e profissional; que o desemprego estava nos níveis mais baixos de sempre no concelho; que os empresários sentiam que valia a pena investir neste concelho; que os ordenados dos trabalhadores descolavam para além do ordenado mínimo nacional; que a população do concelho estava a crescer; que o saneamento básico e a água ao domicílio chegavam a todas as habitações dos agregados populacionais; que tínhamos boas acessibilidades externas; que a Escola Superior de Tecnologia e Gestão estava a funcionar em novas instalações construídas para o efeito e que nas instalações da antiga ACIBEIRA estava a funcionar, com grande sucesso, entre outras coisas, uma incubadora de empresas onde a Escola Superior era dos principais parceiros; que a Zona Industrial respondia aos anseios de todos os Oliveirenses criando condições para o sucesso das empresas lá instaladas e permitindo implantação de outras visando a diversificação do tecido empresarial do concelho; sonhei também que a cidade estava dotada de parques de estacionamento adequados às necessidades sentidas pelos automobilistas e pelo comércio em geral; que a oferta cultural do concelho orgulhava todos nós – a Biblioteca Municipal finalmente funcionava em instalações condignas, os agentes culturais nomeadamente os ligados ao associativismo partilhavam um programa cultural por eles elaborado com o apoio da autarquia em que parcerias eram uma realidade e o património histórico estava devidamente preservado e divulgado; que possuíamos um parque desportivo onde o pavilhão multiusos, o complexo de piscinas, o estádio municipal e os espaços para a prática de desportos radicais estavam ao nível do que de melhor se faz por esse País fora; que os autocarros utilizavam uma central de camionagem funcional e no seu percurso pela cidade paravam nas diversas paragens localizadas nas suas artérias principais para deixar e receber passageiros; que as zonas históricas do concelho estavam muito bem preservadas; sonhei ainda que o concelho de Oliveira finalmente estava na linha da frente no que diz respeito ao turismo na zona da Serra da Estrela pois tínhamos unidades hoteleiras que davam resposta ao aumento significativo de turistas proporcionado pelas condições atrás enumeradas mas também pela requalificação realizada nas zonas antigas das aldeias, pela preservação das belezas naturais que possuímos e pela criação de espaços de lazer que se distinguem na zona e no País; SONHEI…
Mas quando acordei deste sonho tão agradável e desci à realidade questionei-me sobre o porquê de não termos atingido o índice de desenvolvimento que todos nós ambicionamos para o nosso concelho já que, as potencialidades existentes a partir de meados da década de sessenta do século passado eram indiciadoras de um crescimento sustentado que nos poderia permitir a liderança do desenvolvimento na zona onde estamos inseridos.
Éramos o terceiro concelho com mais indústria no Distrito de Coimbra; na área comercial destacávamo-nos em toda a zona Centro nomeadamente no comércio grossista – produtos alimentares e materiais de construção; na Construção Civil e Obras Públicas existia um conjunto significativo de empresários que por todo o País ajudou a criar mais riqueza; as potencialidades a nível turístico eram muitas e continuam a ser tendo em conta a proximidade à Serra da Estrela, as nossas belezas paisagísticas e o património histórico; os serviços instalados na cidade permitiam uma qualidade de vida aceitável.
Acresce a tudo isto, os fundos a que todos os Municípios tiveram acesso com a entrada de Portugal na antiga Comunidade Económica Europeia.
Este concelho, em suma, tinha tudo para no momento que vivemos os nossos jovens não terem que procurar outras paragens para organizarem o seu futuro, o nível de vida de todos os Oliveirenses fosse melhor e Oliveira do Hospital fosse uma referência positiva no interior do País.
Mas que faltou então para que esse desenvolvimento fosse uma realidade?
Na minha perspectiva a adopção de políticas por parte da Autarquia que proporcionassem condições para que os nossos empresários e comerciantes se sentissem motivados a investir na modernização e ampliação das suas empresas e comércios bem como na criação de novas empresas e espaços comerciais, por forma a diversificar e aumentar o tecido empresarial; o aproveitamento adequado dos fundos Comunitários principalmente do segundo quadro comunitário de apoio ao qual não foram candidatados muitos projectos de infra-estruturas essenciais para a criação da qualidade de vida que todos ambicionamos – para isso tinha sido fundamental uma gestão económico-financeira diferente da seguida durante a vigência do referido quadro comunitário; os empréstimos agora solicitados pela autarquia vêm tarde porque se fossem realizados na altura certa as infra-estruturas já eram uma realidade e a população Oliveirense já estava a usufruir delas; uma relação diferente com o poder central e regional na qual devia ter sido utilizada uma política reivindicativa muito mais agressiva na defesa dos grandes investimentos a realizar por esses poderes fundamentalmente na área das acessibilidades externas.
