Home - Opinião - «Parque dos Marmelos» reabriu ao público. Mas sem marmeleiros, sem marmelos, logo sem marmelada desde a origem… Autor: Carlos Martelo

«Parque dos Marmelos» reabriu ao público. Mas sem marmeleiros, sem marmelos, logo sem marmelada desde a origem… Autor: Carlos Martelo

Está finalmente reaberto ao público o requalificado “Parque dos Marmelos” após execução de um projeto de iniciativa camarária que está anunciado (à entrada do Parque) custar 478.953, 27 euros ao todo e que tem uma comparticipação «europeia» de 407.110, 28 euros (do tal «FEDER, Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional»), o que dá um muito razoável co-financiamento da União Europeia na ordem dos 85%. A dada altura, chegámos a ouvir que esta obra custava bem mais também porque sofreu atrasos de execução…. Será mesmo assim? E esta é a primeira informação a dar. Outra é a que «só» vai ser inaugurado para o mês que vem. Quer dizer, há aqui uma inovação: primeiro, abre-se o Parque ao público e só depois é que se inaugura (?!).  Qual a razão para isso?  Alguma haverá…

Poeta de talento fora eu e diria agora: «mais vale usufruí-lo do que julgá-lo mas julgue-o quem não pode usufruí-lo» (sábio Camões!) …

E usufruí-lo é entrar nele, apreciá-lo e nele gozar suas ofertas (amando-o ou não).  E de facto quem não puder fazer isto pois que o imagine (julgue).

Ei, menos especulação! Voltemos à realidade…

Fica o «Parque dos Marmelos» – nome hoje alegórico – situado entre os edifícios das Escolas Preparatória e Secundária e a «Ribeira de Cavalos» e com um dos topos, o da entrada e saída normais, junto ao complexo das Piscinas Municipais. É portanto um Parque urbano instalado numa base natural.

Para quem se lembrar, há muitos anos já, os terrenos que ocupa ou pelo menos parte deles, foram comprados pela Câmara de então alegadamente para também lá ser instalado um «Parque de Campismo e Caravanismo» o qual, porém, acabou por «emigrar» para o Senhor das Almas onde está, no ruído, à beirinha da Estrada da Beira. E por aqui ficou adiado o atual e recuperado «Parque dos Marmelos».  Mais vale tarde que nunca!

Em geral, pode considerar-se como agradável o que lá vamos encontrar. Há árvores, há verduras, há atrativos vários, até há a «Ribeira de Cavalos» com um leito empedrado e com águas (quando as tiver…) pretensamente promovidas a «espelhos de água» embora, mais do que provavelmente, nunca o venham a ser de facto.  Oxalá nos enganemos mas nem sequer será necessário esperar muito até serem manchadas as (poucas) águas da «Ribeira de Cavalos», pelas descargas poluentes saídas de onde bem se sabe mas que não têm sido oficialmente impedidas de sair de lá (de tempos a tempos) …  Entretanto, é necessário cuidar do «canal» em que foi transformada esta Ribeira que os líquens e outras plantas invasoras vão invadi-lo e cobri-lo aliás tal como já por lá se pode ver.  Neste contexto, e entre outras, há uma planta de jardim muito conhecida – o «jarro» – que é um bom «método» natural a cultivar ali pois os «jarros» são bons para captar e reciclar a água.

«Parque dos Marmelos» precisa de também ter marmeleiros…

Mas onde a «bota não bate com a perdigota» é o não encontrarmos marmeleiros (parece haver dois ou três por lá, ainda pequenos), os quais dariam os marmelos – é nome de batismo do Parque – mas que assim não há.  E não havendo marmelos, não há marmelada desde a origem (com ou sem açúcar) …  Ora, um Parque como este, com o nome que lhe puseram, fresco e aconchegante como está mas sem hipótese próxima de haver «marmelada» desde a origem, perde logo um «atrativo» essencial, entendamo-nos…  E, para isso, também nem sequer teria que englobar sítios mais recônditos a proporcionarem espaços e ambientes para aquilo a que os jovens bastas vezes designam como «pinódromos», por irem para lá nos automóveis e neles permanecerem «entretidos» …  Reconheça-se, todavia, e sem falsos pudores, ser esta uma interessante valência sempre a considerar…  Aliás, dessa forma, mais ainda ficaria justificado o investimento público feito neste Parque…  Viva a vida e aquilo que de melhor ela pode ter!

De qualquer forma, tal como está e onde está situado este «Parque dos Marmelos» (e mesmo ainda não tendo marmelos-fruto), sempre vai dar para por lá se interpretar, com atos adequados à circunstância, aquela cantiga «Azar na Praia» com os conhecidos versos:   – «Como é que eu hei-de me ir embora? Com as perninhas todas à mostra e os marmelinhos quase de fora?»…  Estimulante metáfora! «Avé Juventude! – os menos jovens te saúdam!»…

Pouca luz à noite… Discrição…Privacidade…Enfim, ambiente a convidar à «festa» …

E que não haja pois a municipal tentação em iluminar o «Parque dos Marmelos» com demasiada iluminação artificial, à noite.  Não, que isso seria estragar «o espírito» mais íntimo e mais ousado de um Parque como este, entendamo-nos de novo. Onde, então, pecado será não «pecar»!…

Outra iniciativa meritória e a recomendar é a de se lá plantar um marmeleiral (pomar de marmeleiros) e ainda que não muito grande que venha ele a ser.  Pois para além de se fazer jus ao nome de «Parque dos Marmelos», sempre vai possibilitar a recolha individualizada e informal de seus frutos – os marmelos.  Para se levar para casa… para fazer marmelada da propriamente dita.  Ou, simplesmente, para se deixarem em cima das mesas que, quando maduros, emanam um cheiro muito agradável. Aliás, nem só de «marmelada» vivem Homem e Mulher!

«Habemus marmalade» – «temos marmelada» em tradução livre para o latim para pelo menos elevar o nível linguístico…da sugestão.  E viva outra vez a metáfora!…

Carlos Martelo

 

 

Carlos Martelo

 

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