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“O concelho é laranja e no momento do voto as pessoas revêem-se num projeto social democrata”

Consciente de que nas últimas eleições não foi o “PS ganhou, mas o PSD que perdeu”, Cristina Oliveira garante ter entrado na corrida eleitoral autárquica para ganhar. A seu favor assegura ter um “concelho laranja” que não se revê nos políticos (PS) que nos últimos quatro anos geriram a Câmara Municipal e num presidente e atual recandidato que “faz birra e bate o pé” em vez de “negociar o melhor para as nossas populações”.

Correiobeiraserra.com – Foi diretora regional de Educação do Centro e enquanto delegada regional continua a ser a responsável máxima pela Educação na região. O que é que a levou a avançar com uma candidatura pelo PSD à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital?
Cristina Oliveira – Neste momento desempenho funções de delegada regional do Centro. Toda a orgânica do Ministério de Educação foi reestruturada e as Direções regionais de educação passaram a ser direções de serviço de uma direção geral dos estabelecimentos escolares. Houve diminuição de competências, contudo através da sub delegação é possível manter boa parte das competências anteriormente da responsabilidade da DREC. A pedido do Ministro continuo à frente do serviço para fazermos esta fase de transição. Continuo a desempenhar as funções que desempenhava.
Entrei neste projeto porque, em primeiro lugar, sou uma pessoa de desafios. Quando entendo que as pessoas precisam de mim e que posso ser útil nalguma coisa não sou de virar a cara aos problemas. Aceitei porque fui sempre acompanhando toda a evolução política do concelho. Integrei duas Comissões Políticas de Secção do PSD em Coimbra, fiz parte em 2009 da lista de Carlos Encarnação à Câmara Municipal, estive na Assembleia Distrital do PSD e sabia de antemão o enquadramento político do concelho e percebi que estava na hora de, talvez alguém de fora, vir e congregar todos os desavindos das eleições de 2009. Acreditei que poderia dar o meu contributo.
Aceitar este desafio representava também uma grande alteração familiar e tinha sido mais cómodo continuar o meu percurso em Coimbra. Refleti bastante e a certa altura disse: vamos em frente. E hoje, volvidos todos estes meses tenho noção de que passaram muito depressa. Quando conto os dias que faltam, fico numa angústia muito grande porque foi tudo muito rápido. Não me arrependo um minuto da decisão que tomei.

Cbs.com – Um dos argumentos usados contra a sua candidatura é o facto de ser desconhecida da população e de apenas agora estar a iniciar uma “peregrinação” no concelho. Sente que, logo por aí, se encontra numa situação de desvantagem em face de um candidato que entende como popularucho?
CO – Acho que não é desvantagem para ninguém , porque quem tem maior distanciamento dos factos consegue analisá-los de forma mais isenta. Não acho que isso seja entendido com um contratempo, até porque no passado outros candidatos também não tinham residência aqui no concelho e isso não os impediu de serem eleitos. Esse é um argumento de quem não tem mais nenhuma arma de arremesso para me lançar. Pedi alteração de residência e atualmente tenho residência no concelho, na Catraia de S. Paio. Foi das primeiras coisas que fiz, porque se é para assumir, é para ser a 100 por cento e não tenho qualquer restrição em relação a isso.
Não acho que seja um argumento válido, porque se me olharem como uma figura mais religiosa – já fui associada à imagem da Virgem e da Santinha e não me incomoda nada – peregrinações também vejo os meus adversários a fazer. Vejo-os aí a fazer a sua propaganda e campanha tal como eu. Não significa que tenha estado totalmente afastada. Os meus filhos sempre passaram as férias com os avós e vim ao concelho com muita frequência em todos estes anos.

Cbs.com – Ainda não há um ano o seu nome esteve envolvido numa polémica levantada pela então diretora adjunta da DREC que, entre outras coisas, a acusa de saneamentos políticos, atropelos à lei e desrespeito pelo erário público…. O caso tem por variadas vezes sido usado pela candidatura adversária, desconhecendo-se até ao momento o seu posicionamento sobre esta matéria. Não acha que pode ter a sua confiança ferida junto de pessoas de quem espera um voto?
CO – Não. A minha consciência está perfeitamente tranquila. No exercício de funções no âmbito da Administração Pública há princípios e valores dos quais não podemos abdicar e, se calhar, isso cria resistência por parte de determinadas pessoas que não conseguem esse princípios de rigor e transparência. Qualquer pessoa pode vir para os jornais dizer o que bem entende. Daí que eu própria tenha pedido ao secretário de Estado para abrir o inquérito porque não tenho nada a temer. Poderia eu ter respondido, na altura, mas optei por não o fazer, porque não gosto de tratar os assuntos na praça pública. E acho que o facto de eu me manter em funções tem o seu significado.

