Home - Opinião - O “canto do rouxinol”

Fim de tarde, o rio Alva corre manso a caminho do abraço que há-de trocar com o Mondego, perto de Penacova, e eu mantenho-me por ali, junto à ponte...

O “canto do rouxinol”

… tentando descobrir num dos ramos do salgueiro o rouxinol que me encanta com os seus trinados. Deve estar camuflado, o cantor, porque não lhe ponho a vista em cima, mas adivinho-lhe o colorido das penas, em tons de castanho.

Ainda era primavera, e nem imaginava que, tempos depois, a coberto da partilha da ideologia política, cruzava os passos com “outro rouxinol”, de carne e osso, alegre nas palavras e nos gestos, afoito nas ideias – um quase revolucionário para as gentes da “nossa” serra, direi eu.

Se encontrarem por aí um rapagão cinquentão, de mochila às costas, é ele, o “Rouxinol”, por momentos em descanso dos cliques a que obriga a máquina fotográfica, levando-a a copiar sorrisos, lágrimas, montes, vales, terras de pousio, riachos, ribeiras, o horizonte… e o resto que uma exposição pública há-de mostrar outro dia.

O “Rouxinol”é um artista e tem o “ninho” em Pomares, freguesia que o acolheu, na companhia da esposa, de braços abertos, a tempo de ser útil à comunidade após a reforma. E não foi de modas: vai de concorrer às últimas eleições, adiantando sonhos e uma vontade enorme de chegar ao Piódão, a partir de Pomares, por uma estrada digna e capaz de levar (e trazer…) as pessoas à serra com segurança.

É bom de ver que o “Rouxinol” queria (e quer!) fazer da sua freguesia uma espécie de entreposto turístico; gabei-lhe a ideia e acompanhei-o nos sonhos, sobretudo durante a mostra fotográfica que fez questão de inaugurar na companhia de largas dezenas de amigos, na sua sede de campanha – coisa pouco vista, a nível de candidaturas, nas freguesias do meu concelho.

Contados os votos, o “Rouxinol” não obteve os suficientes para dar corpo às ideias que dançaram por entre as palavras de circunstância no “porta-a-porta” em Agroal, Porto Silvado, e nas restantes povoações que compõem a freguesia de Pomares. Mesmo assim, não perdeu o “pio” e diz que não abandona a ideia de ter o Piódão “mais perto”!

É de foça, o António, “Rouxinol” de Pomares”!
Graças a homens de rija têmpera, sonhadores como o “Rouxinol”, nesta campanha eleitoral foi possível viajar por estradas com razoável piso, mais perto do céu, com os novos moinhos de vento no horizonte, a caminho da Fórnea e da Malhada Chã. O amigo João Luís, cicerone da serra, que conhece a palmo desde o tempo dos rallys, levou-me mais longe e fez-me subir mais alto, ao Monte do Culcurinho – 1250 metros de altitude! – para vista deslumbrante!

A capela da Nossa Senhora das Necessidades continua firme no cume; naquele dia, o sol beijava o altar, o frio era intenso, e foi no aconchego do resguardo da antecâmara da entrada que recordei (com dose dobrada de inveja…) os doidos que certa vez lançaram o desafio de ir com eles desfrutar o nascer do sol ao Culcurinho! Reconheço, de facto, que o “mundo visto dali”, é lindo!

Agora, sou eu o maluco, e se o meu cicerone habitual não estiver disposto a tanto, lanço o repto ao meu novo amigo António “Rouxinol” e à sua “Cannon” (?), com lentes de não sei quantos megapixéis, e havemos de “roubar” os tons do sol a crescer…a crescer…a crescer por detrás da “nossa” serra!

Cá por coisas, vou tomar nota de um”pormenor” para a viagem: – Não esquecer de triplicar os agasalhos, incluindo a carapuça de lã.

Carlos Alberto (Vilaça)

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