Diferença brutal entre mortes e nascimentos no nosso País (e não só)
É o resultado que mais põe a nu a desumanização deste sistema
Em que os Portugueses e as Portuguesas fogem ao futuro, com medo…
Chamou-nos a atenção um artigo saído na Comarca de Arganil (27-Nov-2014) que trata do desequilíbrio extremo entre o número de mortes – e a aumentar – e o número de nascimentos – estes a descer – também no concelho e Oliveira do Hospital, onde, diz-se, até nem se viverá muito mal…
Uma parte da amostragem é suficientemente esclarecedora. Até arrepia…
Durante o ano de 2014, nos 9 meses iniciais – e falta os números dos três piores meses – Out – Nov – Dez – já faleceram 235 pessoas e nasceram apenas 21 crianças no nosso Concelho (nestes números não entra a Freguesia de Oliveira do Hospital que certamente os agravaria). Portanto, nos nove primeiros meses de 2014 já houve dez vezes mais mortes que nascimentos!
E em seis anos – de 2008 a 2013 – nasceram 707 crianças enquanto morriam 1619 pessoas. Em seis anos – ainda sem o desastroso 2014 – mais do dobro de mortes comparativamente com os nascimentos no município de Oliveira do Hospital – que felizmente não foi vítima de nenhum cataclismo ou peste.
E evidente que se pode enumerar uma série de causas para tentar explicar um fenómeno – muitas mais mortes que nascimentos – que se está a tornar normal quando, de facto é completamente anormal e reflecte os males mais nefastos e mais profundos da nossa sociedade e do sistema dominante que a domina – o sistema capitalista por sua vez em fase de mutações.
Os “jovens” escolhem ser pais a partir dos 40 anos e escolhem por norma ter apenas um filho. A situação e as motivações não são obviamente comparáveis às de 100 anos atrás…
Sim, mas há causas objetivas que “fazem a cabeça” dos jovens para que estes ajam como estão a agir nesta área por ventura a mais sensível de todas aquelas que, por norma, a grande parte das famílias pode viver com alegria – um nascimento.
E não são os métodos anticoncepcionais ou o pudor mal superado que determinam a situação. As pessoas – os jovens – estão a agir assim por motivos essencialmente económicos e sociais em consequência dos primeiros. O desemprego, os baixos salários, a instabilidade, a insegurança, tiram verdadeiramente “a pica” quando se pensa em gerar um filho… E lá fica mais um projecto de vida adiado e a envelhecer antes de ter nascido.
As consequências já estão a ser insuportáveis a vários níveis. E se isto assim continuar, caso não se arrebente com este sistema dominante de super-exploração dos trabalhadores, de injustiças brutais, então daqui a trinta ou quarenta anos as consequências serão simplesmente intoleráveis.
Não tem futuro, não tem alegria, uma civilização sem crianças – sem jovens – e com um número “esmagador” de anciãos. Ou melhor, tem um “futuro” mas tão triste e tão definitivo que o temos de matar à nascença – agora – :- o cemitério.
Sim, este sistema dominante que nos oprime é um verdadeiro cemitério da civilização humana vivida com humanismo. Ou dito de outra forma, este sistema é desumano e gerador da morte, em primeiro lugar.
O Cemitério da vida, da esperança e da eternidade do ser Humano, esse “nada” tem de ser abatido com descargas de vida carregadas de justiça e energia !
5 de Janeiro de 2015
Joao Dinis, Jano
Nota:- agradecimento ao pesquisador dos “números” para a Comarca de Arganil que teve o trabalho meticuloso de ir ao fundo do “caldeirão”…