Cbs.com – Qual o resultado desse inquérito?
CO – Eu não sei de nada.

Cbs.com – Nota que o assunto esteja a provocar alguma resistência no apoio que espera dos oliveirenses?
CO – Nunca notei nada. Tenho feito imensos contactos com os nosso candidatos às juntas por essas freguesias fora e as pessoas têm-me recebido muito bem. Temos tido conversas muito interessantes. O porta a porta serve para ouvirmos as pessoas. E o que eu sinto é que há um grande descontentamento das pessoas em relação à situação do concelho. As pessoas apresentam-se muito desagradadas com os políticos que temos e vão-me dando apoio. É preciso que se diga que esta candidatura é social democrata num concelho predominantemente social democrata . Essa marca vem ao de cima no contacto com as populações. Tenho recebido imensos apoios e incentivos. Os nosso candidatos às juntas são pessoas fantásticas, têm uma capacidade de comunicar com as suas gentes que é inigualável. Não precisamos de achincalhar a vida de ninguém. Aliás, eu tenho feito esse apelo para que resistam à tentação de cair na acusação e difamação. O nosso projeto não precisa disso. Por mais que tentem picar-me e difamar-me da minha parte jamais terão acusações desse teor. Se tiver que fazer acusações será no exercício de presidente de câmara e no executivo. Não vou e não quero ir por esse caminho.

«… propus ao Secretário de Estado várias possibilidades e a de agregação única foi a que recebeu despacho favorável»

OLYMPUS DIGITAL CAMERACbs.com– Polémico foi também o processo de constituição do mega agrupamento de escolas de Oliveira do Hospital no qual esteve diretamente ligada pelas suas funções de diretora regional de educação. Em causa esteve uma redução radical de cinco para um. Não sente que, por isso, perdeu terreno para o seu adversário?
CO – Não. Eu emiti um parecer, porque eu não tinha competência para tomar a decisão. Quem deu despacho foi o Secretário de Estado da Administração Escolar. Estou de consciência tranquilíssima de ter feito o que me competia enquanto representante do Ministério de Educação.
Ao contrário do que foi a postura do PS, eu fiz duas reuniões com os diretores dos agrupamentos e com a autarquia e face àquilo que era a proposta anterior do PS relativamente a Oliveira do Hospital de um único mega agrupamento, entendi que poderíamos de forma consensual estudar outra opção. Era necessário fazer a reorganização da rede. Já à volta tudo estava feito e Oliveira do Hospital não tinha feito esse esforço. Era uma imposição superior que tinha que ser cumprida decorrente de compromisso assumidos pelo PS com a Troika. Chamei as pessoas à mesa e infelizmente não tive os interlocutores que esperaria. Recusaram-se totalmente ao diálogo. Rejeitaram qualquer proposta. Na altura eu propus dois agrupamentos, mas não havia vontade em negociar. A minha disponibilidade era total. Ao fim de duas reuniões de três horas estávamos num impasse. Ainda assim foi-me pedido que lhes desse tempo para que estivesse concluído o Projeto Educativo Local (PEL) que iria determinar a melhor solução para reorganização da rede. Perante isso, solicitei ao Secretário de Estado para que desse mais alguns meses para que se concluísse o PEL. Foi assim também na Guarda e Marinha Grande (câmaras socialistas). Estes dois casos reuniram os conselhos municipais de educação, estudaram e apresentaram uma solução muito coerente e sustentada. No caso de Oliveira do Hospital, chegado o limite do prazo havia uma solução para tomar. Olhando para aquele PEL, a projeção era demolidora para a natalidade e evolução da população escolar e era muito difícil chegar ao mês de dezembro e ouvir a mesma proposta que tinha feito em abril. Pensei eu: estiveram à espera, mais de meio ano, pela resposta de um PEL que custou quase 20 mil euros, que é um bom estudo de projeção demográfica, mas em termos de reorganização da rede não traz qualquer acrescento àquilo que era a proposta inicial. Verificar que afinal a minha proposta era a mais equilibrada e não foi aceite e verificar que o concelho estava a perder alunos e que a solução de dois agrupamentos, poderia dificultar a sobrevivência de um deles, propus ao Secretário de Estado várias possibilidades e a de agregação única foi a que colheu despacho favorável.
Já em janeiro, o senhor presidente da Câmara veio ter comigo e à revelia de todas as reuniões veio propor-me outra solução. Na altura disse-lhe que ambos ficaríamos mal na fotografia se no meu gabinete chegássemos a um acordo. Os pareceres que emito são à frente de toda a gente e não trancada em gabinetes.
Honestamente, a solução de um único mega agrupamento é a que melhor serve ao concelho para os próximos anos. E é preciso desmistificar uma coisa, porque o o meu adversário anda a fazer baixa política porque anda a dizer que as escolas encerram e que professores e funcionários vão para o desemprego. Isso é fazer má política com a educação, porque a educação não deve ser uma arma de arremesso político.

