lhes é atribuído nas diversas áreas, são sempre os mesmos, a doutrina passou da pluralidade de opiniões para a centralização de um grupo restrito de demagogos. Que desperdício cultural!

Até os órgãos de comunicação social local, que deveriam dar noticias, agem num misto de publicitários e relações públicas, só transmitem anúncios que abonem a favor da sua organização para com a sociedade. De outra forma, e se estou equivocado, qual a razão para que a recém-eleita estrutura da JSD Oliveira do Hospital só tenha sido notícia neste órgão de comunicação social para o qual escrevo? Não é notícia ou não se quer noticia? Então, caros jornalistas?

Numa sociedade democrática é bem-vinda a divergência ideológica e é fulcral que haja igualdade de deveres e obrigações, mas, principalmente, é necessário que haja uma igualdade de oportunidades, e o sectarismo vivido não abona a favor desta última.

Esta doutrina política, fazendo uma analogia com o conceito de religião descrita por Karl Marx no manuscrito da Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, é então: “ O suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo.”

À Boleia Autor: André Duarte FeiteiraAutor: André Duarte Feiteira

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