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OPINIÃO: As autarquias e o desperdício

 

É óbvio que os exemplos vêm de cima, e a administração central é tudo menos um bom exemplo. É, aliás, um péssimo exemplo.

Trinta e seis anos depois da madrugada de abril, é confrangedor que o país tenha chegado a este estado de agonia e que o Governo da nação nos venha agora com um orçamento de “salvação nacional” em que nem o leite chocolatado ou uma simples pasta de dentes escapam à fúria dos impostos.

Ou me engano muito, ou qualquer dia – há cada vez mais portugueses a fazê-lo, sobretudo nas zonas fronteiriças – começamos a rumar em direção aos supermercados de Espanha, porque o vento está muito mais moderado.

Mas, concentrando-nos no poder político local que está investido nos municípios portugueses – há autarcas em funções há mais de um quarto de século –, é certo que dois mil onze vai ser um ano que porá à prova a capacidade de gestão dos autarcas portugueses, que se tem pautado por uma enorme falta de sensatez financeira.

No país em que continua a haver partidos políticos a pagar as quotas dos militantes para captar os seus votos, os vícios transferem-se para os corredores das autarquias e gere-se a “coisa pública” ao sabor do voto.

Enquanto vários milhões de portugueses continuam a empobrecer alegremente, todos nós vemos por aí autarcas, de todas as cores políticas, a esbanjar “milhares de contos” em rotundas, nesse desporto nacional chamado fogo de artifício, em mordomias, em “gente” contratada que nem sequer ousa pensar pela sua própria cabeça, e em obras cuja relação custo/benefício não faz parte do cálculo. É um regabofe!

Sabendo-se que com o próximo Orçamento os municípios vão sofrer grandes cortes financeiros, talvez seja esta a altura para aplicar aquele célebre ditado que diz que “a necessidade aguça o engenho”. Em Oliveira do Hospital, por exemplo, a câmara municipal – em funções há sensivelmente um ano – tem também que começar rapidamente a reduzir a sua fatura das despesas.

O que também é preciso é ideias e imaginação, porque as novas tecnologias – há Velhos do Restelo a não quererem entender isso – são atualmente um dos nossos principais aliados para a prática de uma gestão mais verde e com muito menos desperdícios.

Nas linhas seguintes, passo a dar só um exemplo concreto de como Oliveira do Hospital poderá reduzir a sua fatura energética. O que é preciso é que haja aquilo que moveu o presidente do Chile, Sebastián Piñera, no resgate dos seus mineiros: “Decisão, Convicção e Rapidez”. O resultado, é o que se conhece!

Em Oliveira do Hospital – julgo que não ando assim tão distraído, e isto é um pequeníssimo mas importante exemplo – nunca vi um único semáforo alimentado a energia solar, que é de borla. No entanto, essa tecnologia está já hoje presente em inúmeros municípios do país.

Nos edifícios públicos locais, quantos é que têm painéis solares e em quanto é que se poderia reduzir a fatura energética com a implementação dessas novas energias?

Hoje, num país que gasta anualmente 150 milhões de euros em iluminação pública a uma empresa como a EDP, há programas de eficiência energética a que importa aderir rapidamente. No fim de um ano, poupa-se muito dinheiro.

Este é só um pequeníssimo exemplo, mas como dizem os antigos “quem não poupa água e lenha, não poupa nada que tenha”.

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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