Cbs. Com – Mas já são conhecidas queixas de professores e funcionários deslocados …
CO – Nunca esteve em causa o encerramento de qualquer escola. Para alguns a hecatombe era o cenário mais interessante, mas nada disso se verificou. Os alunos continuam nas escolas, as turmas estão todas constituídas, os funcionários continuam todos a trabalhar evidentemente que para um só agrupamento. Aos professores está-lhes a ser distribuído o serviço para trabalharem. O que está em causa é a melhor racionalização dos recursos. Cabe à Comissão Administrativa Provisória do Mega Agrupamento fazer a melhor gestão. Se calhar alguns até ficam a ganhar.
Verifico que, pelo contrário, a autarquia é que encerrou escolas no concelho ao encaminhar os alunos para o Centro Escolar de Nogueira do Cravo.

Cbs.com – Discorda da requalificação feita na antiga EB1 de Nogueira do Cravo para dar lugar ao Centro Escolar?
CO – Aquele centro escolar foi financiado pelo QREN em 85 por cento e um investimento desses tem que ser bem pensado. É certo que foi dado parecer favorável pela minha antecessora na DREC. Provavelmente hoje aquele Centro Escolar já não teria parecer favorável porque o número de alunos está a decrescer brutalmente.
A ser pensado, um centro escolar teria que ser para Oliveira do Hospital, onde há problemas muitos complicados e onde a EB1 não tem capacidade para receber tantos alunos e fornecer as refeições.

Cbs.com – Não deveria ter sido construído por executivos anteriores do PSD?
CO – É pena que se tenham perdido todas estas oportunidades para se fazer um bom centro escolar em Oliveira do Hospital. Essa tinha sido a grande aposta. Houve muito dinheiro. Ainda na semana passada fui convidada e estive presente, com o senhor Primeiro-Ministro e o ministro da Educação, na inauguração de dois centros escolares em Oliveira do Bairro com uma dimensão ajustada às necessidades dos alunos. Dois centros escolares construídos por uma empresa aqui do concelho, o que me deixou muito orgulhosa. Olhando para as apostas dos outros concelhos e as que são feitas neste concelho as diferenças são muito acentuadas. Perderam-se imensas oportunidades.
Também não conheço o Centro Escolar de Nogueira do Cravo. Não fui convidada para a inauguração. Só o conheço por fora. Só espero que as crianças sejam felizes e se tornem bons cidadãos. Agora, não sei se a aposta foi a melhor.

«A democracia é aceitar a opinião da maioria, negociar o melhor para as nossas populações e não é fazer birra, correr muito e fazer mundos e fundos para aparecer na fotografia e dizer que se luta muito pelo concelho. Porque o resultado é o que temos à vista»

