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Fora de Jogo (por Nuno Oliveira)

Começa a ser preocupante a forma como hoje se apresenta a nossa sociedade tendo em conta todos os princípios educativos que devem existir dentro de uma família e na sua co-relação com o mundo exterior.

Quer se queira, quer não, são eles a base para a formação intelectual e social de uma criança até atingir a idade adulta.

Os tempos evoluíram de uma forma tão célere e por vezes tão agressiva que se os pais não tiverem o mínimo de preocupação no acompanhamento do crescimento dos seus filhos, a sua alteração de comportamento pode vir a ser radical. Alteração esta que os pode desviar para caminhos menos correctos, ao ponto de colocar em risco a sua aceitação em termos sociais e comunitários, levando-os como consequência disto, à sua ignoração e rejeição dentro de um meio onde até então estavam inseridos.

Por vezes questiono-me, será que os jovens de hoje, são diferentes dos da minha geração ou das gerações anteriores? Penso que não. Mas então, o porquê da alteração de certos comportamentos?

No meu tempo, os professores castigavam-nos com umas reguadas; hoje são os alunos que castigam os professores com umas bofetadas e…

No meu tempo, os nossos pais, já também eles não tinham muito tempo para estarem com os filhos, devido à sua actividade profissional, mas não foi por isso que a educação não se deu ou nós não nos preocupámos em obtê-la; hoje os pais arranjam mil e uma desculpas para justificarem a sua ausência perante os filhos, e estes também não se prezam em procurar educar-se a si próprios.

Sendo a sociedade portuguesa, já por si e cada vez mais, uma sociedade comodista, pouco instruída a nível intelectual e acima de tudo egoísta, é natural que todas estas menos-valias se reflitam a níveis como o da educação.

Como tal, uma das fortes razões que aponto para estas alterações de comportamento, é a da facilidade e diversividade com que hoje os jovens obtêm todo o tipo de informação que acham necessária para sua satisfação pessoal, seja ela construtiva ou não, sem que para isso tenham de percorrer grandes passos ou até consultarem os próprios pais.

Os pais por sua vez, ao não acompanharem esta evolução, e num acto de pura irresponsabilidade, refugiam-se a ver novelas ou jogos de futebol pelas televisões, ou ainda, bebendo um café, um chá, ou um fino com outros pais com a mesma mentalidade. Mas a sua ausência perante os seus filhos para a sociedade é sempre justificada da mesma forma: “não tenho tempo devido aos meus afazeres quer profissionais, quer de outra ordem”.

Conclusão, um dia sem se aperceberem e tardiamente deparam-se com os seus filhos dependentes da droga, do álcool, a participarem em assaltos, … numa realidade nua e crua, à qual depois é difícil escapar. Pelo contrário, a própria sociedade se incube de marginalizar ainda mais estes seres.

E acreditem numa coisa, não é por ser filho de um médico ou de um operário fabril que o jovem segue este caminho, mas sim, se tem “ambiente familiar” ou não que lhe permita aprender e apreender determinados princípios.

Antes de lamentarmos uma “morte”, devemos (inter)agir perante um “vida”. É este também um exercício, não físico, mas de consciência.
Mente saudável, corpo saudável!

Nuno Oliveira

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