Uma equipa de investigadoras da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu um novo LED que, em relação aos que actualmente existem, tem melhor qualidade de luz branca, melhor índice de reprodução e temperatura de cor e melhor estabilidade e brilho constante. Segundo um trabalho publicado hoje pela Nature Communications, uma das científicas mais prestigiadas do mundo, o trabalho das cientistas de Aveiro resulta “num LED cuja luz se assemelha à emitida pelo sol, sem necessidade do habitual recurso a filtros para a tornar mais acolhedora e para que não interfira com a percepção das cores do ambiente em redor”. O novo LED tem ainda a vantagem de ser desenvolvido com materiais não tóxicos e abundantes na natureza, potenciando a redução dos custos de fabrico.
“Para criarmos este LED foi desenvolvido um novo material formado por partículas de dimensões nanométricas [um milhões de vezes mais pequenas do que o milímetro] constituídas por uma parte orgânica, baseada em ácidos carboxílicos, e uma outra parte inorgânica, feita por um mineral à base de alumínio”, explica Rute Ferreira, investigadora do Departamento de Física da UA e coordenadora do estudo. “Passa pela utilização de um material que “é produzido com matéria-prima barata, não tóxica e que pode ser encontrada na natureza em minérios, como a bauxite que tem uma produção anual elevada de 200 milhões de toneladas”. Características que são “desejáveis de um ponto de vista industrial e ambiental”, sublinha. Este facto contraria, segundo Rute Ferreira, “os actuais LEDs brancos comerciais que contêm iões lantanídeos com custo de produção elevado e sendo tóxicos, implica uma purificação química e reciclagem extremamente complexas”. Estes novos LEDs não foram apenas desenvolvidos a pensar no conforto da sua iluminação, mas também no meio ambiente. “Sendo os LEDs uma alternativa, energeticamente mais favorável e ambientalmente mais sustentável, às fontes de iluminação convencionais espera-se que venham a dominar nas próximas décadas a indústria de iluminação”, aponta Rute Ferreira, adianta.
A Agência Internacional de Energia diz que a iluminação é responsável por, aproximadamente, 20 por cento do consumo anual de energia no mundo. “As fontes de iluminação mais usadas, como as lâmpadas incandescentes e as lâmpadas fluorescentes, são ineficientes convertendo apenas, respectivamente, cerca de 5 e 20 por cento da energia eléctrica em luz. Além disso, a produção da energia usada na iluminação mundial é uma das maiores causas de emissões de gases de efeito estufa pois produz anualmente 1900 milhões de toneladas de dióxido de carbono”, refere, lembrando que é uma quantidade equivalente a seis por cento da emissão anual de dióxido de carbono e a 70 por cento daquele gás anualmente produzido por todos os veículos de transporte de passageiros.