Cbs.com– Candidata-se por o partido (PSD) que, em Oliveira, é visto como o responsável pelo abate de cinco freguesias. Como é que dá a cara junto das populações?
CO – Tenho notado que do lado dos meus adversários se preocupam muito com o PSD e até mais com as questões internas do PSD do que com aquilo que lhes compete que é apresentarem bons projetos e boas ideias para o concelho. Na questão das freguesias, o sr. presidente da Câmara voltou a dar mostras da sua incapacidade negocial. O cenário teria sido diferente, se tivesse capacidade para apresentar superiormente uma proposta. Não basta bater o pé, fazer birra e dizer que não queremos. A um autarca exige-se maturidade democrática. A democracia é aceitar a opinião da maioria, negociar o melhor para as nossas populações e não é fazer birra, correr muito e fazer mundos e fundos para aparecer na fotografia e dizer que se luta muito pelo concelho. Porque o resultado é o que temos à vista. Esta forma de estar não serve os interesses do concelho. Esta agregação foi feita em Lisboa por António Costa com excelentes resultados e sem grande contestação. O importante foi sentar pessoas à mesa e chegar a acordo.
Temos dito às pessoas que as freguesias mantêm limites administrativos, passa é a haver um órgão para duas freguesias. Mantém-se a designação de cada freguesia e todos os nossos candidatos assumiram o compromisso de manter as juntas abertas. Não tenho ouvido o mesmo da parte dos meus adversários. Verifico que não há interesse em garantir igualdade de tratamento.

Cbs.com– No que à constituição de listas diz respeito já teve oportunidade de referir que foi um “processo mau de mais”. Quais foram as principais dificuldades?
CO – As dificuldades de quem não tem poder são sempre muitas. Mas isso não impediu de reunir os melhores candidatos pelo seu carácter, seriedade e forma como se dedicam a uma causa sem interesses pessoais. As dificuldades prendem-se com o desencanto que as pessoas têm dos políticos e da política. Os interesses escondidos e a forma como algumas influências e pressões são feitas nos bastidores… numa altura em que as pessoas se encontram em precariedade de emprego, as pessoas têm medo. Aflige-me a forma como se faz política no concelho. Vejo as pessoas com medo. Pessoas dizem-me que me apoiam, mas que não podem fazer parte das listas porque têm familiares a trabalhar na Câmara, ou em certas empresas. Isso assusta-me. Que democracia é que temos no concelho? A mim não me vão ver a fazer propaganda política à porta de uma igreja, num funeral ou em outros locais desajustados. Já o disse à minha equipa. Para mim a política não é isto. É lamentável que as pessoas tenham medo. Estamos no século XXI e ninguém pode ser perseguido por pertencer a qualquer partido. Bem sei que é mais cómodo ser-se independente. Também acho graça que o meu adversário tenha muito orgulho do PS. Tem orgulho do PS quando lhe dá jeito para ter a estrutura do PS na sua candidatura. Depreendo que também tem orgulho no trabalho que o PS fez neste país. Tenho sensação que o meu adversário é sobretudo candidato às legislativas do que às autárquicas, porque está muito preocupado com o PSD no governo e tenta fazer esta colagem, porque sabe que tem que mexer no elitorado do PSD. Independentemente dos resultados destas eleições, o PSD irá manter-se em funções até final do mandato e disso já ninguém duvida. Pouco lhe adianta procurar colar-se à situação nacional para demover o eleitorado de votar no PSD. Por essa via não vai conseguir.

CBS– Avançam com lista em Meruge e não apresentam candidatos a Lagares da Beira, Alvôco e S. Gião. Como explica tal facto?
CO – A constituição das listas foi da responsabilidade da Comissão Política do PSD e sempre que necessário ia acompanhando e fizemos reuniões com as pessoas. Normalmente, conseguia-se um grupo de pessoas interessadas em integrar a lista. Em determinados locais, designadamente aqueles onde não constituímos listas, foi difícil encontrar alguém para encabeçar, nomeadamente por esses medos. Isso não significa que estas freguesias deixem de ter a mesma atenção que as outras vão ter.
Meruge foi uma surpresa para toda a gente. A freguesia teve sempre bons resultados eleitorais nas legislativas e presidenciais. Nas autárquicas nunca aparecia lista do PSD e já sei porque razão. Esta lista que agora aparece vem alterar o status quo que existia. A lista está motivada e acredito num bom resultado, porque o eleitorado é social democrata. Pessoas de outras lista já manifestaram tendência de voto no PSD, porque a nossa lista apareceu e torna as coisas diferentes. Vai ser muito interessante ver o resultado de Meruge.

Cbs.com – Como é que se deixa de fora um militante e destacado deputado da Assembleia Municipal, em concreto Rui Abrantes?
CO – O Rui Abrantes não foi deixado de fora. Tanto quanto me foi expresso pelo presidente da CPS do PSD, que lhe teceu os maiores elogios relativamente ao seu desempenho na AM, o Rui Abrantes optou por não integrar as listas. As razões que o levaram a não aceitar integrar a lista à Assembleia Municipal só ele poderá explicar. Essa pergunta tem que lha fazer a ele.

