A mais antiga instituição de apoio à infância em Oliveira do Hospital, a Obra D. Josefina da Fonseca, mais conhecida por “Casa da Obra” acaba de concretizar um sonho antigo. O degradado solar, legado por Josefina da Fonseca, que há muito tempo exigia obras de restauro e conservação, tornou-se num espaço aprazível e verdadeiramente acolhedor, com as condições ideais para levar por diante a sua função de apoio à infância.
“O projeto inicial tem mais de 16 anos, durante sete anos andou perdido nos gabinetes da Segurança Social e depois foi sofrendo adaptações”, referiu a presidente da direção da Obra D. Josefina da Fonseca, contando que pelo meio há a registar as várias candidaturas a apoios, mas “sem qualquer resultado”.
“Mas somos persistentes”, afirmou Clara Caçador, revelando que por decisão do Conselho de Administração da instituição, “há três anos” foi dado o pontapé de saída para o início das obras de requalificação do espaço que, no concelho, é uma referência no apoio que presta ao nível de creche e Jardim de Infância.
Uma decisão que implicou a contração de empréstimo bancário “na perspetiva de aprovação de candidaturas”. Apoios que, no entanto, nunca chegaram à instituição que, na sexta feira, inaugurou a remodelação do espaço.
Em causa está um investimento de um milhão e 100 mil Euros a “custas próprias” da “Casa da Obra”, havendo a registar o apoio da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, que atribuiu um subsídio de 50 mil Euros e um segundo de cerca de 10.500,00 Euros destinados à requalificação exterior.
“Alguém do governo deveria estar aqui…”
À ausência de apoios da Segurança Social junta-se igualmente a falta de comparência do diretor do Centro Distrital da Segurança Social de Coimbra na cerimónia de inauguração. “Ao menos sentíamos o calor da sua proximidade e compreensão que já era lenitivo para quem sofre as incertezas do amanhã”, referiu o padre António Borges de Carvalho que, naquela cerimónia, deixou o seu lugar de secretário na direção da “Casa da Obra” – sucedeu-o o padre António Loureiro – mas não sem antes louvar o trabalho feito pela atual direção.
“O meu mérito de secretário mais não foi do que chamar para aqui as pessoas que concretizam os sonhos da juventude”, referiu, apreciando igualmente a ajuda da Câmara Municipal que “revela que está com as nossas crianças e famílias”.
Em “dia de festa para o concelho”, o presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital regozijou-se pela melhoria de condições no apoio às crianças, mas lamentou a ausência do diretor da Segurança Social. “Alguém do governo deveria estar aqui a reconhecer o trabalho de um conjunto de pessoas que, a título voluntário, abraçou este projeto, assumindo funções enormes”, referiu José Carlos Alexandrino, que “em nome do município e das crianças” deixou “um muito obrigado por todo o trabalho e empenho”.
Um projeto que a Câmara Municipal fez questão de apoiar e com o qual conta continuar contribuir. “A Câmara vai equacionar um subsídio de mais 50 mil Euros”, informou o presidente, valorizando assim o papel desempenhado pelas IPSS que, no concelho, fazem um “trabalho extraordinário” e são responsáveis por cerca de “600 postos de trabalho.
Presidente honorário da Obra D. Josefina da Fonseca, o bispo de Coimbra presidiu à cerimónia de benção do remodelado solar. “Felicito por a Obra D. Josefina da Fonseca encontrar pessoas adequadas e ousadas para assumir estas responsabilidades, porque para empréstimos é preciso muito coragem porque tudo é incerto”, afirmou Virgílio Antunes que, a adivinhar “um futuro que não parece fácil a ninguém”, desafiou toda a comunidade a “fazer alguma coisa”.
“Em qualquer situação em que estejamos, o fundamental é o coração, os sentimentos e os valores que formos capazes de desenvolver”, recomendou o Bispo de Coimbra que, não deixou de louvar o trabalho feito pelos seus antecessores na presidência honorária da Obra D. Josefina da Fonseca.
Com a assinatura de uma empresa concelhia – Civifran – as obras de requalificação foram inauguradas, continuando porém a faltar alguns equipamentos essenciais para a utilização do espaço. Até lá, as cerca de 180 crianças que frequentam a instituição continuam nos dois pavilhões que em 2006 foram criados para as acolher, pensada que já estava a recuperação do edifício principal.