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Figuras: Ana Martins

… frágeis, acompanham o encantamento das palavras em gestos largos, como carícias no vazio … quando “falam” do desempenho da profissão, que se quer “mágica” por quem recorre à “arte” da Ciência de um (a) fisioterapeuta. Por essa via chega-se ao “Olimpo”? Ana Martins, portuguesa nascida no Zaire, “diz que sim”!

A conversa veio com hora marcada; não fora o caso da presença da Ana Martins ser imprescindível nos treinos do Sampaense – que disputa a “Proliga” em Basquetebol com assinalável êxito –, certamente o diálogo teria continuado pelo resto da tarde, sem cansaço nem “tempos mortos”, tal a catadupa de estórias interessantes de uma profissional que se afirma realizada e feliz porque cumpre os objectivos a que se propôs.

Nem um lamento, por mais pequeno que fosse, saiu da sua boca, até quando relatou os perigos a que esteve sujeita após uma intervenção cirúrgica que a deixou às portas da morte.

– “Como tinha anemia, tive de me sujeitar a uma operação ao baço mas, no hospital, os médicos sem querer deram um golpe no diafragma e outro no estômago. Depois tive de “ser aberta” de urgência para resolver o problema, que se agudizava pela passagem do líquido biliar para o pulmão. Foram tempos terríveis e difíceis mas nunca perdi a esperança de fazer a minha vida com toda a normalidade, como agora”.

“Com toda a normalidade”, significa, para a Ana Martins, desempenhar a profissão de fisioterapeuta na Fundação de Aurélio Amaro Diniz, em Oliveira do Hospital, onde é responsável pelos serviços respectivos, e ocupar algum do tempo livre na área desportiva que é uma das suas paixões: o basquetebol.

O seu metro e sessenta e quatro centímetros de altura não lhe garantiam grande futuro como atleta na modalidade, por isso, talvez, ocupa-se da saúde e bem de estar de um grupo de “matulões” com gosto e dedicação total.

– “Na brincadeira costumo adaptar uma frase feita: ”Por trás de grandes homens há sempre uma grande mulher”! Os meus atletas têm quase todos dois metros de altura – está a imaginar-me no meio do grupo, não está? Mas não me sinto nada constrangida com isso por que o meu empenho profissional é total, além de estar por dentro da modalidade desportiva da minha simpatia, como sempre desejei”.

“Há nove anos já tinha sido convidada para as mesmas funções, mas na ocasião não foi possível aceitar; desta vez repetiu-se o convite, e como era possível conciliar o emprego e a vida familiar com a actividade no Sampaense, não olhei para trás – disse que sim”!

“Por trás de grandes homens há sempre uma grande mulher”

Uma fisioterapeuta não se limita à recuperação física dos atletas; há situações onde o apoio psicológico é tão importante como “cuidar dos músculos”. A sua competência profissional pode “fazer milagres”, mas o tal sorriso que nunca se cansa de bailar e as palavras de estímulo são o “bálsamo para as maleitas da alma”… O gosto pela fisioterapia vem de criança; teria dez anos de idade quando um primo da Ana Martins nasceu com paralisia cerebral. – “Na altura falava-se pouco desta especialidade. Às vezes acompanhava o meu primo ao centro de reabilitação e ficava fascinada pelo esforço dos técnicos, a sua atenção, os cuidados prestados… enfim, era um mundo desconhecido e estranho mas maravilhoso ao mesmo tempo. Cresci com o sonho de ser fisioterapeuta. Terminado o 12º ano, fui para a Escola Superior de Saúde do Alcoitão onde tirei o curso, depois de três anos intensos, mas consegui o meu objectivo”.

“Depois vim para Seia e passado algum tempo, em 1997, vim trabalhar para a Fundação, aqui em Oliveira do Hospital, onde continuo”. O gosto pelo Desporto faz com que Ana Martins procure tirar o máximo partido dos cursos de formação onde participa, ano após ano.

– “Viver no interior complica um pouco a vida de quem quer actualizar-se nas diferentes áreas da saúde, como é o meu caso. Por isso, colaboro com a CESPU – Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, e todos os anos, de Janeiro a Junho, sou monitora de grupos de estagiários que se deslocam a Oliveira para participarem comigo na actividade desportiva onde estou inserida. É sempre bom ensinar e aprender com os outros.

“No Sampaense cada vez mais funcionamos como equipa” – diz, e acrescenta:

– “Tenho aprendido imenso com todos, somos uma família. O treinador, por exemplo, está sempre a incentivar os jogadores, apoia-os mesmo quando alguma coisa corre menos bem. Os atletas são fantásticos, a todos os níveis; uma equipa não é composta apenas pelos jogadores em jogo – todos são importantes, mesmo os que estão no banco pelo ânimo que transmitem aos colegas; aqui ninguém desanima, por isso tenho imenso orgulho neles. Se continuarmos assim, vamos atingir os nossos objectivos: vencer o campeonato”!

Carlos Alberto

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