Cbs.com- Têm sido sucessivas as críticas que, nas diversas áreas, tem apontado à atuação do atual executivo municipal? Acha que José Carlos Alexandrino é um impreparado político?
CO – Recordo declarações de ele dizer que agora sim está preparado. O que é que quer que lhe diga? Só agora é que está preparado? Pois, ainda bem que em quatro anos se preparou. É evidente que o meu colega representa 35 por cento do eleitorado do concelho. Não representa todo o eleitorado, mas um terço. A vitória caiu-lhe nas mãos como por milagre. Nem ele contava com essa vitória. Basta ver o programa de 2009, um programa que ninguém consegue cumprir, porque não contava ganhar. Melhor, ele não ganhou as eleições, o PSD é que perdeu as eleições. Ele tem responsabilidade acrescida. É a primeira vez que vai a eleições para ganhar. E são umas eleições dramáticas para ele porque é uma candidatura socialista num território social democrata.

Cbs.com – E o PSD já estará verdadeiramente unido?
CO – Basta olhar para a constituição das listas. Temos listas com toda a gente, quer do PSD, quer independentes, PS, CDS. A nossa candidatura também é bastante abrangente.

Cbs.com – Mas deixaram escapar eleitos do PSD para as listas PS…
CO – Foi assim porque quiseram. Ninguém os coagiu a nada. Foram de livre e espontânea vontade. E o PSD é tão grandioso que conseguimos fazer as nossas listas e dar cabeças de lista para candidatura do PS. O PSD consegue assegurar as nossas listas e as dos adversários.

«Se a solução passar por outra alternativa ao IPC, pois iremos estudar outra alternativa. O IPC não é a única instituição de ensino superior na região»

Cbs.com– Como agiria em casos inesperados como foram, por exemplo, o da ESTGOH? ( Em 2011 chegou a ser ameaçada de encerramento)?
CO – Olhando para todo este processo fico perplexa. Fico perplexa quando vejo a atuaçao do meu adversário e mais uma vez questiono como é possível que uma pessoa queira chegar a um acordo com o responsável máximo do Instituto Politécnico de Coimbra o trate de incendiário. Não se pode esperar que uma pessoa que é maltratada dessa forma e que é linchada em praça pública tenha abertura para o diálogo. Aquilo que o sr. Presidente foi uma série de iniciativas de fachada para mostrar que tem lutado e o resultado é zero. E mais. Está a faltar à verdade, porque quem em 2011 lutou para que a escola não fechasse foram os deputados do PSD, que intercederam junto do ministro. A única culpa é da falta de capacidade de diálogo com os responsáveis máximos do Politécnico. Se tivesse havido o investimento que foi prometido pelo sr. Presidente de 3, 5 milhões na construção da escola, talvez a ESTGOH tivesse outra capacidade de se afirmar aqui no concelho.
A escola como está terá muitas dificuldades em sobreviver. Precisa de um projeto educativo novo, que tenha a ligação com os setores locais, boas âncoras na região e ofertas que não existam em mais lado nenhum e sejam só por si um atrativo para a cidade. A escola tem capacidades para sobreviver e irá sobreviver, mas iremos trabalhar no sentido de ajudar, porque a Câmara não tem responsabilidade direta sobre esta matéria. Se a solução passar por outra alternativa ao IPC, pois iremos estudar outra alternativa. O IPC não é a única instituição de enino superior na região.

Cbs.com – Qual a sua opinião acerca da BLC3? Se for eleita, o que é que pretende fazer com aquela plataforma?
CO – Estou à espera de visitar a BLC3 e conto mudar a minha opinião. Neste momento penso que se trata de um local onde estão instaladas empresas com mérito, mas que não cumprem os objetivos da BLC3. Já vi que tem uma televisão instalada, uma agência imobiliária online, mais uma loja de artesanato online… tenho ouvido falar em milhões para este projeto e para aquele, mas ainda não vi o reflexo do investimento de milhões que é sistematicamente propagandeado.
Ninguém duvida que o crescimento económico tem que se fundamentar numa aliança estratégica entre o setor empresarial e científico. Esta ligação é fundamental. A área do ambiente é estratégica no futuro e o nosso concelho tem grandes potencialidades a esse nível. Aliar ambiente, a ciência e o ensino é estratégico. A forma como a interligação está a ser feita oferece-me muitas dúvidas.

