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O Lugar do Morto

No aprazível local, engalanado pela junta de freguesia, existem mesas de granito que, outrora, serviram de túmulo aos defuntos.

Na mesa que a imagem de cima documenta por exemplo – as letras foram reavivadas por este jornal através do “Photoshop” –, já muita boa gente merendou – imagine-se! – sem sequer se aperceber que o estava a fazer em cima da pedra tumular sob a qual repousava Joaquim Alves Craveiro.

Ao certo, ao certo, poucos saberão de que cemitério da freguesia é que veio a pedra do “anónimo” defunto, que se finou há mais de 100 anos. Contudo, ninguém tem dúvidas de que se trata de uma pedra tumular que alguém decidiu “reciclar” em mesa de lazer.

Mas na principal sala de visitas de Seixo da Beira, existem outras pedras que, supostamente, terão sido retiradas de cemitérios locais.

Na imagem ao lado, por exemplo, está uma outra mesa cujo tampo é exactamente igual ao que serve de cobertura a uma velha campa do cemitério velho da freguesia.

Aliás, se bem contarmos, somos capazes de encontrar, no parque Nossa Senhora da Estrela, cerca de meia dúzia de mesas de pedra com configuração tumular.

CBS visitou o local na sequência de denúncia anónima

A denúncia deste caso, com o qual nunca ninguém parece ter-se importado – pelo menos até à data –, foi feita a este jornal, anonimamente, e poucos dias depois da noite eleitoral de 11 de Outubro.

Instado a pronunciar-se sobre esta polémica situação, o presidente da junta de freguesia local – António Inácio foi eleito para o cargo em 1997 e, nas últimas autárquicas, perdeu a eleição para o PS –, diz não ter nada a ver com o assunto.

“Se as pedras lá estão, já vieram do passado. Isso tem que perguntar aos presidentes de Junta que lá estiveram antes de mim”, afirmou aquele autarca, garantindo que quando entrou para a autarquia do Seixo “as pedras já lá estavam”.

Incomodado com o facto de a macabra história estar agora a ser alvo de investigação jornalística, António Inácio desafiou mesmo o Correio da Beira Serra a investigar o caso, porque – conforme elucidou – “os anteriores presidentes de junta já morreram, mas os secretários e os tesoureiros ainda estão vivos”.

“Esses é que devem ser ouvidos, porque esses é que sabem de onde elas vieram”, assegura. O presidente cessante da freguesia de Seixo da Beira, insistiu sempre em declinar qualquer responsabilidade, e deixou mesmo um recado: “isso é para me pegarem, mas desse lado não me pegam”, conclui António Inácio, sem deixar de apontar para a “obra meritória” que deixou na freguesia ao longo de três mandatos políticos.

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