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Não há volta a dar. O Serviço de Atendimento Permanente (SAP) do Centro de Saúde de Oliveira do Hospital (CSOH) tem os dias contados e o seu encerramento, entre a meia-noite e as 8h00, é apenas uma questão de tempo, conforme garantiu ao Correio da Beira Serra uma fonte credível da Administração Regional de Saúde do Centro.

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Vamos esperar pelas alternativas que o ministro da Saúde possa vir a anunciar, mas, citando o “pai” do Serviço Nacional de Saúde, António Arnaut, e olhando também para as características de um concelho periférico como o de Oliveira do Hospital, é mais uma reforma a “régua e esquadro”.

Podem argumentar que o SAP não está vocacionado para as verdadeiras urgências e que, por vezes, pode representar uma perda de tempo já que a vida tanto se ganha como perde num minuto. Podem explicar que os seus custos de manutenção são altíssimos e que a média de doentes, durante a noite, não justifica a abertura do serviço. Há mil e um argumentos que os defensores da política de Correia de Campos podem invocar, mas uma coisa é certa: o conforto psicológico e a sensação de segurança que um serviço deste tipo proporciona ao cidadão – num concelho muito distante dos pontos de urgência que o Governo prevê criar, em Arganil e Coimbra –, não tem preço.

O que a saúde portuguesa no interior precisa é de mais meios humanos e tecnológicos e, também, melhor gestão de recursos. Encerrar um SAP à noite em Oliveira do Hospital, não é a mesma coisa que encerrar o de Cantanhede ou de Condeixa, por exemplo, já que os seus utentes rapidamente chegam aos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).

Agora, o caso concreto de Oliveira do Hospital – e Pampilhosa da Serra, por exemplo –, é muito peculiar porque, conforme se sabe, há povoações quase isoladas que distam mais de hora e meia dos HUC e uns bons quartos de hora do Serviço de Urgência Básico que se está a criar em Arganil. Oliveira do Hospital está, nos últimos anos, cansada de perder serviços públicos. É óbvio que eu também não sou adepto do actual modelo de SAP e nem sequer defendo a política do “tudo na mesma como dantes”. O país precisa de se reformar na saúde, na justiça, na educação e em muitos outros sectores. Não se façam é as reformas à custa do elo mais fraco: o interior do país.

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