Cbs.com – Acredita que o futuro da ESTGOH passe por aí?
CO – Eventualmente sim.

OLYMPUS DIGITAL CAMERACbs.com – Acusa o executivo da não realização de obra. O que é que na sua opinião não foi feito? Havia condições financeiras para mais obra física?
CO – Apelo a todos para que passem os olhos pelo último jornal de campanha de José Carlos Alexandrino. Vão ficar estupefactos. Já vi o manifesto atual e a diferença é notória. Parece que de repente aterrou e tomou consciência. É preciso que se diga que grande parte da obra do atual executivo já tinha sido adjudicada no mandato do professor Mário Alves. Boa parte do trabalho estava feita. A maior parte das promessas ficaram no papel. E não porque não havia dinheiro. Houve imensos projetos e capacidade para ir buscar dinheiro do QREN para construir equipamentos que não foram feitos. Olhando para o concelho que obras importantes foram feitas? Central de Camionagem e Centro Escolar de Nogueira. Não vejo mais nada. A Zona Industrial está miserável. Já tive oportunidade de visitar o estaleiro da Câmara e interrogo-me porque ocupa o principal lote e com uma apresentação que só deve envergonhar a Câmara Municipal. Nem uma vedação tem. A imagem de um estaleiro degradado é muito má. Esse deveria ter sido um dos principias projetos, dar dignidade ao estaleiro e à Zona Industrial que não tem características de zona industrial. É um mero conjunto de lotes alinhados onde estão empresas. Sei que vai ser alargada com mais cinco lotes, mas o preço causou-me surpresa. Quase meio milhão de euros para cinco lotes. Questiono-me a quanto é que vai ficar o preço desses lotes.
No que respeita à Zona Industrial da Cordinha, eu sinceramente oferecia os terrenos. Ao fim deste tempo não conseguir atrair empresas e continuar a pedir aos empresários para pagarem para irem para lá, não serve os interesses. Até agora só lá está um pavilhão perdido no nada.
A Acibeira é um espaço com grande potencialidade. Não sei é porque é que a Câmara a adquiriu. Talvez porque estava a preço de saldo. Espeto que não tenha havido outras contrapartidas e interesses escondidos. Honestamente, a Acibeira deve ter um destino para o privado. As autarquias não têm que criar empresas e diretamente postos de trabalho. Devem dinamizar, apoiar e criar boas condições para instalação de empresas e desenvolvimento do concelho. Isso não tem acontecido. O meu adversários prometeu 100 empresas. Onde é que elas estão?

«Não tenho dúvida de que no próximo mandato a questão dos acessos será resolvida. Essa questão é fundamental. A partir daí tudo será facilitado»

Cbs.com – Mas há forma de fazer face ao desemprego?
CO – Fazer face ao desemprego não é contratar pessoas de forma precária. É verdade que esses postos de trabalho também são importantes para as pessoas, mas não são resposta. O concelho precisa de bons acessos. Disso ninguém duvida. E há o compromisso do Secretário de Estado dos Transportes de encontrarmos a solução para a conclusão do IC6. Tenho certeza que com o novo quadro comunitário vai ser possível enquadrar projetos. Não tenho dúvida de que no próximo mandato a questão dos acessos será resolvida. Essa questão é fundamental. A partir daí tudo será facilitado.
Ainda assim facilitar a fixação das empresas, ou pela redução das taxas de instalação ou maior facilidade na organização de processos, podem ser boas medidas para criação de postos de trabalho. Também devemos ir procurar investimentos lá fora. Já disse à minha equipa que se for preciso ir procurar investidores fora do país, devemos fazê-lo.
Também não tenho visto uma entidade agregadora dos interesses do concelho. Não há uma associação empresarial. Cada empresário trabalha um pouco para si. Empresários unidos são mais fortes e conseguem atrair outras empresas para junto de si. Temos grandes empresários no concelho. Os setores do têxtil e agro alimentar são disso exemplo. A autarquia deve criar condições para que os empresários apresentem os seus produtos. A EXPOH é uma feira importante, mas não nos moldes em que está organizada, porque não passa de um palco de espetáculos, em que vêm os artistas cantar e tirar fotos com o sr. Presidente. Não podemos investir o que se investe, para ter os resultados que temos. Muito pouco contribui para a promoção das nossas empresas. Maior parte dos stands eram de coletividades, mas deveria ser organizada uma iniciativa para essas coletividades que fazem trabalho meritório. Concebo uma iniciativa só para empresas, com programa paralelo compostos por fóruns de discussão e encontros de empresários. O espaço não é adequado para feira empresarial. Gostaria de arranjar um espaço digno para fazer uma grande feira empresarial. Falta um equipamento fechado, um espaço digno para que os nossos empresários possam dignamente apresentar as suas empresas. Se eu fosse um grande empresário, não queria a minha empresa enfiada numa daquelas barraquinhas.