Será que esta realidade não pode ser alterada? Será que estamos condenados a ficar na cauda do índice de desenvolvimento do grupo dos concelhos vizinhos onde estamos integrados quando ainda há bem pouco tempo liderávamos destacadamente?
Na minha modesta opinião considero ainda possível alterar esta realidade porque, acima de tudo, ainda não perdemos um dos elos fundamentais da cadeia do desenvolvimento que são os recursos humanos qualificados visto termos pessoas com um grande espírito empreendedor e qualidades de trabalho que permitirão dar uma outra dinâmica à vida do concelho, desde que lhe sejam criadas as condições para investir. Mas, nesta mudança, o papel da Autarquia “Câmara Municipal” é de capital importância, já que terá que criar condições para que nas diversas áreas do desenvolvimento seja concretizado o salto pretendido.
Podemos considerar a Câmara Municipal uma das maiores “empresas” do concelho, tendo em conta o seu orçamento e número de pessoas que a ela estão ligadas. Como tal, esta não se compadece com o tipo de gestão utilizada, uma gestão centralista em que tudo depende de uma só pessoa. Assim, consideramos fundamentais as seguintes alterações:
1. Adoptar uma gestão moderna, copiando o que de bom se faz nas grandes empresas com as respectivas adaptações às realidades da Autarquia, pois no seu seio existe um conjunto muito elevado de especificidades que terão de se ter em conta. É fundamental não esquecer que a autarquia é de todos os Oliveirenses e não de quem a dirige.
2. Implementar uma gestão participativa, pondo a funcionar a cadeia hierárquica, conferindo poderes executivos aos diversos intervenientes (vereadores, directores de departamentos, chefes de divisão, encarregados, …) tornando-os preponderantes na execução das diversas políticas definidas em reuniões dessa cadeia.
3. Criar um projecto de desenvolvimento global que defina, de uma forma muito explícita, as prioridades do investimento independentemente dos ciclos eleitorais, envolvendo na sua definição toda a sociedade Oliveirense.
4. Estabelecer protocolos e parcerias com as Juntas de Freguesia, primeira instituição de contacto com as necessidades da população, de forma a permitir agilizar a resposta aos problemas detectados.
5. Estimular o movimento associativo do concelho parceiro fundamental na dinamização de áreas tão importantes como sejam o desporto, acção social, cultura, ambiente, saúde e ocupação de tempos livres, assinando protocolos e parcerias que permitam a concretização dos objectivos definidos
6. Promover contactos periódicos com os diversos agentes de desenvolvimento – Empresários, comerciantes, dirigentes associativos, responsáveis pelas diversas instituições públicas a funcionar no concelho, comunicação social e outros, através de reuniões, fóruns e acções temáticas. Estes contactos trarão, com certeza, novas ideias, novas propostas que permitirão acertos nas políticas definidas no projecto de desenvolvimento que posteriormente serão implementadas através do plano e orçamento da Câmara Municipal.
7. Defender junto do poder central e regional, de uma forma persistente e intransigente, os interesses dos oliveirenses, utilizando para isso vários meios ao dispor dos dirigentes nomeadamente a deslocação sistemática do Presidente aos “corredores do poder” e o aproveitamento de muitos oliveirenses com poder de influência junto desses organismos, devido ao lugar que ocupam na sociedade ou por conhecimentos que granjearam ao longo da sua vida.
Poderíamos continuar a enumerar outras alterações que, na nossa perspectiva, são fundamentais na gestão da Câmara Municipal para recuperar do atraso do concelho que agora é reconhecido pela maioria dos Oliveirenses. O que está em causa não é o projecto do PSD que nós consideramos ser o que melhor responde aos anseios da população, mas sim as metodologias adoptadas para a sua execução. Por isso, há que colocar nos locais certos as pessoas certas para implementar um verdadeiro projecto Social-Democrata que vise o bem-estar de todos os oliveirenses.
A terminar gostava de deixar uma palavra de agradecimento à direcção do Jornal Correio da Beira Serra pelo convite que me endereçou para fazer parte dos seus colaboradores. Espero, com as minhas opiniões/reflexões, contribuir para o debate de ideias essencial ao desenvolvimento do nosso concelho. Ao mesmo tempo aproveito a oportunidade para desejar a todos os leitores e Oliveirenses em geral um Bom Natal e um ano de 2008 repleto de saúde, paz e felicidade.
José Carlos Mendes