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“Não será por falta de capacidade empreendedora que este mau momento deixará de ser ultrapassado”

… de os oliveirenses ultrapassarem a “borrasca”.

As portas dos Paços do Concelho oliveirense abriram-se esta manhã para assinalar o feriado municipal de Oliveira do Hospital. Uma prática que vem sendo repetida ano após anos, mas que se adivinha não venha a acontecer em 2013. Não que o município pretenda seguir o exemplo do governo ao eliminar o feriado de 5 de Outubro, mas porque o salão nobre da autarquia se tem revelado manifestamente reduzido para acolher todos os que ali acorrem para participar nas comemorações. “Deveremos equacionar a transferência para a Casa da Cultura”, anunciou o presidente da Câmara Municipal.

José Carlos Alexandrino falava assim no arranque de uma intervenção onde aludiu ao “ataque” de que está a ser vítima o poder local. “Trinta e oito anos passados desde o 25 de Abril de 1974, nunca o poder local sofreu um ataque aos seus direitos e aos direitos dos seus residentes como aquele a que agora se assiste”, referiu o autarca oliveirense, criticando os que “têm memória curta” no que respeita às conquistas do poder local “e que agora acham que os portugueses devem voltar a ter a mesma vida”.

“Eu não quero que as nossas gentes voltem a ter essa vida”, disse Alexandrino, notando em particular os progressos conseguidos em matéria de água, saneamento, lixo, apoio social e educação.

Indisponível para recuar nas melhorias alcançadas e para deixar cair os valores da República, o autarca elencou o trabalho que tem vindo a ser feito a nível concelhio, no sentido de transpor os obstáculos. “Não será por falta de capacidade empreendedora que este mau momento deixará de ser ultrapassado”, tranquilizou o presidente oliveirense, aludindo em particular às mais valias da BLC3 – Plataforma para o Desenvolvimento da Região Centro, que “só nos últimos meses obteve financiamentos no valor de um milhão de euros para o desenvolvimento de projetos na área da agricultura e fruticultura”. “Representa hoje o compromisso do concelho em investir na inovação, tecnologia e investigação”, realçou Alexandrino, depositando confiança na capacidade dos jovens em “empreender e inovar”.

Certo de que “o município tem cumprido aquilo que lhe compete e tem feito o que lhe exigido”, o autarca oliveirense não deixou também de registar o trabalho dos empresários e a “motivação para o empreendedorismo que já criou raízes no concelho”. Aludindo ao surgimento de novos projetos empresariais, o autarca disse que o concelho está a fazer a “quota parte” para sair da crise, apelando ao poder central a “coragem para implementar políticas que permitam às empresas respirar financeiramente e criar emprego”.

Consciente de que o concelho não é um “oásis”, o autarca oliveirense lançou hoje um apelo à união das gentes. “Permaneçamos unidos e ultrapassaremos a borrasca”, disse confiante ao autarca, defensor de uma política “humanista, justa e progressista”.

“Não temos qualquer dúvida de que futuro está a passar por aqui”

“Impõe-se darmos as mãos e potenciar aquilo de que dispomos”, foi a mensagem também transmitida pelo presidente da Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital, como forma de minimizar os impactos de “um momento dos mais difíceis a que Portugal já foi sujeito”. António Lopes lembrou que “Oliveira do Hospital tem empresários de excelência e trabalhadores de eleição” e, do mesmo modo, registou as mais valias de ensino superior no concelho e da BLC3 que “é já uma referência no meio da investigação científica”. “Não temos qualquer dúvida de que futuro está a passar por aqui”, disse, verificando ainda que “num tempo de grandes dificuldades, impõe-se combater a inveja, ignorar a maledicência e os velhos do Restelo”.

Com a crise e os sacrifícios impostos ao povo no centro de todas as preocupações, João Dinis, porta voz do PCP no concelho de Oliveira do Hospital foi incisivo no que respeita ao atual governo que já encara como “passado”. “É já um cadáver político apesar de continuar a atormentar-nos como um fantasma ruim”, referiu João Dinis falando da necessidade de remeter o atual governo e as suas políticas ao passado. “Sim, é necessário rasgar a vergonha dos acordos das troikas”, disse o eleito na Assembleia Municipal e presidente de Junta de Freguesia, certo de que “há alternativa a estas políticas de desastre nacional”.

Do lado do PSD, João Esteves apelou a um novo paradigma concelhio, assente no empreendedorismo e na criação emprego. “Um paradigma que desenvolva Oliveira do Hospital e o coloque no patamar distrital que por mérito próprio já foi nosso”, disse o social-democrata também defensor de uma política concelhia que prime por manter e ampliar estruturas educativas e por aproveitar recursos naturais. Para tal, João Esteves considerou determinante que os oliveirenses se mostrem “coesos e unidos”. “Devemos afastar o que nos divide e pedir a quem de direito as acessibilidades, pólo universitário e a manutenção das estruturas que nos restam”, referiu, considerando ser “hora de olhar decididamente para o futuro dos jovens e de Oliveira do Hospital”.

Manifestamente contra o poder dos “mercados financeiros” – “sem dó nem piedade provocam fome e miséria” – o socialista  Carlos Maia ergueu a voz contra o ataque que está a ser feito contra os valores da República e em particular contra o poder local. “A alternativa não pode ser esta recessão profunda e o desemprego”, disse Carlos Maia, chamando a atenção para a “indignação” do povo que “já atingiu os limites”. A nível concelhio, o socialista e presidente de Junta de Freguesia não deixou de aludir aos ataques que têm vindo a ser perpetrados, primeiro, na área da educação e, mais recentemente, na área da saúde. Ainda assim, Carlos Maia considerou importante que os oliveirenses tenham “confiança no futuro”. “Foi criada a BLC3 que pode ser uma esperança a nível do concelho e da região”, frisou.

Preocupada com o desemprego, Luísa Vales do movimento independente “Oliveira do Hospital Sempre”, destacou a urgência de serem encontradas soluções “com vista a colmatar os problemas e melhorar a qualidade de vida das populações” .

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