Cbs.com – Para além dos assuntos já abordados, quais são as principais linhas programáticas do seu projeto?
CO – Há muita coisa a fazer. O concelho esteve muito fechado e perdeu protagonismo. Tábua que até teve menor importância, nalguns aspetos está-nos a passar à frente. Isto deve-se a uma visão redutora. Temos que urgentemente fixar população e não é com subsídios à natalidade. Ninguém fica a residir no concelho porque a Câmara dá 70 Euros. Ninguém. Quem precisa tem que ser apoiado, mas temos que ajudar a criar empresas e dar boa educação às pessoas. O meu adversário diz que é homem do povo, mas as minhas raízes também são muito humildes e sou o exemplo mais do que provado de que a educação é a nossa oportunidade de igualdade social. Porque eu fiz o processo todo, aos 40 anos defendi tese de doutoramento na Sala dos Capelos, em Coimbra e os meus pais têm a 4ª classe. Fui diretora regional, sou delegada regional e candidata a uma Câmara Municipal. Se não tivesse sido a educação a permitir este meu percurso, talvez estivesse em funções igualmente dignas, mas não teria esta oportunidade. A carta educativa tem que ser reorganizada, o projeto local tem que ser trabalhado. É fundamental e as crianças tenham boa resposta de Componente de Apoio à Família e de apoio social. Mas tudo tem que ser justo. Os apoios sociais devem dirigir-se a quem necessita mesmo.
Já passeei pela zona história que é hoje uma zona antiga e degradada. Ainda que o meu adversário diga que não prometeu requalificar aquela zona, no seu programa tinha a promessa de requalificação das zonas degradadas. O que é certo é que o plano de pormenor está feito, ma ficou na gaveta, provavelmente porque não houve capacidade de o implementar. Na gaveta ficaram também outros projetos. O Museu da Bobadela é uma vergonha. E dada a minha formação em história, ninguém me iria perdoar se eu não transformasse aquele espaço num sítio visitado, onde se organizam visitas de estudo e onde os turistas podem chegar e ter uma explicação do que estão a ver. Em Lourosa acontece o mesmo. Sei que o plano de requalificação da zona história onde está inserida a Igreja Moçárabe está todo feito. Temos que tirar isso tudo das gavetas e procurar o dinheiro.
Não contem comigo para andar por aí a fazer fotografia e a passear na cidade com artistas conhecidos. Não contem comigo para isso. Eu não sou assim. Sou uma pessoa discreta. Não sou pessoa que chego e faço calar toda a gente porque falo alto. Estou aqui para trabalhar e tudo farei para defender este concelho. Sei que sou capaz. Só o facto de ser mulher e de essa condição me destacar já noto que tenho maior capacidade de chamar a atenção. Neste momento, sou a única mulher a encabeçar lista no distrito. Essa condição faz a diferença. Sou simples, embora tenham feito de tudo para me colar a imagem de que sou pessoa que vem de Coimbra e que tem distanciamento das pessoas. Não é nada disso. Até sou muito tímida e não sou pessoa de chegar e fazer espalhafates e ter intervenções mais polémicas e dizer mal das pessoas. Sou assim e não é com esta idade que vou mudar.

Cbs.com – Qual tem sido o pulsar das gentes de Oliveira do Hospital. Dá a vitória como dado adquirido?
CO – Com certeza que sim. O meu adversário acha que até sonhamos com ele. Mas não sonho com ele. Sonho com o meu projeto e com a nossa vitória. Tenho à minha volta pessoas que me têm ajudado imenso e dado os seus contributos. Percebo que o meu adversário é que deve passar noites em claro. Porque sabe que o PSD é uma força importante e que vai ganhar as eleições. O concelho é laranja e, no momento de voto, as pessoas revêem-se num projeto social democrata.

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