Convenhamos que, neste processo, o autarca de Oliveira do Hospital até pode ter tido os tais excessos de que fala Oscar Wilde, e na vida “só desiste quem deixa de lutar”. Mas uma coisa é certa: isto já não vai lá com moderação. Com os seus impostos o interior do país ajudou a financiar – entre inúmeros investimentos – os estádios do Euro 2004; as auto-estradas que passaram a rasgar o país de norte a sul; Agora vai ENTRAR no TGV, o tal comboio de alta velocidade.
Então e o interior do país, que continua em desertificação acelerada? Será que este pedaço de território não precisa da solidariedade nacional para concretizar alguns investimentos que são fundamentais ao seu desenvolvimento e andam a ser prometidos há mais de vinte anos?
Vamos sacrificar uma das regiões mais desfavorecidas de Portugal com o argumento das contas públicas? Vamos assistir à teatralização do Dr. Paulo Portas ou à falta de engenho da Dra Manuela Ferreira Leite, que transformou o maior partido da oposição num autêntico cadáver, relativamente ao foguetório da Madeira?
Vamos permitir que o engenheiro José Sócrates venha agora dar o dito pelo não dito, e o seu ministro das Obras Públicas fale, nesta fase, na necessidade de reavaliar os projectos? É claro que não devemos ceder ao inconformismo. E como um dia disse o ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, “há mais vida para além do défice”. Precisamos de uma região que se faça ouvir, e é precisamente isso que o presidente da Câmara de Oliveira do Hospital está a tentar, ao trazer para esta luta um verdadeiro exército de presidentes de Câmara, independentemente das suas cores políticas.
O lóbi existe e, não raras vezes, é preciso pô-lo em prática. Hoje, são os media – nas suas várias plataformas – que exercem a maior influência sobre o poder político. Esta revolta do interior precisa de chegar aos principais órgãos de comunicação do país e entrar nos chamados “primetime” das televisões. Já andámos demasiados anos a “enfiar a viola no saco”.