Home - Região - Freguesias - “O presidente diz que Oliveira está na moda. Adarnela só se for na moda da idade da pedra. Não tem água, nem saneamento”

“O presidente diz que Oliveira está na moda. Adarnela só se for na moda da idade da pedra. Não tem água, nem saneamento”

Quem chega a Adarnela, no concelho de Oliveira do Hospital encontra uma localidade dividida entre as freguesias Travanca de Lagos e Lagares da Beira. Cinco casas de um lado, umas sete do outro. Depara-se também com cerca de duas dezenas de habitantes indignados com a falta de água canalizada e saneamento. A população discute, vai pedindo, mas está quase conformada. Toda? Não! O habitante José Esteves continua a resistir à passividade da autarquia e vai fazendo de tudo para que Adarnela seja dotada de “condições dignas de qualquer cidadão do século XXI”. Diz querer aquilo a que qualquer munícipe tem direito num concelho civilizado.

José Esteves
José Esteves

“O presidente diz que Oliveira do Hospital está na moda. Adernela, só se for na moda da idade da pedra. É uma cidade da moda com lugares sem água, nem saneamento. Isto só visto”, atira este serralheiro de 44 anos que não tem uma vida fácil. Por culpa, explica, da autarquia. Uma ou duas vezes por semana tem de encher, a partir do rio Cobral, um depósito de mil litros de água para tomar banho e lavar a roupa. Depois vai “pedir diariamente a uma tia, que tem um furo de captação de água potável, a necessária para cozinhar”.

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Ponto de captação de água no rio Cobral

A vida é complicada na localidade. Há aqueles que conseguem a água que necessitam do subsolo. Outros têm de se servir do rio Cobral para obterem o precioso líquido para as necessidades básicas e pedir a amigos água potável para o restante. “É só festas, para a população é esta miséria”, conta, sublinhando que os problemas variam segundo as estações do ano. “No Inverno o rio leva demasiado lixo. No Verão, com a seca é o cabo dos trabalhos para arranjar água, mesmo para aqueles que têm furos”.

As dificuldades só lhe aumentam a revolta. Talvez por isso, no meio de tanta tarefa ainda arranja tempo para continuar a reivindicar. Conversa com o presidente da junta (no caso de Travanca de Lagos) e com os responsáveis da Câmara Municipal. A resposta é que é sempre a mesma: “Vamos ver…, mas nem cá põem os pés”. Nem o placar que José Esteves exibiu e que foi visto por todo o pais através da televisão, quando o município investiu para acolher a partida da etapa rainha da volta a Portugal em 2013 que ligou Oliveira do Hospital à Torre, onde se podia ler “Temos a volta a Portugal, mas não temos água nas torneiras, nem saneamento” comoveu o presidente da Câmara Municipal. “Continuou tudo na mesma”, resume José Esteves.

“Se ele [José Carlos Alexandrino] tivesse de ir buscar água ao rio Seia para tomar banho, isso abria-lhe os olhos”

“E andamos assim há 20 anos. Já o meu pai reclamava e eu vou continuar a protestar”, conta ao CBS adarnela-2este serralheiro, lamentando “a forma displicente” como a autarquia oliveirense olha para ele e para os seus vizinhos. “Vou falar à Câmara e o que me dizem é que vão ver o que se passa. A verdade é que não aparece por cá ninguém”, lamenta. A sua indignação aumenta quando vê como são tratados outras partes do concelho. “Em Negrelos são quatro casas e já meteram água e saneamento e nós nada. Isto não se faz. Digo mais uma vez. Há dinheiro para festas e mais festas e não há condições para dar às pessoas condições básicas”, frisa.

José Esteves está convencido que um bom remédio para o presidente da autarquia, José Carlos Alexandrino, ter noção das dificuldades que passa aquela população era ele estar nas mesmas condições em Ervedal da Beira (de onde é natural, embora more na cidade) e ter de ir ao rio Seia buscar a água que necessitasse. “Isso abria-lhe os olhos”, atira, mostrando esperanças de que agora com a aproximação das eleições autárquicas algo se resolva. “O problema é que nesta fase também é só promessas. Essas não vão faltar. Mas depois esquecem-se outra vez. Agora fala em tantas empreitadas espero que coloque as obras no terreno antes da campanha, caso contrário poderemos continuar a esperar sentados”, conclui. Uma coisa promete José Esteves: vai continuar a protestar.

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